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“Tenho um namoro eterno com São Paulo”, diz Moraes Moreira

Artista faz apresentação inédita no Bar Brahma para comemorar 50 anos de carreira

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 26 fev 2018, 15h09 - Publicado em 26 fev 2018, 15h08

Em meio século de carreira, Antônio Carlos Moraes Pires, ou apenas Moraes Moreira, flertou com ritmos tão distintos quanto frevo, choro, rock e baião. Nos anos 70, foi um dos líderes dos Novos Baianos, grupo responsável pela façanha de misturar influências como Jimi Hendrix e o som dos trios regionais brasileiros. Depois de deixar a banda, que revelou também talentos como Baby Consuelo, Pepeu Gomes e Dadi, continuou fazendo sucesso na carreira solo. Poucos artistas podem enfileirar em uma apresentação tantos hits de sua autoria, de Preta, Pretinha (em parceria com Luiz Galvão) a Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira (com Pepeu Gomes). Depois de tudo isso, é hora de o setentão diminuir a velocidade, certo? De jeito nenhum. “Estou a mil por hora”, diz Moreira. “Continuo cheio de projetos e fazendo música sobre tudo.” Sua nova investida é um show intimista no Bar Brahma, no dia 4 de março, a partir das 21h, o primeiro que realizará em um dos palcos mais tradicionais da cidade (há quase um ano ele também não faz uma apresentação solo em São Paulo). Os ingressos custam 60 reais e os lugares devem ser reservados pelo telefone 2039-1250.

Na entrevista a seguir, Moraes fala do repertório que preparou para a apresentação, detalha as influências musicais e literárias que forjaram a sua obra e comenta a relação com a maior cidade do país. “Tenho um namoro eterno com São Paulo.”

Como será o show no Bar Brahma?         

O show vai ser basicamente Moraes Moreira e violão. Mas vai ter também a participação de um sanfoneiro muito bom, da nova geração, chamado Rafael Meninão. Ele toca com Elba Ramalho. Mas já tocou comigo, saiu e agora vai fazer essa participação.

Os palcos do Brahma oferecem a possibilidade de apresentações intimistas. Será assim com você também?

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Sim, vai ser um show de bastante proximidade com o público, como se eu estivesse em casa, bem à vontade. Vai ter declamação de cordel, pelo menos três. Um em homenagem a Luiz Gonzaga, outro sobre os Novos Baianos e mais um sobre todas as minhas fontes na literatura.

Que fontes são essas?

Ah, essa turma boa: Machado de Assis, Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Carlos Drummond, João Ubaldo, Castro Alves, Ariano Suassuna, Oswald de Andrade. Ou seja, vai ser um show diferente, com música e poesia.

Que repertório irá apresentar?

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A história é a seguinte: o show fala das influências que tive ao longo da vida. No começo, o cordel, com Luiz Gonzaga, que foi uma grande influência. Lá no interior, eu ouvia Luiz Gonzaga no alto falante da cidade, e isso me marcou muito. Depois vou cantar Jackson do Pandeiro e também Cajuína, do Caetano. Vou pegar todas as experiências que tive e fazer como se eu me apoderasse das músicas. Preparei esse show porque não posso deixar minha carreira solo parar.

E as suas canções?

Aí depois entram as minhas canções. Quero mostrar que tenho uma lógica, apresentar o lugar onde tudo começou, falar das fontes que bebi. Deixar minha obra muito explicada, desde a origem. Certamente vou cantar alguma inédita ou até duas. E, claro, vou tocar o que o povo pedir. Vai ser uma noite linda.

É a primeira vez que você se apresenta no Bar Brahma?

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Sim. Voltar a São Paulo é sempre muito bom. A esquina da Avenida Ipiranga com a São João, onde fica o Brahma, eternizou também os Novos Baianos, que ajudei a criar. Então nesse show quero mostrar toda a ligação entre a Bahia e São Paulo. Quero tocar muito Adoniran Barbosa pra homenagear o povo de São Paulo.

Como é a sua relação com a maior cidade do país?

Eu morei aqui, então tenho um namoro eterno com São Paulo. Estou sempre voltando de alguma forma, trazendo novidade, uma música nova. Sou muito grato a São Paulo. 

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Você falou sobre a literatura de cordel. Conte um pouco mais sobre a importância dela na sua vida.

Desde o ano passado faço parte da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, ocupando a cadeira número 38. É muito bom ter contato com o cordel. Ele exige muita disciplina, porque é preciso ficar atento a cada sílaba, pensar na métrica, na rima. Tem muito rigor. É uma cultura que vem de Camões, de Shakespeare. O cordel chegou no Brasil e fez a cultura do Nordeste. Fez gente que não sabia ler aprender as coisas da vida.

Aos 70 anos, você continua bastante ativo.

Estou a mil por hora, cheio de projetos. Continuo fazendo muitas músicas sobre tudo, São João, Copa do Mundo, futebol. Toquei no carnaval de Salvador. A música desse ano que o Monobloco cantou, chamada “Amor de Carnaval”, era minha. Tenho música para dois álbuns completos. Sigo com o mesmo pique de quando comecei.

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A turnê com os Novos Baianos continua?

Já percorremos todo o Brasil, então agora continuamos, mas fazendo tudo com mais calma. O retorno do público tem sido maravilhoso, principalmente pela presença de jovens cantando todas as músicas. Estamos preparando um disco de inéditas que será lançado no ano que vem.

O que acha do atual cenário musical brasileiro?

Não cabe a mim avaliar porque eu também faço parte da música. Mas tem muita coisa boa. Tem o BaianaSystem, uma turma muito interessante que vem da tradiç��o da guitarra baiana. E muitas outras coisas mais.

Moraes Moreira no Bar Brahma
Domingo (4), às 21h
Ingressos: R$ 60,00
Reservas: telefone 2039-1250

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