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Campos de várzea sofrem com falta de estrutura e precariedade

Espaços cedidos pela prefeitura ao futebol amador têm problemas como baixa manutenção

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 jun 2018, 06h00 - Publicado em 29 jun 2018, 06h00

Quando foi inaugurado, em 2008, o campo de futebol de várzea da Chácara do Conde, no extremo da Zona Sul da cidade, recebeu a visita do atual presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), que deu o chute inicial de uma partida festiva. Uma década e três Copas do Mundo depois, a área municipal, uma das primeiras a receber grama sintética, tem tapetes que estão descolando, além de alambrados retorcidos e esburacados. A iluminação dos refletores funcionou no dia da estreia, graças a um gerador, e nunca mais.

O local é um dos 259 chamados Clubes da Comunidade (CDC) da cidade, que contam com equipamentos como campo, vestiário, arquibancada e aparelhos de ginástica. Voltados para times amadores (são mais de 2 500 em São Paulo) e projetos sociais, esses terrenos são cedidos pela prefeitura, mas sua gestão e manutenção são privadas.

Tudo é feito com base em verba de emendas parlamentares, captação junto a empresas e receitas obtidas com eventos e outras atrações. Seus diretores, eleitos a cada dois anos, precisam deixar tudo em ordem, sob pena de perder a concessão do uso. Cabe à prefeitura a fiscalização das estruturas.

O voluntário Magno Mendes, no CDC do Jardim Iporanga: condição precária (Sérgio Quintella/Veja SP)

Na semana passada, VEJA SÃO PAULO visitou 28 campos municipais. Metade deles apresentava problemas de manutenção. Parte do cenário de degradação se deve à crise financeira, que afastou a ajuda de empresários. Além disso, em 2017, vereadores destinaram, por meio de emendas parlamentares, 8,5 milhões de reais para CDCs de acordo com a escolha pessoal — o que pode causar desequilíbrio, beneficiando uns e não outros —, 20% a menos do que no ano anterior.

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No Jardim Iporanga, na Zona Sul, por exemplo, 300 jovens de uma escolinha convivem com o descolamento do gramado artificial e com equipamentos e materiais insuficientes. “Temos seis restos de bola e três jogos de uniforme emprestados”, lamenta o voluntário Magno Mendes. Na Vila Brasilândia, na Zona Norte, a denominação pomposa do Athletic Center Maradona, com piso de terra, esconde uma estrutura deficitária. Único espaço coberto do local, o vestiário se resume a uma casinha com dois chuveiros e dois vasos sanitários.

Campo soterrado na Vila Alpina: muito longe do glamour da Copa (Sérgio Quintella/Veja SP)

No último dia 21, o ambiente cheirava mal e não havia água para a descarga. “Infelizmente, não recebemos nenhum tipo de ajuda”, lamenta Edilson Diniz, conhecido como Maradona. Em nota, a Secretaria Municipal de Esportes afirma que realizou recentemente um recadastramento desses lugares e fará em breve uma vistoria nos endereços.

Outras estruturas da prefeitura que contam com campos amadores, como os Centros Educacionais e Esportivos (CEEs) — equipamentos maiores, com piscinas e outros atrativos —, também enfrentam dificuldades. Na Vila Alpina, na Zona Leste, os frequentadores do clube Arthur Friedenreich viram o campo principal ser literalmente soterrado pelas obras de um Centro Educacional Unificado (CEU), paradas há quase dois anos. “Perdemos o gramado e não ganhamos o CEU”, reclama um zelador informal do lugar.

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Ele apara o pouco de grama que sobrou de um espaço secundário aproveitado por seis times da região. Segundo a prefeitura, as obras pararam no fim da gestão Fernando Haddad e não há prazo para retomar os trabalhos. Outro imbróglio, que ameaçou os gramados de várzea no Campo de Marte, na Casa Verde, se vê praticamente resolvido.

Partida no Campo de Marte: seis campos virarão quatro (HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO/Veja SP)

No ano passado, a Aeronáutica, que manteve por décadas um litígio com a prefeitura sobre a posse do terreno de 2 milhões de metros quadrados (para efeito de comparação, o Parque do Ibirapuera tem 1,5 milhão de metros quadrados), assinou um acordo com o então prefeito João Doria para a construção de um parque. Decidiu-se que os campos serão mudados de lugar.

O problema é a quantidade: hoje há seis deles, gerenciados por meia dúzia de times, mas no novo local determinado cabem apenas quatro. “A saída é a gente se unir e definir quando cada um joga”, afirma Mauro Rodrigues, do Pitangueira Futebol Clube, fundado em 1938. “É só não inventarem de pôr grama sintética, pois várzea que é várzea é na terra ou na grama de verdade”, defende Rodrigues, que calcula um público de 5 000 pessoas por fim de semana no Campo de Marte.

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