Katylin Lucy Honorato: “Meu irmão sofreu quatro overdoses”
A dona de casa de 32 anos é moradora da Vila Formosa, na Zona Leste
“Não tenho paz. Trouxe ao Cratod exames e atestados para comprovar que meu irmão é viciado em crack, como um raio X que mostra o pulmão debilitado, tomado por manchas escuras. Ele tem 22 anos e começou a usar drogas aos 11. Já foi internado três vezes e sofreu quatro overdoses. Parece uma caveira ambulante: magro, alto e sujo. Quando fuma pedra, fica no escuro, feito um bicho. Usa como desculpa pelo vício o fato de o pai ser ausente, um chileno que abandonou a família e voltou para o seu país. Em dezembro, fiz vaquinha para que meu irmão o visitasse em Santiago. Arrecadei 1.000 reais, e ele embarcou em um avião. Mas voltou após roubar o pessoal de lá. Assim que chegou, fez uma feira na frente de casa, vendeu os objetos e gastou todo o dinheiro com droga. Minha mãe está com síndrome do pânico. Ela diz: ‘Se eu dei vida a esse garoto, também posso tirá-la’. Hoje, ela está no interior de São Paulo, para não encontrá-lo. Meu irmão tem duas filhas, uma de 4 anos e a outra de 1 ano. Para ele, a pedra é mais importante do que elas.”
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