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Morre mulher trans que foi deixada sedada em clínica durante incêndio

Já inconsciente, Lorena iria colocar próteses de silicone quando local pegou fogo; segundo familiares, ela foi abandonada e inalou fumaça por sete minutos

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
22 fev 2021, 15h21

Lorena Muniz, uma mulher trans de 25 anos, morreu no domingo (21) no Hospital das Clínicas de São Paulo. Ela estava internada em estado grave desde quarta-feira (17) e teve morte cerebral confirmada pelos médicos. 

Lorena passaria por cirurgia para a colocação de próteses mamárias em uma clínica na Liberdade, centro de São Paulo. Ela já estava sedada para o procedimento quando começou um incêndio, ocasionado por um curto-circuito no ar condicionado do local. Todos os pacientes e funcionários saíram do imóvel a tempo, mas Lorena foi deixada para trás.

A jovem foi resgatada pelos bombeiros e levada para o pronto-socorro do Hospital das Clínicas. Washington Barbosa, marido de Lorena, disse em postagens nas redes sociais que sua esposa inalou fumaça por sete minutos antes de ser socorrida, o que afetou sua oxigenação cerebral. 

“Sou casado há quase seis anos com uma mulher trans, que tinha o sonho de colocar silicone. Ela foi a São Paulo realizar a cirurgia com um médico bem famoso entre mulheres trans. Houve um curto-circuito na clínica na última quarta-feira (17), quando ela foi fazer a cirurgia. O ar condicionado pegou fogo, todos saíram correndo, ela ficou lá, sedada, inalando fumaça. Chegou a ficar sete minutos inconsciente, e isso gerou prejuízo na circulação do oxigênio no cérebro dela, e agora ela não está reagindo”, disse Washington.

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Washington chegou a São Paulo no sábado (20) vindo do Recife. Ele teve ajuda financeira da deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL) e da vereadora Erika Hilton (PSOL).

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“A morte cruel de uma travesti não é um espetáculo. É uma dor que dói em todes nós que por um triz não fomos vítimas da mesma tragédia”, lamenta Erika, a 1ª vereadora trans e negra da cidade de São Paulo em um de seus posts nas redes sociais sobre o caso. Ela também disse que irá “até o fim pela responsabilização dos culpados”.

No domingo, após a confirmação da morte, a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) emitiu uma nota de luto pela morte de Lorena. No texto, a associação afirma que “este não é um caso isolado”, que Lorena é “mais uma vítima da opressão de gênero, da pressão estética cissexista e do descaso do estado nos cuidados da saúde específica da população trans”. 

Investigação

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a equipe de uma agência de energia elétrica realizava uma manutenção na rua quando ocorreu uma explosão dentro da clínica, dando início ao incêndio. O caso é investigado como incêndio com lesão corporal culposa. A SSP diz que foi solicitada perícia no estabelecimento e também exame de corpo de delito.

Outro lado

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O advogado da clínica Paulino Plástica Segura informou que Lorena não ficou desassistida durante o incêndio, como acusa a família da paciente.

“Havia dois auxiliares de enfermagem que tentaram retirar a paciente, mas na esquina vinha vindo uma viatura e ela já interviu para que eles não entrassem lá e aguardassem o Corpo de Bombeiros”, disse o advogado Daniel Santana Bassani.

“Nós tentamos de tudo para retirar a paciente, mas os policiais militares, de forma coerente, não permitiram que fosse retirada por pessoas que não tinham capacidade para isso. Os bombeiros entraram e retiraram [Lorena]”.

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