Maximalismo desponta como tendência na CASACOR 2023; confira projetos
Estilo ganhou destaque em cinco ambientes da feira, sinal de uma mudança na relação entre as pessoas e as moradias
Após anos de reinado do minimalismo, quando valia a lógica do “menos é mais”, a CASACOR 2023, em cartaz na Avenida Paulista até 6 de agosto, revela uma inflexão dos decoradores na direção oposta: o chamado maximalismo. É um estilo que nunca desapareceu totalmente, mas ganha destaque na edição deste ano da maior mostra de arquitetura de interiores e paisagismo do Brasil.
“O maximalismo é a junção de muitos elementos de estéticas diferentes de forma harmônica”, diz Pedro Ariel, curador e diretor de Conteúdo e Relacionamento da CASACOR. “Vira e mexe, ele volta com força e novas características”, afirma.
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A onda maximalista propõe diálogos entre o clássico e o contemporâneo. É o caso do projeto de Luiz Otávio Debeus (nas fotos acima), onde a mistura de estampas e contextos históricos está em toda parte. Na sala de estar, o mobiliário coloca lado a lado uma antiga poltrona inglesa de oncinha e uma mesa de centro de Arthur Casas, enquanto o papel de parede tem desenho geométrico à moda dos anos 50. “O maximalismo é morar com as coisas que você gosta, sem medo de misturar esteticamente”, diz Debeus.
O ambiente projetado por Rodolpho Schier se apoia no mesmo critério. O arquiteto cria uma atmosfera que lembra os clássicos casarões italianos, mas com uma miscelânea de objetos. Se o mobiliário remete a palácios europeus, as peças de tapeçaria têm estampas asiáticas. “Junto com o Debeus, o Schier busca usar o maximalismo quase como uma brincadeira”, comenta Ariel.
O estilo maximalista pode ser aplicado ao paisagismo, como no espaço de Sig Bergamin, o premiado arquiteto que tem o “maximalismo por excelência”, como lembra o curador da CASACOR. Bergamin criou um grande jardim na mostra, com formas e espécies variadas de vegetação e uma fonte no centro.
Uma explicação para o retorno do maximalismo é o impacto da pandemia. “Em pesquisas, descobrimos que as pessoas têm procurado se cercar de elementos da própria história”, diz Ariel. “Ficamos mais em casa e surgiu uma tendência de usar na decoração objetos carregados de memória, tradição e afeto”, ele afirma.
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É uma tradução do projeto de Felipe de Almeida, sobrinho-bisneto do poeta modernista Guilherme de Almeida, que usa obras de arte que incluem Zélio Alves Pinto, Nicholas Malferrari e peças produzidas pela família.
Para o arquiteto Marcelo Salum, a volta do maximalismo é oportuna. No ambiente Casa do Samba, ele buscou inspiração na origem do gênero musical, com o qual tem forte conexão. “Quando pequeno, adorava as cores dos desfiles do Carnaval”, conta. A paleta tem três tons de verde e três de coral, o que se aproxima das cores da Mangueira. “Estímulos na decoração, como tons e móveis com história de família, são sempre importantes. Para mim, arquitetura é isso”, afirma.
CASACOR 2023. Conjunto Nacional, Avenida Paulista, 2073. Ter. a sáb., das 12h às 22h; dom. e feriados, das 11h às 21h. → 101 reais (inteira) e 51 reais (meia), com pacotes promocionais.
Publicado em VEJA São Paulo de 12 de julho de 2023, edição nº 2849