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Terreno que abrigava Mercearia São Pedro terá prédio de luxo

CEO da empresa que comprou o espaço dá detalhes sobre o projeto

Por Ana Mércia Brandão
Atualizado em 26 mar 2024, 12h44 - Publicado em 26 mar 2024, 12h43

O número 34 da rua Rodesia, na Vila Madalena, onde até 26 de fevereiro funcionou a Mercearia São Pedro, terá se tornado um prédio residencial até 2027. Essa é a previsão de entrega da Habitram Empreendimentos Imobiliários, que comprou o espaço e será responsável pela obra.

A demolição do imóvel começou no dia 4 de março – exatamente uma semana após o anúncio do fechamento da “Merça”, como era conhecida por seus frequentadores. “Não é só a Mercearia, são vários lotes do lado também. Vamos unificar tudo para construir o prédio”, explica o CEO da empresa, Tony Shayo.

Serão 32 apartamentos de luxo, 2 coberturas duplex, 105 studios independentes e espaço comercial para uma loja de 225 m² no setor de alimentação. Ao todo, um espaço de 1.044,68 m² será ocupado.

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Imagens preliminares de como será o prédio. (Habitram/Divulgação)

O processo de venda começou há mais de um ano. Primeiro, a Mercearia foi comprada pela incorporadora e construtora Mitre Realty. “Eles já tinham assinado um contrato e, no final, como somos parceiros da Mitre, acabamos ficando com o terreno”, fala Shayo.

O fim do local boêmio, que por 56 anos fez parte do imaginário da capital paulista, causou comoção entre os frequentadores. A arquiteta Bruna Del Frari, moradora da rua Rodesia desde 2021, conta que, após o fim da Mercearia, restou “silêncio” nos arredores. “[A Mercearia] trazia movimento para o bairro e consequentemente segurança. Tinham mais pessoas andando pela rua e mais clima social”, diz.

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A Mercearia foi inaugurada em 1968 pelo paulistano e filho de imigrantes sírios Pedro Benuthe. No começo, o espaço era de fato uma mercearia, mas logo virou boteco, sob o comando dos irmãos Pedro e Marcos Issa Benuthe, filhos do patriarca.

O espaço chamava atenção pelas paredes repletas de pôsteres de filmes e se consolidou no imaginário popular da capital paulista como um reduto de escritores, jornalistas e artistas.

Shayo afirma que a venda partiu dos donos. “A pessoa sempre tem que querer para vender o imóvel dela”, resume.

O fim da Mercearia acende temores de moradores em relação à verticalização da Vila Madalena, o que Cássio Calazans, presidente da Sociedade Amigos da Vila Madalena (Savima), uma associação de moradores do bairro, chama de “compreensível”.

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“A Vila Madalena é conhecida por sua atmosfera única, suas ruas estreitas e sua vida cultural vibrante. A introdução de empreendimentos de luxo e o fechamento de estabelecimentos tradicionais, como a Mercearia São Pedro, podem alterar significativamente o caráter do bairro e afetar negativamente a comunidade local”, defende.

Shayo rebate. “O pessoal fala ‘especulação imobiliária, vão destruir a cidade’, mas a tendência de São Paulo é esse crescimento para cima, não tem muito para onde ir”.

O CEO enxerga a tarefa de substituir o amado ponto boêmio como uma “responsabilidade”, que levou ao desenvolvimento de um projeto que Shayo considera “à altura”. “Não estamos só demolindo. O prédio vai agregar ao bairro. Fizemos calçadas mais largas que o normal. Fizemos questão de trazer muito verde para dentro”, exemplifica.

O líder da Habitram ainda deixa uma possibilidade no ar .“Tem um espaço para loja, quem sabe não volta a Mercearia, uma filial, alguma coisa para aquele local?”.

Vejinha entrou em contato com os irmãos Pedro e Marcos Issa Benuthe, mas não obteve resposta.

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