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Metade dos espetáculos em cartaz em São Paulo é comédia

Os Homens São de Marte... e É pra Lá que Eu Vou!, Amigas, Pero No Mucho ou Carro de Paulista são alguns dos sucessos em cartaz

Por Dirceu Alves Jr
Atualizado em 6 dez 2016, 09h04 - Publicado em 18 set 2009, 20h33

A maior estrela da temporada teatral paulistana traz a comédia no sangue. Foi com o pai, o ator Procópio Ferreira, que Abigail Izquierdo Ferreira, a Bibi, conheceu os segredos que levam a platéia ao riso. Lição que ela aprendeu como poucos artistas e já deu o privilégio de comprovar a mais de 28 000 pessoas com o espetáculo Às Favas com os Escrúpulos. Escrita por Juca de Oliveira e dirigida por Jô Soares, a comédia arranca gargalhadas da platéia. “O ser humano não pensa para rir”, afirma Bibi, que voltou ao gênero como atriz depois de 48 anos dedicados apenas aos musicais. “Por isso, o teatro de comédia sempre foi o preferido do público. É o melhor remédio.”

Filas nas bilheterias e temporadas prorrogadas só endossam a afirmação da diva do teatro brasileiro. Em São Paulo, o negócio é ver e produzir comédia. Dos mais de oitenta espetáculos em cartaz, metade pretende divertir. Veja São Paulo selecionou dez montagens que caíram no gosto dos paulistanos por sua capacidade de fazer rir. Algumas são produções despretensiosas, como Os Homens São de Marte… e É pra Lá que Eu Vou!, Amigas, Pero No Mucho ou Carro de Paulista, que conquistaram muitos espectadores graças ao boca-a-boca. Outras se tornaram clássicos, caso de Trair e Coçar… É Só Começar, em cena há dezoito anos. Sua Excelência, o Candidato e Motel Paradiso, também dos anos 80, voltaram ao cartaz transbordando atualidade ao enfocar com humor nossas mazelas políticas. Textos ágeis, elencos competentes e enredos de fácil identificação são ingredientes comuns desses espetáculos. O resultado? Boas risadas do começo ao fim.

Big Brother do mundo corporativo

Quatro executivos são capazes de qualquer coisa para conquistar um cargo no alto escalão de uma empresa. O texto do espanhol Jordi Galcerán é versátil, adapta-se ao drama ou à comédia. Para a montagem brasileira de O Método Grönholm, o diretor Luiz Antonio Pillar optou por satirizar o ridículo a que muitas pessoas se submetem em nome de um objetivo. “Curioso é que no México e em Portugal, onde a peça foi encenada como drama, o sucesso não foi o mesmo”, afirma Pillar. Em um dos momentos campeões de gargalhadas, os candidatos participam de uma dinâmica de grupo em que são obrigados a fazer imitações. A executiva vivida por Taís Araújo encarna uma palhaça, enquanto os personagens de Lázaro Ramos e Edmilson Barros representam, respectivamente, o papa e um político. Ângelo Paes Leme, por sua vez, muito divertido como o candidato homossexual, tem a missão de incorporar um sedutor toureiro. O espectador ainda entra no suspense para decifrar quem será o dono do emprego.

Teatro das Artes (796 lugares). Shopping Eldorado, tel: 3034-0075. Sexta, 21h30; sábado, 19h e 21h30; domingo, 19h. R$ 60,00 e R$ 80,00 (sex.); R$ 70,00 (sáb., às 19h); R$ 70,00 e R$ 90,00 (sáb., às 21h30, e dom.). Bilheteria: 14h/20h (ter. a qui.); a partir das 14h (sex. a dom.). Cc.: D, M e V. Cd.: R e V. FP, TM. Estac. (R$ 4,00 por quatro horas). Até 28 de outubro.

Uma balzaca louca para desencalhar

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“Quem precisa de homem?”, pergunta a balzaquiana Fernanda, personagem de Mônica Martelli em Os Homens São de Marte… e É pra Lá que Eu Vou!, com um tom que imita a voz de sua mãe. “Eu preciso!”, responde a própria, imediatamente, seguida de gargalhadas da platéia. Depois de dois anos em cartaz no Rio de Janeiro, a atriz superou o desafio de agradar também aos paulistanos. Mais de 35.000 pagantes já se renderam por aqui aos apuros da trintona em sua busca por um casamento. “Passei por isso e sei o que a personagem sente”, diz Mônica, 39 anos, que escreveu o monólogo, cheio de piadas previsíveis, durante os três anos em que viveu atrás do príncipe encantado. Mas isso foi no passado. Ela está de malas prontas para morar (em um apartamento de quatro quartos no Leblon) com o produtor Jerry Marques, seu noivo há quatro anos. Pelo que se vê, não é só o público que tem encontrado motivo para rir.

Teatro Procópio Ferreira (670 lugares). Rua Augusta, 2823, Jardim Paulista, tel: 3083-4475. Acesso a deficientes. Sexta e sábado, 21h30; domingo, 19h. R$ 50,00 (sex. e dom.) e R$ 60,00 (sáb.). Bilheteria: 14h/19h (ter. a qui.); a partir das 14h (sex. a dom.). Cc.: M e V. Cd.: R e V. FP. Até 14 de outubro.

Eles usam salto alto

Os atores Elias Andreato, Claudio Fontana, Leopoldo Pacheco e Romis Ferreira, de salto agulha, boca vermelha e peruca, já garantem o riso. Mas esses não são os únicos ingredientes para Amigas, Pero No Mucho, escrita por Célia Regina Forte, ter conquistado uma heterogênea platéia no primeiro semestre – a peça volta ao cartaz no próximo dia 28. As contraditórias situações vividas por quatro quarentonas ganham maior comicidade ao retratar mulheres com histórias familiares ao espectador. “As pessoas riem mesmo quando uma debocha da infelicidade da outra”, conta Célia Regina.

Teatro Shopping Frei Caneca (600 lugares). Shopping Frei Caneca, 6º andar, tel: 3472-2229. Terça, 21h. R$ 40,00. Bilheteria: 13h/21h (ter. a sáb.); 13h/19h (dom.). FP. Estac. (R$ 4,00 por duas horas).

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Até 9 de outubro.

Mesmo que Marisa Orth e Murilo Benício insistam em reproduzir os personagens vividos no seriado Sai de Baixo ou na novela Pé na Jaca, a peça Fica Comigo Esta Noite lota quatro sessões semanais. Em cartaz há onze meses pelo Brasil, a montagem, sobre a mulher que vela o marido na própria cama do casal, já divertiu 200.000 pessoas, 10.000 delas em São Paulo. “As comédias são engraçadas porque trazem variadas situações do cotidiano sempre com um pouco de exagero”, acredita o autor Flávio de Souza.

Teatro Folha (305 lugares). Shopping Pátio Higienópolis, tel: 3823-2323. Acesso a deficientes. Sexta, 21h30; sábado, 20h e 22h; domingo, 19h30. R$ 60,00 (sex. e dom.) e R$ 70,00 (sáb.) Bilheteria: 15h/21h (ter. a qui.); 13h/21h30 (sex.); 12h/22h (sáb.); 12h/20h (dom.). Cc.: M e V. Cd.: R e V. Até 16 de setembro.

Recorde dos palcos

Trair e Coçar… É Só Começar, de Marcos Caruso, é um festival de gargalhadas e números impressionantes. A peça estreou em 1986, no Rio de Janeiro, e veio para São Paulo três anos depois. Desde então, 5,5 milhões de pessoas assistiram ao espetáculo no Brasil inteiro, sendo 3,5 milhões só no estado de São Paulo. As trapalhadas da doméstica Olímpia – já interpretada por onze atrizes e atualmente vivida por Anastácia Custódio –, que envolve seus patrões em mirabolantes histórias de adultério, também chegaram ao cinema em 2006. O produtor Radamés Bruno descreve a comédia em uma frase: “É um fenômeno!”.

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Teatro Folha (305 lugares). Shopping Pátio Higienópolis, tel: 3823-2323. Acesso a deficientes. Quarta e quinta, 21h. R$ 14,00. Bilheteria: 15h/21h (ter. a qui.); 13h/21h30 (sex.); 12h/22h (sáb.); 12h/20h (dom.). Cc.: M e V. Cd.: R e V. Ingressos antecipados, tel: 3823-2737. Até 20 de setembro.

Carona na despretensão

Um texto divertido, elenco jovem entusiasmado e praticamente zero de verba. Se a falta de dinheiro tivesse desmotivado os autores Alessandro Marson e Mário Viana e o diretor Jairo Mattos, possivelmente Carro de Paulista não teria chegado aos palcos. Bastaram 800 reais para que o despretensioso espetáculo estreasse em 2003 e jamais saísse de cartaz, atraindo sobretudo os adolescentes. A aventura de quatro rapazes, que partem da Zona Leste em um carro velho emprestado para paquerar as garotas descoladas dos Jardins, passou por doze teatros em temporadas sempre prorrogadas.

Teatro Maria Della Costa (370 lugares). Rua Paim, 72, Bela Vista, tel: 3256-9115. Acesso a deficientes. Sexta, 21h30; sábado, 21h; domingo, 19h. R$ 10,00 (sex.), R$ 20,00 (dom.) e R$ 30,00 (sáb.). Até 30 de setembro.

Maracutaias políticas

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Jandira Martini, autora de Sua Excelência, o Candidato ao lado de Marcos Caruso, tem na ponta da língua a justificativa para o sucesso do espetáculo: “O Brasil já é uma perfeita comédia”. O texto de 1985 apresenta um surpreendente frescor na montagem de Alexandre Reinecke, que já passou pelo Rio de Janeiro e por Portugal. Trapaças políticas de um jovem candidato prestes a disputar uma eleição fazem o público rir muito.

Teatro Renaissance (448 lugares). Alameda Santos, 2233, Cerqueira César, tel: 3188-4147, Metrô Consolação. Acesso a deficientes. Sexta e sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 60,00 (sex. e dom.) e R$ 70,00 (sáb.). Bilheteria: 14h/20h (ter. a qui.); a partir das 14h (sex. a dom.). Até 29 de outubro.

Dona-de-casa traída

Uma gravidez inesperada e uma carteira de identidade em mãos erradas desencadeiam a crise da dona-de-casa Lurdes (Bárbara Bruno), ao descobrir que o marido tem um caso com a mulher do presidente do banco onde trabalha. Escrita em 1980 por Juca de Oliveira, Motel Paradiso foi atualizada para a montagem de Roberto Lage. “Reescrever o texto me deu a sensação de recriar minha própria obra usando o que aprendi com a comédia nestes últimos 27 anos”, diz Juca.

Teatro Bibi Ferreira (387 lugares). Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 931, Bela Vista, tel: 3105-3129. Sexta, 21h30; sábado, 21h; domingo, 19h. R$ 40,00 (sex. e dom.) e R$ 50,00 (sáb.). Bilheteria: 14h30/21h (ter. a dom.; sex. até 21h30). Até domingo (26). Reestréia prevista no Teatro Jaraguá em 7 de setembro.

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Craques do humor

“Escrevo teatro. Acaba se tornando comédia porque falo sobre a realidade, que é uma palhaçada.” A frase de Juca de Oliveira, autor e protagonista de Às Favas com os Escrúpulos, prova sua capacidade natural de arrancar gargalhadas de milhares de espectadores com peças como Meno Male e Caixa 2. Ao lado de Bibi Ferreira e Adriane Galisteu, ele interpreta um senador corrupto que se torna vítima de uma arapuca armada pela própria mulher. O ponto alto do espetáculo, dirigido por Jô Soares, é a cena de embriaguez em que Bibi deixa clara a diferença entre fazer comédia e caricatura.

Teatro Raul Cortez (522 lugares). Rua Doutor Plínio Barreto, 285, Bela Vista, tel: 3188-4141. Acesso a deficientes. Quinta e sexta, 21h30; sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 80,00. Bilheteria: 14h/20h (ter. e qua.); a partir das 14h (qui. a dom.). Cc.: todos. Cd.: todos. Até 28 de outubro.

O que elas falam no banheiro?

Todo homem quer saber o que as mulheres falam no banheiro. E, pelas filas no Teatro Gazeta, as próprias mulheres também. Walcyr Carrasco aproveitou o tema e criou a comédia Toalete. “Por seis meses fiz entrevistas em busca de histórias reais”, conta o dramaturgo. Pelo banheiro de um hotel desfilam executivas, prostitutas e até uma noiva. O público ri com as confusões. “É um direito que as pessoas têm, não? A vida está tão difícil”, diz Walcyr.

Teatro Gazeta (640 lugares). Avenida Paulista, 900, tel: 3253-4102, Metrô Trianon-Masp. Sexta, 21h30; sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 40,00 (sex. e dom.) e R$ 50,00 (sáb.). Bilheteria: 14h/20h (ter. a qui.); a partir das 14h (sex. a dom.). Até 18 de novembro.

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