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Moradores reforçam a vigilância no Morumbi por conta própria

Grupo instalou câmeras nos postes e contratou segurança armada para monitorar as ruas do bairro

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 out 2017, 06h00 - Publicado em 27 out 2017, 06h00

Há cerca de um mês, um grupo de moradores do Morumbi se organizou para iniciar um amplo sistema de monitoramento das vias da região. A um custo de 2 000 reais, rateado por oito vizinhos, a Avenida Lopes de Azevedo ganhou as oito primeiras câmeras, cada uma responsável pela cobertura de um trecho de 200 metros do local. Trata-se de equipamentos mais modernos  que os tradicionais encontrados em outros pontos da capital.

Todas as imagens captadas por eles — como de placas de veículos que circulam no entorno, por exemplo — são enviadas em tempo real tanto para aplicativos instalados nos celulares dos moradores como para o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), no centro. Além disso, as cenas não ficam guardadas no interior dos dispositivos, como ocorre nos modelos comuns, mas na “nuvem”, como é conhecido o sistema moderno de armazenamento de dados na web.

“Muitos criminosos, ao invadirem uma residência, tentam inutilizar os aparelhos para evitar registros”, explica o advogado Marcelo Reis Lobo, presidente da Sociedade Amigos da Cidade Jardim. A ideia é espalhar a iniciativa a outros sessenta logradouros do bairro, em um total de 1 500 monitores, até o fim do ano. O custo total chegará a 120 000 reais.

O investimento faz parte de uma série de ações dos moradores para superar uma crescente sensação de insegurança no Morumbi. Apesar de o bairro não enfrentar uma epidemia de violência — neste ano foram registrados doze homicídios, 4,4 para cada 100 000 habitantes, metade da média da capital —, episódios de repercussão na mídia o têm posto em evidência.

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Ação policial em setembro deste ano: dez assaltantes mortos (Marcelo Gonçalves/Estadão Conteúdo)

Em setembro, por exemplo, policiais mataram dez homens prestes a assaltar uma mansão na Rua Puréus. A isso somam-se ainda outros problemas que transtornam o dia a dia de quem vive por ali e ajudam a desvalorizar a região, como pancadões e prostituição (veja no quadro abaixo).

“Tento vender minha casa há quatro anos”, diz o advogado Eduardo Oliveira, cuja residência, próxima ao Jockey Club, é avaliada em 6 milhões de reais. Vias como a Joaquim Cândido de Azevedo Marques e a Adalívia de Toledo têm várias placas de ofertas imobiliárias.

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Alguns vizinhos estão apostando em uma medida mais radical para se proteger: a contratação de segurança privada armada, geralmente oferecida por policiais civis e militares de folga. O serviço inclui ronda 24 horas e recepção personalizada nas residências. No caso, o morador avisa ao se aproximar de casa e uma dupla de agentes o espera ao lado do portão.

Casa à venda: desvalorização imobiliária (Antonio Milena/Veja SP)

Cada viatura, que leva dois homens em média, sai a cerca de 20 000 reais por mês, custo dividido entre os habitantes da rua. “Acho até barato”, afirma uma moradora, que paga 2 000 reais pela sua parte no rateio e pede para não ser identificada. “Eu havia deixado de sair de casa e de receber visitas, por medo de assalto.”

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Na semana passada, a reportagem de VEJA SÃO PAULO listou pelo menos trinta rondas do tipo atuando naquele pedaço. A estratégia, no entanto, é irregular. De acordo com uma lei federal de 1983, vigias só podem trabalhar armados no interior de terrenos e prédios privados. “Essa situação é um perigo, são pessoas que não têm a responsabilidade de seguir protocolos de segurança”, alerta o coronel da reserva José Vicente da Silva.

A polícia diz que atua para coibir a prática. “Realizamos abordagens e quem é pego com revólver vai preso. Se for um PM, responde a processo administrativo”, afirma o major da Polícia Militar Marcelo Tasso, um dos responsáveis pela área.

Zonas problemáticas

Alguns dos principais transtornos para quem vive na região

Escuridão
Mal iluminadas, vias como a Joaquim Cândido de Azevedo Marques e a Barão do Melgaço são um prato cheio para a ação dos bandidos.

Pancadão em favelas
O Real Parque tem festas constantes nos fins de semana. Em setembro, operação da PM chegou a retirar de lá um palco e uma churrasqueira de alvenaria instalados na calçada.

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Prostituição no Jockey Club
Nudez de travestis e tráfico de drogas afugentam interessados em comprar imóveis no pedaço. As ruas Lopes de Azevedo e Carpina estão entre as mais atingidas.

Trânsito
As ruas Doutor Francisco Tomás de Carvalho (conhecida como “ladeirão”) e Doutor Alberto Penteado são propícias para arrastões devido aos congestionamentos nos horários de pico, quando há engarrafamentos de até 2 quilômetros.

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