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“Foram dez minutos de pânico”, diz piloto de avião

Osmar Fratini, que comandava aeronave onde estava a família de Luciano Huck e Angélica, conta como foram os minutos que atencederam o pouso de emergência 

Por Alexandre Nobeschi
Atualizado em 1 jun 2017, 16h51 - Publicado em 25 Maio 2015, 11h58

Na manhã de domingo (24), o avião que levava Luciano Huck, Angélica, os três filhos do casal (Joaquim, Benício e Eva) e duas babás sofreu uma pane quando sobrevoava Campo Grande (MS). O piloto, Osmar Fratini, foi obrigado, então, a fazer um pouso de emergência, aterrissando a aeronave de barriga em uma fazenda da região. “Houve muita gritaria. Muito pânico, mas conseguimos manter a calma e fazer o pouso. Minha felicidade é saber que todos estão bem”, diz Fratini. 

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O piloto, que tem mais de trinta anos de profissão, conta como foram os minutos que antecederam o pouso da aeronave. Confira o relato abaixo: 

“Ao começar a descida, que já estava autorizada pelo controle de tráfego aéreo, notei que havia acendido a luz amarela, indicando problema no filtro de combustível. Podia ser alguma obstrução, uma sujeira no combustível. Faltando dez minutos para chegarmos ao nosso destino, o motor esquerdo perdeu a força e fiquei com apenas um motor funcionando.

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Quando isso aconteceu, voávamos a uma velocidade de 225 nós [416 quilômetros por hora] e, de repente, já estávamos em 160 nós de velocidade [296 quilômetros por hora]. O avião começou a perder altura rapidamente. E comecei a ver a possibilidade de fazer um pouso de emergência.

Os passageiros perceberam que havia algo errado e houve muito pânico. Muita gritaria. Mas meu copiloto e eu conseguimos manter a calma. Nesses momentos, a gente não pode perder o foco. Tenho mais de trinta anos de carreira e mais de 8 400 horas de voo. Meu copiloto também é bastante experiente e foi muito importante para evitarmos uma tragédia. O Luciano Huck também percebeu a falha e entendeu nosso plano. Ele ajudou muito a passar tranquilidade para a família dele. Ele confiou muito no nosso trabalho.

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Com a perda de altitude, eu não tinha muitas opções. Não poderia perder tempo para achar uma pista de pouso. O único motor que funcionava não teria potência suficiente e cairíamos. Tomei, então, a decisão de fazer um pouso forçado, de barriga [sem o uso do trem de pouso], em uma fazenda. Procurei um lugar que estivesse livre e sem muitos obstáculos. Desliguei o único motor que funcionava -para que no pouso não tivesse chance de uma centelha provocar uma explosão- e fui fazendo a aproximação. Quando estava quase tocando o solo notei que havia gados no meio do caminho. Consegui levantar o avião, desviar dos animais e voltar ao plano de aterrissagem.

A aeronave foi deslizando por uns 450 metros. Estava tudo indo bem, mas encontramos um curva de nível no solo, bem comum em fazendas. Passar com o avião por ali é equivalente a passar com um carro em alta velocidade sobre uma lombada.

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Normalmente, quando se passa sobre um obstáculo assim, o avião bate o bico e vira de ponta cabeça. Foi a mão de Deus que não permitiu isso. O avião passou pelo obstáculo e subiu alguns metros, virando a 90 graus em relação ao solo. Consegui controlar a aeronave para que não ficasse de ponta cabeça e atingimos o chão.

Estava todo mundo muito assustado. Em choque. Acho que as crianças estavam chorando. Mas todos desceram andando, inclusive a Angélica e o Luciano. Deve ter sido a adrenalina. Desci por último, ajudei a tirar as bagagens da aeronave. Como eu havia batido a cabeça no teto do avião, sangrava muito. Tirei minha camisa e amarrei na cabeça para segurar o sangue. Fiquei acenando na pista para ver se conseguia chamar a atenção de alguém que passava por ali. Um fazendeiro da região nos viu e nos ajudou, chamando o resgate.

Fui o último a ser levado e, primeiramente, fui encaminhado a uma Unidade de Pronto Atendimento. Esperei horas ali sem ser atendido. Depois, a pedido do governador do estado e do Luciano, fui transferido para a Santa Casa. Levei sete pontos na cabeça e fiz tomografia, mas nada foi detectado. Estou bem. Agora é se recuperar do susto.

O Luciano me ligou para saber como eu estava. Se tinha sido bem atendido. Me deu todo o apoio. Minha felicidade é vê-los todos bem. Que nada grave aconteceu.

Sei que eles vão ficar um tempo traumatizados em andar de avião. É normal depois de uma situação como essa. Os filhos, como são pequenos, vão superar isso mais rapidamente.

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No meu caso, sei que faz parte da profissão. É o risco que a gente corre. Não tem jeito. O problema é que agora devo voltar a pilotar. Em casos assim, de acidente, é praxe a Anac pedir muitos exames médicos aos pilotos ou até mesmo suspender o piloto. Se tiver de ficar sem trabalhar, não sei como vou sustentar minha família. Aqui em casa só eu trabalho. E eu só sei voar.” 

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