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Legião Urbana sai em turnê com ator André Frateschi no vocal

Como o ator e cantor paulistano se preparou para assumir os microfones da banda

Por Juliene Moretti
Atualizado em 1 jun 2017, 16h32 - Publicado em 24 out 2015, 02h00

Em 1985, André Frateschi, então com 10 anos, viveu o sonho de conhecer de perto os grandes astros musicais do rock nacional da época. Conseguiu entrar nos camarins da Legião Urbanaantes de um show na balada Rose Bom Bom, em São Paulo. Na ocasião, caprichou na produção, encomendando um ramalhete para entregar a Renato Russo. Para seu espanto, o cantor despedaçou o presente no palco, numa cena teatral, enquanto cantava. Prestes a chorar, o atônito garoto procurou o olhar da mãe, que o acompanhava e tratou de consolálo.“Isto é arte, meu filho, aprecie e aprenda”, ouviu dela.

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Três décadas depois, eis que Frateschi se vê novamente em companhia de dois dos fundadores da banda, o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá, em outra situação surreal. Desta vez, ele ensaia com os músicos e entoa no microfone canções como Faroeste Caboclo e Ainda É Cedo, preparando-se para assumir o papel de Renato Russo, morto em 1996, na turnê Legião Urbana — XXX Anos. Eles vão se apresentar na capital nopróximo dia 7, no Espaço das Américas. Os 8 000 ingressos, com preços a partir de140 reais, começaram a ser vendidos em setembro. Na semana passada, metade dos bilhetes já estava esgotada. “Nunca tive uma responsabilidade desse tamanho”,conta Frateschi. “O grupo sempre fez parte da minha vida.”

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Filho dos atores Denise Del Vecchioe Celso Frateschi, André nasceu em São Paulo e foi criado entre a Zona Sul e a Zona Oeste. Seguindo o DNA dos pais, estreou nos palcos aos 24 anos. Participou de montagens importantes, como Feliz Ano Velho, em 2000, adaptada da obra de Marcelo Rubens Paiva, e passoua atuar também na TV. Na Globo, apareceu em minisséries como Um Só Coração, JK, Ciranda de Pedra, além da versão mais recente da novela Saramandaia. Paralelamente, tocou uma carreira como músico na região do Baixo Augusta, interpretando obras de Thom Yorke, do Radiohead, Tom Waits e David Bowie, ao lado da sua mulher, Miranda Kassin (cover de Amy Winehouse), por quase dez anos. Seu primeirodisco-solo e autoral, Maximalista, foi lançado em 2014, com a participaçãode Mike Garson, pianista de Bowie, em uma das faixas.

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Renato Russo em show no Parque antártica em 1990
Renato Russo em show no Parque antártica em 1990 ()

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O reencontro com a turma da Legião ocorreu em 2013, quando ele e Dado Villa-Lobos foram convidados para o projeto da produtora Monique Gardenberg de uma superbanda para tocar sucessos dos Beatles. “Fiquei impressionado com a interpretação dele em Oh! Darling”, lembra Dado. Em 2015, quando o guitarrista e Marcelo Bonfá começaram a pensar em talentos para acompanhá-los na turnê comemorativa da Legião, Dado lembroudo ator e cantor. “Nas discussões com aprodução do espetáculo ouvimos várias sugestões de pessoas para fazer a voz principal, mas eu já tinha escolhido oAndré”, conta.

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Com os dois membros originais da banda e outros três músicos de apoio, Frateschi iniciou os ensaios em agosto. Sua voz, com registro mais próximo ao de tenor, em nada lembra o barítono cheio de personalidade de Russo. “Não tentei imitar o Renato”, diz. “O que importa ali é a força da música, e não quem está interpretando a canção.”

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Depois da morte do líder da banda, Dado e Bonfá só se reuniram outras três vezes para tocar o repertório do grupo. A apresentação mais recente, em 2012, contou com o ator Wagner Moura nos vocais em um especial para a MTV. Sempre foi difícil viabilizar os espetáculos devido à relação conturbada entre os músicos e o único filho do cantor, Giuliano Manfredini, responsável pela empresa Legião Urbana Produções Artísticas, que detém o nome e parte das composiçõesda banda. “Nos shows com o Moura, porexemplo, o Giuliano só nos deu autorizaçãoem cima da hora”, afirma Dado.“Nunca nos conformamos com essa situaçãode ter de pedir sempre uma liberaçãodo menino para usar o nosso nome.”

Wagner Moura e Dado Villa-Lobos, no show Tributo ao Legião Urbana
Wagner Moura e Dado Villa-Lobos, no show Tributo ao Legião Urbana ()

O caso acabou na Justiça e, em outubrodo ano passado, os antigos companheiros de Renato ganharam finalmenteo direito de aparecer como Legião em espetáculos. No mesmo processo, tinham também a pretensão, negada pelo juiz, de receber uma indenização, de um valor a ser definido, pelo tempo que ficaram impedidos de fazer isso. Frateschi sente que a briga mexeu com seus companheiros.

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“Dado e Bonfá ficaram com tanta vontade represada de tocar essas músicasque, agora, rola uma energia forte. Oshow será de arrepiar”, promete. Para ele, é um repertório que merece ser disseminado.“Sinto-me como um pequeno apóstolo, espalhando a mensagem”, completa.

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