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Garoto de 10 anos sofre racismo em centro comercial de Perdizes, diz mãe

Segurança diz em vídeo que seu trabalho é o de afastar pessoas que estão “pedindo”; criança é negra e caso vai parar na polícia

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 mar 2022, 19h59 - Publicado em 25 mar 2022, 18h54

O segurança de um pequeno conglomerado de lojas localizado em Perdizes, na Zona Oeste de São Paulo, abordou uma criança negra de 10 anos que foi até uma loja de doces encontrar a sua mãe para que juntos eles comessem um brigadeiro.

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Antes mesmo de o garoto dar a primeira mordida, ele ouviu que precisava sair da mesa e não podia pedir nada no estabelecimento, o que deixou a mãe, a jornalista especializada em vinhos Suzana Barelli, de 54 anos, perplexa.

“É algo que fazemos toda a sexta-feira. Enquanto ele fica na terapia, eu sento e tomo um café. Como eu sei que ele gosta de brigadeiro, já peço um e deixo para que ele possa vir e comer. No momento em que ele colocou a mão no doce e ia levá-lo à boca, o segurança o abordou e falou esse absurdo”, afirma.

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Em um vídeo, o homem –que não teve a sua identidade revelada– diz que a sua função é a de tirar pessoas que ficam “pedindo coisas” do local.

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Para Suzana, que é branca, trata-se de um caso de puro racismo e ela denunciará o condomínio à polícia. O garoto é filho adotivo dela. Além dele, ela é mãe de uma garota de 14 anos, também adotiva e negra.

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O conjunto de lojas é administrado pela Instant Center, uma empresa que cuida de ao menos 12 espaços iguais ao de Perdizes. O conceito é o de “shopping da vizinhança”, oferecendo lojas que mesclam serviços e conveniência.

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Procurada na tarde desta sexta-feira, a Instant Center informou não ter conhecimento do caso. Segundo uma pessoa que se identificou como gerente comercial, mas que não quis ter seu nome divulgado, o homem responsável pela abordagem é de uma empresa terceirizada.

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Ela justificou a atitude do funcionário que fez a abordagem.

“Nos empreendimentos, a gente tem muitos pedintes”, disse. “Os próprios lojistas pedem para a gente dar uma inibida nisso. Porque geralmente eu tenho praças de alimentação, e tem gente almoçando, fazendo os seus lanches. A gente realmente tenta inibir esses pedintes”, afirmou.

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A loja onde ocorreu a abordagem foi a Amor aos Pedaços. A empresa informou ser “veeementemente contra qualquer atitude discriminatória”.

A Amor aos Pedaços disse ainda que o franqueado já foi orientado a pedir uma reunião junto à direção do centro comercial para estabelecerem as normas dentro da lei, exigindo assim, seu cumprimento pela empresa prestadora de serviço de segurança.  

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“Reforçamos que, como empresa, cidadãos e, principalmente, como brasileiros, devemos lutar com todas as nossas forças para que atos dessa natureza não se repitam mais”, diz trecho de comunicado da empresa.

Mesmo alertada sobre a mãe que acusa a Instant Center de racismo, a gerente comercial justificou que a presença de pessoas pedindo alimentos “gera um pouco de constrangimento para quem está lá”.

Ouça abaixo trecho de entrevista da gerente comercial do Instant Center onde ela confirma que a orientação é a de abordar pessoas que pedem nas lojas dos centros comerciais.

Nos 16 minutos em que falou com a reportagem, não pediu desculpas pela atitude do funcionário ou mesmo lamentou o ocorrido.

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