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MP propõe setor com torcida mista nos clássicos paulistas

Prorrogada até 2017, a adoção da torcida única nos clássicos do futebol paulista completa um ano no próximo mês

Por Estadão Conteúdo
12 mar 2017, 09h01

A adoção da torcida única nos clássicos do futebol paulista como maneira de evitar a violência das torcidas organizadas completa um ano no próximo mês, sem data para acabar – inicialmente, a medida iria vigorar até dezembro passado, mas foi prorrogada até o fim de 2017.

No entanto, surge uma possibilidade de flexibilização. Está sendo formulada, em fase inicial, proposta para a introdução da torcida mista, nos moldes do que ocorre no Rio Grande do Sul no clássico Gre-Nal.

Adotada em 4 de abril de 2016, dia seguinte à morte de um senhor de 60 anos em uma praça do bairro de São Miguel horas antes de um Corinthians e Palmeiras disputado no Pacaembu – era transeunte e levou um tiro durante briga entre organizados –, a torcida única tem “aprovação constrangida” de autoridades e dirigentes. A medida é considerada necessária para conter a violência. Mas também há concordância de que tira o brilho dos estádios e vai contra a cultura do futebol.

A iniciativa de propor a criação de espaço nos estádios a ser dividido por torcedores de duas equipes é do Ministério Público, órgão que bancou, junto com a secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a introdução da torcida única. “Estamos estudando como buscar alternativa para trazer o torcedor de volta e poder ter duas torcidas nos estádios”, revelou ao Estado o promotor do Juizado Especial Criminal, Paulo Castilho.

Ele afirmou que “em breve” vai se reunir com o secretário de Segurança Pública, Mágino Barbosa Filho, com o presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, e com dirigentes, e sugerir que se crie essa “zona mista”. O encontro, ainda sem data, pode ser o primeiro passo para a flexibilização.

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Mal necessário

Os defensores da torcida única encaram a restrição como um mal necessário. Citam números positivos, como a melhora do público. De acordo com Castilho, após a medida aumentou em 11% a presença de mulheres e crianças nos clássicos, em 20% a média de público e o efetivo policial envolvido nos jogos foi reduzido em 150 homens. A secretaria de Segurança Pública, em nota, afirmou que foi observado queda de 75% nos embates de torcidas.

A restrição também visou mexer no caixa das torcidas. “As pessoas analisam a torcida única como o simples fato de ter apenas uma torcida em um estádio e não como um todo”, queixa-se Castilho. “Só a torcida única não resolve o problema, mas tem outras implicações: num dia de clássico a torcida visitante ganha muito dinheiro com a caravana, com os ingressos que ela pega mais barato ou até ganha do clube, com camisas que vende… Então primeiro já se penaliza eles no bolso.”

Ele considera que, hoje, a situação está “favorável, controlada” pois os confrontos entre os organizados passaram a ser esporádicos. Uma morte por briga entre torcedores foi registrada em setembro: um corintiano foi espancado por palmeirenses. O crime foi em Itapevi, 60 quilômetros distante do Itaquerão, onde os dois times jogaram.

Para Castilho, o grande problema é o esgotamento do modelo atual de torcida organizada. “O modelo sucumbiu. Eles estão ligados à violência. Tem gente do crime organizado infiltrada em torcida. Não dá para defender o indefensável.”

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A FPF, porém, diz aceitar a determinação a contragosto. “A Federação Paulista de Futebol não enxerga na aplicação de torcida única a solução para o problema da violência no futebol” posicionou-se por nota, em que informa ter pedido ao MP a revisão da medida, “sem sucesso”.

Os clubes mordem e assopram. “O fato positivo é que de imediato parece que resolve”, diz o diretor de futebol do Corinthians, Flávio Adauto. “Mas o que importa é o longo prazo, aí vem o negativo. Não se está plantando para o futuro algo que vai dar estabilidade. Acho que deveria ter as torcidas juntas.”

Para o presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva a medida “acabou sendo uma solução que a segurança (pública) encontrou para tentar equacionar a problemática da violência”. No entanto, define a situação como “lamentável” e gostaria de jogos com duas torcidas. Maurício Galiotte, presidente do Palmeiras, diz ser “esportivamente contra a torcida única”, mas que “é muito difícil argumentar contra os números que apontam queda importante da violência”.

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