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Impossível não notar os batedores da Polícia Militar

Quem são os batedores que escoltam autoridades em visita a São Paulo

Por Fernando Cassaro
Atualizado em 5 dez 2016, 19h29 - Publicado em 18 set 2009, 20h29

Com suas motos vermelhas e brancas, eles fecham cruzamentos e desbravam caminhos. É impossível não notar sua presença. Em geral, pilotam sete potentes Harley-Davidson Road King Police, posicionadas em torno do carro oficial de presidentes, governadores, ministros e embaixadores de passagem por São Paulo. Garantir que esses visitantes circulem incólumes pelas ruas paulistanas é a missão dos batedores, nome pelo qual são conhecidos os homens da 3ª Companhia do 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar. “Essas personalidades não podem ficar paradas no trânsito, pois isso representaria uma ameaça a sua segurança”, afirma o tenente Alessandro Gregorim.

Todos os 186 homens da companhia estão capacitados para o serviço. Quando entram em ação, a sincronia é tamanha que parece um balé sobre duas rodas, daqueles cuja coreografia ensaiada à exaustão evita que algo saia dos eixos. Eles passam duas horas diárias em treinamento com as pesadas máquinas de 348 quilos e 1 340 cilindradas de potência para aprender (e aprimorar) técnicas de escolta e manobras. Por isso, tombos são raríssimos. “Ninguém cai há pelo menos cinco anos”, diz o capitão Luiz Gonzaga de Oliveira Junior, no grupo desde 1990 e à frente da companhia desde 2004. Cada escolta conta com sete a doze homens – dependendo do tamanho da comitiva –, que se comunicam por gestos e rádio.

Além de cuidarem da segurança, os batedores zelam pela pontualidade. A autoridade chegar atrasada seria uma gafe imperdoável. Imagine o mico, então, de ter de esperar outros convidados. Para evitar esse drama, vale até apostar em umas voltinhas mais longas. A beleza das motos e a imponência de seus soldados nas ruas fazem com que algumas crianças desejem ingressar nessa profissão. O soldado Ricardo Fusco, de 26 anos, por exemplo. Na companhia desde 2006, ele não esquece as provas da Corrida de São Silvestre a que assistia na televisão, admirado com a escolta dos principais corredores durante o trajeto. “Virei policial para trabalhar como batedor”, diz. Em 2007, os serviços dos batedores foram solicitados para cuidar do papa Bento XVI, do presidente americano George W. Bush e outras 550 vezes.

Até agosto deste ano, eles fizeram 290 escoltas. Quando não têm figurões para ciceronear, reforçam o policiamento na região central, no projeto Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas). Nessas ocasiões, usam motos menos sofisticadas, como a Yamaha modelo XT-600cc. Acompanhar tanta gente importante costuma render boas histórias. O cabo Adriano Evangelista dos Santos, 49 anos de idade e quase duas décadas no ofício, escoltou o imperador japonês Akihito, em 1997. “Tive a honra de cumprimentá-lo”, conta. “Quem é que pode pegar na mão dele?” Lembra-se emocionado de quando trabalhou no cortejo fúnebre do tricampeão de Fórmula 1 Ayrton Senna, em maio de 1994. “Fiz o trajeto inteiro chorando debaixo do capacete”, conta. O policial acompanhou o corpo do piloto no trajeto para o Cemitério do Morumbi. “Ainda me arrepio quando falo sobre aquele dia.”

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