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“As pessoas não vão procurar sozinhas a recuperação”, diz Loemy

Ex-modelo defende tratamento para usuários de crack que deixaram a região da Cracolândia após operação. Sua história foi revelada por VEJA SÃO PAULO em 2014

Por Ana Luiza Cardoso, Adriana Farias Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 Maio 2017, 19h14 - Publicado em 23 Maio 2017, 18h41
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Loemy: modelo foi capa de VEJA SÃO PAULO em 2014 (Editoria de Arte / VEJA SÃO PAULO/Veja SP)
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Após reportagem de VEJA SÃO PAULO em 2014, a ex-modelo Loemy Marques virou um dos rostos da Cracolândia, reduto de drogas que sofreu uma mega operação policial neste domingo (21). Depois da repercussão do caso, ela saiu das ruas (onde viveu por dois anos) e deu início ao seu tratamento. Longe do crack, a moça mora hoje em outro estado e quer se manter fora dos holofotes, preservando sua vida pessoal.

Em entrevista à reportagem nesta terça (23), ela comentou sobre a ação, que acompanhou de longe pelo noticiário. Disse que se trata de uma boa iniciativa, mas pouco eficaz. “A polícia vai lá, age com repressão, mas essas pessoas não vão para casa, vão continuar na rua, procurar outros lugares para vender e usar drogas”, disse. “A Cracolândia se espalhará para outros bairros, isso levará criminalidade e violência para outras regiões.”

Loemy não acredita em um fim definitivo para o problema. “Se o governo não oferecer tratamento, acredito que a situação vai criar só mais rebelião, mais rebeldia da parte deles. Infelizmente, o crime no Brasil é organizado, as facções são organizadas e elas vêm tomando conta”, afirmou a mato-grossense.

Nesta segunda-feira (22), um dia após a operação, ao menos vinte comerciantes na região do centro fecharam as portas e outros as deixaram entreabertas com medo de arrastões. A reportagem encontrou pelo menos sete pontos para onde os usuários de drogas que viviam na Cracolândia se direcionaram.

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A concentração ocorria nos arredores da região em pontos como Avenida Rio Branco, na altura do número 980; na esquina da Rua Helvétia com a Avenida Rio Branco; na Rua dos Gusmões com a Rua dos Andradas; na Rua Conselheiro Nebias; na Praça Princesa Isabel; e no Largo General Osório. Muitos estavam consumindo drogas. Em quatro deles havia assistentes sociais tentando persuadir os usuários a irem a abrigos na manhã desta segunda.

“Eles não vão sair dali, ir para as suas casas, ir trabalhar e estudar. Elas não vão procurar por si só a recuperação. Eu sei disso porque foi muito difícil pedir ajuda. Foi muito difícil me tratar, é muito difícil sair do vício”, contou Loemy.

Loemy quarto moradia assistida jabaquara
Loemy em foto recente (Adriano Conter/Veja SP)

Dos cerca de 800 usuários retirados do fluxo (nome que se dá ao aglomerado de pessoas no ponto de drogas) no fim de semana, 300 foram acolhidos emergencialmente no Complexo Prates e no Centro Temporário de Acolhimento (CTA), inaugurado no início do mês pelo prefeito João Doria (PSDB). Outros trinta foram internados no Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), na Rua Prates, e doze na unidade do Programa Recomeço, na Rua Helvétia.

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