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A liga de futebol amador que reúne cerca de 300 times da Zona Sul

A Liga da Quebrada é um negócio do empreendedor Tiago Santos, que já foi de entregador de panfletos a modelo

Por Guilherme Queiroz
Atualizado em 27 Maio 2024, 22h29 - Publicado em 4 fev 2022, 06h00
Imagem mostra homem e mulher abraçados. Eles vestem uma camiseta igual, metade branca e metade preta. Eles estão em uma quadra de futsal. É possível ver alguns jogadores sentados em um banco, à direita.
Tiago e a esposa, Ingrid: ajuda no financeiro. (Thiago de Matos Melo/@fotodoesporte/Divulgação)
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São 5h30 de uma segunda-feira. Ingrid Santos, 31, se levanta da cama rumo ao trabalho de secretária em um consultório pediátrico em Perdizes — ela mora no Jardim Boa Vista, próximo à Estrada do M’Boi Mirim, Zona Sul — e alguns minutos depois é surpreendida pelo marido, também saindo da cama.

Tiago Santos, 32, trabalha em casa. A labuta começou poucos minutos após o despertar da esposa. “Chega a trabalhar doze horas por dia. Ele é terrível”, diz Ingrid, rindo e, ao mesmo tempo, dando uma bronca.

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Tiago é o idealizador da Liga de Quebrada, que reúne cerca de 300 times da Zona Sul da capital paulista (e alguns poucos de Diadema). Ingrid apareceu na sua vida há cinco anos, dentro de uma academia. “Começamos a conversar e eu fui vê-lo jogar, amo futebol desde sempre. Na Liga cuido da parte administrativa e financeira. Nos eventos é onde colaboro mais, ai dele se contratar alguém, porque eu gosto.”

Imagem mostra dois jogadores de futsal em quadra, um com uniforme amarelo e preto e outro com uniforme vermelho e branco. O de camiseta amarela está guiando a bola.
Jogadores em ação. (Thiago de Matos Melo/@fotodoesporte/Divulgação)

Durante todo o ano, cada participante da Liga pode jogar 92 vezes contra adversários locais em 46 rodadas, que terminam até dezembro. São duas modalidades disputadas: futsal, com 175 times inscritos, e fut7 (seis jogadores na linha e um goleiro), com 125 equipes. O negócio começou em 2018.

“Com certeza é a maior liga da Zona Sul”, diz um dos dirigentes do Clube Atlético Vila Emir, Cláudio Miranda, 43. Os participantes têm acesso a um aplicativo e um site, em que podem marcar os jogos e conferir as tabelas de pontos corridos. Não é de graça, claro. “Temos quatro tipos de plano. O mensal, de 39,99 reais; o trimestral, de 113,99; o semestral, de 219,99; e o anual, de 429,99”, explica Tiago.

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Imagem mostra homem com uniforme de goleiro e luvas preparando para bater uma falta. É possível ver alguns jogadores, à direita, enfileirados em uma barreira.
Jogos da Liga: mensalidades a partir de 39,99 reais. (Thiago de Matos Melo/@fotodoesporte/Divulgação)

“A gente divide o valor. Não dá nem 1 real para cada (por mês)”, diz o diretor do Fuleiros Futebol e Fumaça, Ian Queiroz de Almeida, 30. O ganhador de cada modalidade da Liga de Quebrada leva o troféu da disputa e um ano gratuito de acesso ao serviço.

Os dezesseis melhores colocados de cada modalidade jogam a Copa do Rei, que premia o vencedor com 1 500 reais, uniformes e sessões de fotos profissionais. O logotipo da competição lembra o da Copa Libertadores, mas, em vez do mapa do continente americano, a Zona Sul da capital paulista foi recortada, rodeada de estrelas.

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Tiago tem dois sócios, Eduardo Santos e Rafael Garcia, que são responsáveis pelo aplicativo e pelo site e são donos também de outra competição, em Guarulhos. O empreendedor largou o cargo de diretor de marketing em uma empresa de material esportivo (a mesma que patrocina a Liga) para se dedicar totalmente ao negócio, neste ano.

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Imagem mostra time completo de futebol, com uniforme listrado vermelho e branco, enfileirados e abraçados.
O Clube Atlético Vila Emir: décimo colocado na Liga em 2021. (Thiago de Matos Melo/@fotodoesporte/Divulgação)

Formado em tecnologia da informação e em marketing, saiu de casa para morar sozinho aos 15 anos. “Entregava panfletos de escola de inglês e de informática”, lembra. Foi também modelo de eventos, instrutor e gerente de academia.

Antigo membro de equipes da várzea, alimentava havia anos a ideia de montar um campeonato próprio e começou com pequenos eventos, reunindo times da região, para formar uma base de contatos. “Hoje, estou 100% na Liga e faço alguns bicos de design”, conta.

“O que nos chamou a atenção foi a organização e a visibilidade, o Tiago trabalha muito nisso. Ele traz entretenimento para as equipes e aquela disputa sadia”, diz Cláudio Miranda.

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O sucesso, no entanto, custou a Tiago um bem precioso. “Eu jogava em seis times. Mas aí os caras falavam que as equipes só estavam ganhando porque o dono da Liga estava jogando, então decidi largar”.

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Publicado em VEJA São Paulo de 9 de fevereiro de 2022, edição nº 2775

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