Nos bastidores do musical “Priscilla”

Produção estreia hoje (17), no palco do Teatro Bradesco

Por Adriano Conter
Atualizado em 5 dez 2016, 17h19 - Publicado em 16 mar 2012, 19h18
Priscilla, a Rainha do Deserto
Priscilla, a Rainha do Deserto (Adriano Conter/)
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Nos bastidores, prateleiras carregadas de perucas (são mais de 150), três costureiras a postos e uma atriz vestida de penas brancas dão a certeza de que as fantasias – muitas vezes construídas com objetos inusitados, como bolas e chinelos – são um personagem à parte e um dos maiores responsáveis pelo tom cômico de “Priscilla, Rainha do Deserto”.

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O musical tem estreia prevista para hoje (17) e empresta do longa-metragem homônimo de 1994 não só o roteiro, que acompanha duas drag queens e uma transexual em jornada pelo deserto a bordo de um ônibus antigo, mas a direção de arte que rendeu o Oscar de melhor figurino ao filme australiano. Na Broadway, a montagem kitsch estreou em 2011 e levou o prêmio Tony na mesma categoria.

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O transformista Mitzi, interpretado por Luciano Andrey, exige 16 trocas de roupa durante as duas horas e meia de encenação. Algumas são feitas em poucos segundos. “É preciso ser muito ágil fora de cena”, conta o ator, cansado após oito horas de ensaio e sem previsão para encerrar o dia.

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Vista por 2,5 milhões de pessoas, “Priscilla” chega ao Teatro Bradesco sob a supervisão cênica de Simon Phillips e musical de Spud Murphy, ambos responsáveis pela primeira versão do espetáculo, ainda na Austrália, em 2006.

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Para o ator Ruben Gabira, as trocas de roupa são ainda mais complicadas. Além dos figurinos, ele usa um apertado espartilho com enchimentos nos seios e nos glúteos para dar mais realismo à personagem Bernardette que, além de drag, é transexual. Sua maquiagem também é especial, mais delicada, como a de uma mulher comum durante o dia a dia. Para ficar pronto para o palco, Gabira leva cerca de duas horas se preparando.

O trio de protagonistas também tem de passar por trocas de maquiagem. Para isso, valem-se de um truque: cada um tem uma série de máscaras com diferentes cores de sombra que podem ser substituídas rapidamente e ficam imperceptíveis aos olhos da plateia.

Além do figurino, outro destaque é a tecnologia empregada no espetáculo, que também precisa estar em sintonia com a equipe de 27 atores. Durante os ensaios, Phillips interrompe tudo porque um elevador não subiu rápido o suficiente ou porque Priscilla estacionou alguns metros adiante do que deveria. O ônibus é a maior engenhoca em cena. Possui 30.000 luzes de LED e exigiu que o palco fosse reforçado para receber o veículo de R$ 2,6 milhões.

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Ensaiar tudo exaustivamente fez o ator André Torquato, de 18 anos, perder peso. O ator que interpreta Felicia e é o mais novo dos protagonistas. “A cada prova, o figurino fica um pouco mais largo”, conta, no camarim, enquanto come um hambúrguer no intervalo da preparação.

Torquato faz seu primeiro grande papel no teatro após ter atuado como coadjuvante em “Gypsy” e “As Bruxas de Eastwick”. Com facilidade para o canto, o jovem diz ter ficado nervoso quando soube que a primeira fase do teste de elenco, em maio do ano passado, avaliava a habilidade de dançar dos candidatos.

Gabira, por outro lado, afirma ter ficado mais tranquilo. Ele diz que o trabalho foi como uma intuição confirmada. “Quando assisti ao filme, fiquei tão impressionado que tive a certeza de que interpretaria Bernadette algum dia no teatro.” Para construir seu personagem, ele conversou com drag queens e transexuais. “Ela é a personagem mais madura e feminina dos três, foi preciso mergulhar.”

Pop, o musical tem hinos GLS como “It’s Raining Men” e “Say a Little Prayer”, que ganharam arranjos repletos de vocais, que ajudam a criar o clima festivo. “Always on My Mind”, “True Colors”, “Material Girl” e “Hot Stuff” também fazem parte do repertório. “Priscilla” seria então um espetáculo gay? Gabira nega, enfaticamente. “A história é universal, uma celebração à vida.”

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