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Hospitais oferecem quartos vips para pacientes

Com serviços comparados a hotéis cinco estrelas, diárias chegam a custar 1500 reais

Por Sara Duarte
Atualizado em 5 dez 2016, 18h49 - Publicado em 7 Maio 2010, 18h22

Assim que o tucano Alberto Goldman assumiu o governo do estado, sua equipe recebeu uma tarefa que exigia a máxima discrição. Apenas dez dias após a posse, o político de 72 anos precisaria se submeter a uma cirurgia na próstata.

Para garantirem que a internação do governador ocorresse de forma tranquila e sigilosa, seus assessores recorreram ao médico Miguel Srougi, diretor do Instituto de Urologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Depois de escolher a sala de operação e convocar seus melhores auxiliares, o experiente cirurgião acionou a equipe de hotelaria do hospital, que reservou para Goldman a suíte 1301 do bloco B. Com 76 metros quadrados — o tamanho de um apartamento de dois dormitórios de classe média —, ela tem varanda com vista panorâmica e veneziana que se fecha automaticamente em caso de ventos mais fortes, além de uma antessala destinada a assessores e seguranças. Goldman e seus acompanhantes podiam escolher entre três opções de cardápio. Se faltasse algo no frigobar, uma sorridente copeira adentrava o espaço com frutas, sucos e iogurtes. Nas chamadas áreas vips de hospitais paulistanos, os pacientes, ilustres ou não, são tratados a pão de ló.

Conhecido por ter uma das melhores UTIs neonatais do Brasil, o Hospital e Maternidade Santa Catarina conta com quatro suítes do tipo AAA, em que um dia de internação custa, em média, 1 044 reais (o equivalente a uma diária no hotel cinco estrelas Unique). Cada uma delas tem duas entradas: uma dá acesso ao quarto e a outra à sala de espera e à cozinha, equipada com forno de micro-ondas, pia e frigobar. Durante todo o período de internação, pacientes e familiares dispõem de atendimento psicológico sem custos. Antes do parto, as gestantes podem relaxar tomando um banho de banheira ou fazendo uma massagem. Depois que o nenê nasce, elas se arrumam para receber as visitas contratando os serviços de cabeleireiro e manicure. Mas atenção: todas as despesas correm por conta da família, pois a ala vip do Santa Catarina não tem cobertura de planos de saúde.

De acordo com Caio Soares, diretor médico da empresa de seguro-saúde Omint, utilizada por 90 000 pessoas, que pagam mensalidades de até 8 000 reais, esses serviços luxuosos ajudam a cativar novos clientes. “Para fazerem frente à fama do Sírio-Libanês e do Albert Einstein, alguns hospitais investem pesado em hotelaria”, explica. “A ideia é reproduzir as condições de conforto que o paciente teria em sua casa.” No caso do Hospital do Coração (HCor), esse cuidado é estendido aos acompanhantes. Morador da cidade de Gurupi, no Tocantins, o radialista João Evangelista Narciso sentiu-se sem rumo quando sua mulher, a psicopedagoga Glória, teve de ser transferida para São Paulo e passar por uma delicada cirurgia cardíaca. Ao recepcionar o casal no HCor, a concierge Bruna Brito de Andrade percebeu o desespero do ex-locutor do programa ‘A Voz do Brasil’ e se ofereceu para ajudar. “Primeiro, chamei um padre, porque dona Glória queria se confessar antes da cirurgia”, conta. “Em seguida, liguei para o hotel Mercure e fiz uma reserva para o seu João. Como ele não sabia onde fica, eu o levei até lá.”

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Para entrar nesse filão, a tradicional Associação de Beneficência Portuguesa construiu uma nova unidade, que lembra um hotel-butique. Com diárias de 700 a 1 500 reais, o Hospital São José, aberto em 2007, conta com sete centros cirúrgicos, catorze cabines individuais de UTI e sessenta suítes — a maior delas com 75 metros quadrados, leito para acompanhante e varanda com vista para um bosque. A proporção entre funcionários e pacientes é de sete para um. Alguns clientes chegam com seus seguranças por uma garagem no 4º subsolo. Os lençóis são de algodão 200 fios. E, se não der para ficar longe do melhor amigo, há uma sala coberta de 3,6 metros quadrados para animais de estimação no térreo. Segundo o diretor-médico da instituição, João Gandara de Moraes Filho, trata-se de direito à privacidade. “Cerca de 30% de nossos pacientes vêm aqui fazer cirurgia plástica”, afirma. “Os outros 70% são industriais, executivos e esportistas que não querem fazer alarde sobre seus problemas de saúde.”

 

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