Novas casas do circuito GLS são refinadas e comportadas
Estabelecimentos como o The Society e o Yacht miram público mais endinheirado
Na última década, as megaboates, com capacidade para até 2.500 pessoas, fizeram a cabeça do público gay. Também ganharam adeptos os clubes de clima underground, em ambientes simples e com decoração pouco elaborada. A nova moda do segmento GLS, entretanto, consiste nas baladas com toques mais requintados.
+ As casas e festas que agitam a cidade
+ Madame Satã retorna à noite paulistana
+ Aplicativos úteis para baladeiros
Desde o ano passado, foram inaugurados o The Society, na Consolação, e o Yacht, na Bela Vista. No último dia 8, foi a vez de o It Club abrir as portas nos Jardins. Esqueça go-go boys em palquinhos, shows de drag queens, homens sem camisa, música eletrônica pesada e atendimento abaixo da crítica. Os novos empreendimentos chegam em roupagem glamourosa, com a proposta de oferecer uma atmosfera intimista, exclusiva e mais comportada.
Ex-dono da Ultralounge, point chique dos gays no começo dos anos 2000, o promoter Bob Yang resolveu reviver os tempos de seu falecido clube em uma única festa no Lions, em 2010. O sucesso foi tanto que em dois meses a folia havia se tornado semanal e está durando até hoje. “Enquanto aos 30 anos o hétero já pensa em se aposentar da vida noturna, o gay, que não costuma ter filhos, estende o tempo de festas”, diz Yang. Percebendo aí uma oportunidade de negócios, ele se juntou a duas outras figuras de peso da cena, Facundo Guerra e Cacá Ribeiro, e inaugurou em janeiro o Club Yacht. De temática náutica (com direito a aquário, estátua de Iemanjá e barmen vestidos como marinheiros), o local vira palco para um pessoal bonito e bem-arrumado aos sábados. Às quintas, passam por lá os moderninhos e, às sextas, os héteros dominam o salão.
O It Club fincou raízes no movimentado bairro dos Jardins. Com fachada dourada, inclui champanhe e drinques clássicos no cardápio. O ingresso custa até 120 reais. Hostesses disputadas no mercado, como Lekka Glam, e o DJ gringo Nick Corline fazem parte da equipe. House e disco compõem a trilha sonora. “Trata-se de um lugar para ver e ser visto”, afirma o proprietário italiano Andrea Serra. Deve ajudar no sucesso do espaço a clientela noturna GLS do imóvel vizinho, o restaurante Ritz.
Em atividade desde o ano passado, o The Society é o mais pomposo dos novos endereços. Sob o comando do empresário André Almada, sócio também da sempre lotada The Week, ocupa um casarão de 800 metros quadrados construído no começo do século XX. No cenário inspirado na mansão de um aristocrata boêmio, há um lustre de cristal de 3 metros de altura, quarenta retratos pintados a mão e 43 poltronas e sofás. O fenômeno dos clubes de luxo já chegou a seu auge no caso do público hétero, porém os baladeiros GLS em busca de glamour ainda se mostram um nicho lucrativo a ser explorado, como demonstram as novidades recentes.