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Leilões virtuais especializados em móveis de design se multiplicam em SP

Paulistanos são atraídos pela oferta de peças cheias de estilo até 90% mais baratas

Por Humberto Abdo
Atualizado em 3 Maio 2024, 21h48 - Publicado em 28 abr 2024, 11h00
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A loja-galpão de Franciano Araújo com móveis adquiridos em leilões (Arquivo Pessoal/Reprodução)
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Tem de tudo: camas, sofás, armários e até geladeiras. Nos leilões realizados por incorporadoras e marcas de design, móveis e itens de decoração são vendidos por preços bem atraentes em relação aos originais e têm chamado a atenção de cada vez mais paulistanos, tanto na hora de decorar a casa quanto para revenda desses achados.

“Eles são uma boa oportunidade para adquirir itens novos abaixo do valor praticado pelo mercado, com descontos que podem chegar a 90%”, estima Jacqueline Luz, diretora comercial da Superbid Exchange, plataforma de transação de bens de capital, uma das principais nesse tipo de negociação. Feitos quase sempre em formato on-line, os lances vêm principalmente de compradores do tipo “pessoa física”. “O aquecimento do mercado de construção civil é um dos principais fatores para o crescimento dessa modalidade de leilões, mas o encerramento de lojas de decoração e a necessidade das construtoras em desocupar showrooms contribuem para a frequência e o sucesso desses eventos.”

Liquidações de loja, peças de apartamentos decorados e troca de coleções viram motivo para novos arremates, que surgem com cada vez mais frequência nos sites especializados. São esses que atraíram o interesse de Franciano Araujo. “Comecei a participar aleatoriamente e quando vi já tinha passado um ano comprando toda semana. Não tinha mais onde estocar!”, diverte-se o empresário. “Precisava de um galpão para guardar tudo. Por que não fazer uma loja-galpão?” Assim nasceu seu negócio, com endereço em São Caetano do Sul. “E ainda compro muita roupa de cama, além das sobras de obras de construtora: torneira, pia, piso e chuveiro.”

Segundo ele, também são frequentes os lotes que já decoraram consulados e residências oficias. “Eles mandam muita coisa nova, principalmente os americanos e os britânicos”, conta. Peças de design que antes custavam mais de 100 000 reais já foram arrematadas por ele em valores pouco acima de 1 000 reais. “Tem muita peça que vem com o QR code da loja e a gente consegue consultar o preço original.”

Este ano, marcas renomadas como Artesano, L’espace AD, Breton, Brentwood e Top House Italínea já colocaram mercadorias na disputa por lances. Para os compradores iniciantes, uma das dicas é pesquisar o modelo e checar seu estado. “Se possível, é bom visitar o local para ver se o móvel tem defeitos”, pontua Franciano. “Leilão é aquela verdadeira caixinha de surpresa, você pode comprar algo bom ou muito ruim, pois alguns itens estão avariados. Já arrematei um espelho que chegou quebrado”, observa Joyce Aragão, freguesa assídua desses sites. “Mas outros valem muito a pena: meu sofá de 3 metros, que custaria uns 10 000 reais, paguei só metade. Já mobiliei minha casa inteira desse jeito.”

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Disputar um objeto de desejo com outras pessoas também tem sua dose de aventura. “Eu não diria que é exatamente viciante, mas existe uma adrenalina fortíssima no momento em que os lances estão acontecendo”, afirma o arquiteto e decorador Fabrizio Rollo. “No leilão ao vivo, já me deixei levar pela emoção e comecei a competir com quem estava dando lances comigo.”

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Fabrizio Rollo pesquisa peças clássicas para clientes (Arquivo Pessoal/Veja SP)

Para garimpar peças que serão usadas nos projetos de seus clientes, Fabrizio frequenta leilões de empresas especializadas em antiguidades e peças vintage, como Christie’s e Sotheby’s. “Na maioria das vezes, negocio para os clientes, mas eventualmente ainda compro e troco o que tenho”, diz. “A falta de interesse do público mais novo fez com que muitos antiquários fechassem e migrassem para o on-line.”

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Há menos de um ano, Lilian Andreia da Silva fez o caminho contrário e abriu um ponto físico do seu brechó New Shop, no Tatuapé. Dedicada à moda feminina, a loja foi a porta de entrada da comerciante no universo das compras de segunda mão. “Por causa do brechó, comecei a buscar outros itens para comercializar e assim cheguei aos móveis”, conta.

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Lilian arremata itens para casa e para revenda (Ricardo Dangelo/Veja SP)

Enquanto se adapta à nova empreitada, inaugurada em novembro do ano passado, ela também conduz uma reforma dentro de casa. E, claro, já arrematou painéis, almofadas e um barzinho para integrar os novos cômodos depois de prontos. “Normalmente tem a opção de pagar via Pix e em alguns casos até parcelar no cartão de crédito”, pontua sobre as facilidades. “Ainda quero renovar a cozinha, preciso de sofá e estou de olho em alguns eletrodomésticos”, anima-se Lilian, que segue vigilante na internet, à espera do próximo lance.

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Publicado em VEJA São Paulo de 26 de abril de 2024, edição nº 2890

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