Imóveis próximos das estações da Linha 4 – Amarela são mais caros, mas…
Pesquisa da startup Loft mostra também que efeito não é uniforme em todas as paradas do metrô
Se você já foi abordado por algum corretor de imóveis sabe que um dos argumentos para a venda é ressaltar quão perto está o empreendimento de uma estação de metrô e que isso vai valorizar o seu investimento. E esses profissionais estão cobertos de razão, segundo aponta uma ampla pesquisa divulgada pela Loft Dados, um braço da startup Loft que produz informações do mercado imobiliário.
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Esse levantamento indica valorização média de 4% no preço de um imóvel caso ele se localize perto de algumas das estações da Linha 4 – Amarela, foco do estudo. Na prática, isso significa dizer que um mesmo apartamento custaria 700 000 reais ao lado da estação e 672 000 reais se estivesse localizado a 600 metros do metrô. Por se tratar de uma média, esse efeito não é idêntico em todas as paradas.
Em regiões mais abastadas, como no caso do entorno das estações Fradique Coutinho, Faria Lima e Higienópolis-Mackenzie, estar a 100 metros ou a 600 metros muda pouco ou nada na valorização do metro quadrado do imóvel, apenas cerca de 1%. O mesmo acontece na Estação Pinheiros.
Por outro lado, em pontos como República, Oscar Freire, Butantã e Luz, morar mais perto significa mais valorização. A maior diferença é na Luz, onde estar a 600 metros da estação pode significar pagar uma diferença de 6% a 7% menos no valor do metro quadrado. Se for usado o exemplo do imóvel de 700 000 reais, ele custaria, nesse caso, 651 000.
Uma das justificativas é a de que, embora fique numa das regiões mais degradadas do Centro, a Estação da Luz é muito próxima de pontos icônicos, entre eles a Pinacoteca, o Museu da Língua Portuguesa, a Sala São Paulo e também o Parque Jardim da Luz.
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Existe ainda uma terceira conclusão, a de quanto mais longe da estação, maior a valorização do imóvel. Isso foi constatado em duas estações: a Paulista, onde o valor do metro quadrado é 3% mais caro a 600 metros da parada em relação a imóveis que estão mais próximos; e a São Paulo-Morumbi, com valorização de 3,7% na mesma distância.
Para o economista Rodger Campos, 34 anos, gerente de dados da startup, alguns fatores podem explicar esse comportamento do mercado, como barulho, excesso de tráfego (pessoas e veículos), presença de ambulantes no entorno e até pequenos furtos. “O que vai representar para as pessoas que têm mais renda é o ‘custo’ de ter uma estação ali”, afirma.
Para chegar à conclusão de qual era o efeito da distância em relação a estar mais ou menos perto do metrô, foram avaliados 307 530 imóveis nos arredores das estações, por meio de anúncios publicados entre maio de 2019 e março de 2022. Os dados não incluem a parada da Vila Sônia, que só passou a operar de forma integral em maio último.
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Publicado em VEJA São Paulo de 7 de setembro de 2022, edição nº 2805