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Maioria dos frequentadores da Cracolândia tem mais de 5 anos na região

Cerca de 25% dos participantes da pesquisa referiram nunca ter tido uma atividade remunerada

Por Agência Brasil
Atualizado em 22 Maio 2024, 16h01 - Publicado em 18 jan 2023, 16h59
praça princesa isabel
Vista da praça Princesa Isabel quando era ocupada por dependentes químicos da Cracolândia, em março de 2022 (Clayton Freitas/Arquivo/Veja SP)
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O Levantamento de Cenas de Uso em Capitais (Lecuca) 2021/2022 mostrou que o influxo de novos frequentadores da Cracolândia, em São Paulo, em 2021, foi o menor da série histórica (20,2%), iniciada em 2016, mas que houve aumento na prevalência de frequentadores antigos (57,4%, há pelo menos cinco anos) e 39,2% (há 10 anos ou mais). Aumentou também o número de pessoas em situação de rua que responderam à pesquisa (66,3%), enquanto 41% disseram não ter rede de suporte. Desses, 40% contam apenas com os profissionais dos serviços na região.

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“A diminuição de influxo deveria ser em função de ações preventivas, mas infelizmente não temos informações [de] que essas coisas foram feitas. Então, é mais provável que a diminuição tenha mais a ver com o aumento das operações, ou seja, com a dispersão de frequentadores, para que não se concentrem nessas regiões, do que [com] segurar novos dependentes químicos para não  migrarem para a cena. Temos um dado, mas não temos comprovação de que [isso] foi causado por ações de prevenção”, afirma a coordenadora do Lecuca, Clarice Sandi Madruga, professora afiliada do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Em 2016, a chegada de novos frequentadores estava em torno de 43%, passou para 39% em maio de 2017, para28% em junho de 2017 e para 26% em 2019, atingindo 20% em 2021.

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A pesquisa foi realizada pela Unifesp a pedido da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (Senapred), órgão do Ministério da Cidadania, responsável pela formulação e implementação de políticas públicas voltadas para a redução da demanda de drogas no Brasil, e mostra o perfil das cenas de uso aberto (locais em que usuários de drogas se aglomeram) em três capitais brasileiras: São Paulo, Fortaleza e Brasília.

Os resultados de São Paulo são da coleta de dados de junho de 2021, com atualizações dos resultados dimensionais em abril de 2022, considerando as movimentações da população no território – e incorporam as comparações da série histórica desde 2016. A coleta principal de São Paulo ocorreu antes da realocação do fluxo para a Praça Princesa Isabel e acompanhou esse processo, monitorando a ocupação total do local e a posterior dispersão. Os resultados de Fortaleza advêm da coleta de dados em agosto de 2021 e os de Brasília foram colhidos entre abril e maio de 2022.

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Em São Paulo, também se observou uma diminuição da proporção de frequentadores sem nenhuma atividade remunerada (68,7%), dos quais metade pratica atividades de reciclagem (52,3%). Houve uma diminuição da proporção de mulheres (em 2019, 23,7% e em 2021, 22,5%) e trans (7.5% em 2019 para 3.7% em 2021) no território.

“Essa proporção de minorias na cena de uso tem tudo a ver com a frequência das operações. Geralmente, quando se tem um momento de ações policiais, essa população diminui, porque é mais vulnerável. Também tem relação com o fato de que aquelas que ficam serem mais graves, com prevalência de comorbidades, de indicadores de transtorno psiquiátrico, de busca por emergência, que nessas minorias fica bem maior, já que só ficam as mais graves”, explica Clarice.

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Ações

A Prefeitura de São Paulo informa que a procura por tratamento aumentou desde a dispersão dos usuários. O encaminhamento de usuários para atendimento no Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (Siat II) cresceu quase três vezes entre janeiro e dezembro de 2022, segundo informações da equipe de abordagem da Secretaria Municipal da Saúde, que, em janeiro, encaminhou 27 pessoas e em dezembro, 72 usuários abusivos de álcool e outras drogas para equipamentos da rede municipal.

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Segundo a prefeitura, o número de abordagens feitas pelas equipes de saúde aumentou 34% entre janeiro e dezembro (de 3.150 para 4.213). As abordagens das equipes de assistência social aumentaram 22% entre janeiro e dezembro. Em janeiro, foram 3.029 e em dezembro, 3.698. Para outros equipamentos da rede socioassistencial, esse número foi de 789 pessoas encaminhadas em janeiro para 1.622 em dezembro.

O Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica da prefeitura está em funcionamento desde maio do ano passado para atendimentos emergenciais, na Rua Helvetia, 876. A unidade presta atendimento no local e agiliza encaminhamentos para outros serviços da rede de saúde e assistência social.

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De acordo com a prefeitura, desde maio do ano passado, dez novas equipes do Consultório na Rua passaram a integrar as equipes de abordagem e atendimento: quatro no Siat Emergencial e seis nas regiões do Glicério, de Santa Cecília e do Bom Retiro.

Em julho foram inaugurados mais dois centros de atenção psicossocial álcool e drogas (Caps AD) na região central da cidade, um na Rua Porto Seguro e outro na Rua Anhanguera.

Em setembro, a prefeitura entregou o Siat III Penha, na Rua Coronel Rodovalho, 275, com capacidade para acolher 50 pacientes, que têm acompanhamento e podem permanecer no serviço durante até dois anos, prorrogados ou reduzidos de acordo com o projeto terapêutico singular de cada caso.

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A prefeitura informou que, em fevereiro deste ano, será inaugurado o Serviço de Cuidados Prolongados (SCP) em Álcool e Drogas. Trata-se de um novo equipamento que visa prolongar o tratamento dos usuários que foram internados em hospitais e não têm ainda condições de retorno familiar ou atendimento ambulatorial. Uma forma de reduzir as recaídas e evitar que os usuários retornem ao uso abusivo nas ruas, o SCP oferecerá tratamento, medicação e oficinas terapêuticas.

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