Lixeiras novas já são depredadas no entorno do Anhangabaú
Comerciantes relatam que gestão não substituiu os itens furtados; com a pandemia, Centro sofre com agravamento de antigos problemas
Comerciantes do entorno do Vale do Anhangabaú notaram o sumiço de partes de novos mobiliários instalados pela prefeitura de São Paulo. Em 2020 a gestão Bruno Covas (PSDB) entregou a reforma dos chamados calçadões do centro.
Ao custo estimado de 54 milhões de reais, o poder público substituiu as antigas pedras portuguesas por concreto e bancos nos trechos de vias que são exclusivas para pedestres. A parte traseira das novas lixeiras instaladas, por exemplo, na Avenida São João, está desaparecendo.
“Antes o pessoal adorava roubar os cabos de fibra óptica. Mas tem algumas semanas que começaram a levar também as tampas das lixeiras novas”, conta Tiago Lisboa de Caires, 25, copeiro do restaurante Estrela da São João. Os furtos ocorrem principalmente no calçadão da São João: tanto no entorno do Centro Cultural dos Correios quanto próximo do trecho do Edifício Martinelli, quase na Rua São Bento.
Os comerciantes do pedaço contam que o sumiço das tampas de metal ocorre principalmente na madrugada (durante o dia a Guarda Civil Metropolitana costuma manter viaturas no entorno). Lucimara Andrade, 37, administradora do restaurante Base Paulistana, nota que as tampas estão evaporando aos poucos. “Notei que estão sumindo e já faz algum tempo”, conta.
Tiago afirma que até o momento a prefeitura não substituiu as partes roubadas. “O lixo não vaza, fica pendurado no saco, exposto. A reforma tá sendo mais usada pelos moradores de rua, que gostam de dormir nos bancos”, conta ele sobre o nítido aumento de pessoas em situação de vulnerabilidade social na região.
Furtos não são novidade por ali. No início do mês a Vejinha estampou capa sobre as dificuldades da região central, que vive (mais) uma onda de degradação após o início da pandemia da Covid-19. “Vejo roubos todos os dias embaixo da minha janela”, disse Bruno Bocchese, morador da Praça da República, na reportagem de Pedro Carvalho e Tatiane de Assis.
Dividindo os lados da São João que concentram os roubos das lixeiras fica o Vale do Anhangabaú, em uma eterna reforma que teve a entrega adiada seis vezes: o custo saltou de 80 para 105 milhões de reais. O primeiro prazo era para junho de 2021. Com o novo adiamento, o espaço, segundo a prefeitura, deve ser concluído até 1º de abril.
Procurada pela reportagem sobre os furtos das lixeiras, a prefeitura não se posicionou até o fechamento desta matéria. O espaço está aberto para manifestação.