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Familiares de dois homens mortos pela PM dizem que não houve socorro

A viúva de um deles afirma ter ficado mais de quatro horas no local e não ter visto qualquer ambulância, discordando da versão dos policias

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h05 - Publicado em 15 jun 2021, 15h31
A imagem mostra um policial militar ajoelhado, em frente ao carro branco, apontando a arma pra dentro.
Policias militares foram presos sob suspeita de executarem dois homens (Reprodução Twitter/Veja SP)
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Familiares de Felipe Barbosa da Silva, de 23 anos, e do estudante Vinicius Alves Procópio, de 19 anos, afirmam que os dois jovens mortos em um carro quando o veículo já estava parado não receberam atendimento médico, discordando da versão apresentada pelos dois policiais responsáveis pelas mortes. Os homens eram suspeitos de participarem de um assalto, de acordo com a polícia.

O sargento André Chaves da Silva e o soldado Danilton Silveira da Silva foram presos sob a suspeita de executarem os dois jovens em um Onix branco da marca Chevrolet. A decisão foi tomada pela Justiça Militar no último domingo (13) a pedido do Ministério Público Militar e da Corregedoria da PM. Os suspeitos não chegaram a disparar contra as autoridades. 

A esposa de Felipe Silva, que preferiu não se identificar, disse em entrevista ao G1 que recebeu uma ligação do marido se despedindo durante a perseguição e foi até o local, onde o encontrou sem vida.

“Eu corri pra lá. Eu estava longe do local, fui a pé, de chinelo, e ainda assim, quando cheguei, não tinha nenhuma ambulância. Éramos somente eu e muitos policiais. Das 19h40, quando cheguei, até a meia-noite, quando descobri que ele havia morrido, não houve qualquer atendimento médico”. Os dois PMs disseram em depoimento que acionaram uma ambulância quando perceberam que ainda havia sinais vitais nos dois homens.

A mãe de Vinicius Procópio também afirmou não ter visto qualquer movimentação para prestar socorro ao filho e o amigo dele. “Chegaram a socorrer uma auxiliar de enfermagem, que estava no carro da frente, mas não teve socorro para eles. Não foram socorridos em momento nenhum”.

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Nesta segunda-feira (14), um terceiro policial militar, também acusado de participar da ação, foi detido. Ele pilotava a viatura na perseguição do Onix branco e ficou no carro enquanto os outros dois PMs fizeram a abordagem. 

Registros

As mortes de Felipe Barbosa da Silva e Vinicius Alves Procópio aconteceram na última quarta-feira (9), mas as autoridades só tiveram ciência do episódio após um vídeo gravado por uma testemunha aparecer nas redes sociais. 

Nas imagens, é possível ver os dois PMs atirando diversas vezes contra os jovens. O veículo era roubado e estava junto de outros pertences do proprietário. Os dois policiais presos disseram que ambos os suspeitos portavam armas e que Vinicius Procópio chegou a tentar atirar, mas a arma falhou. 

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Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os policiais pediram para os dois homens suspeitos de participarem de um assalto pararem o carro. No entanto, os dois fugiram e acabaram batendo contra um poste. Na segunda abordagem, segundo o policial, um dos suspeitos apontou a arma e outro tentou o disparo, sem sucesso. Ainda de acordo com o relato, as autoridades dispararam de volta como defesa. 

O juiz do Tribunal de Justiça Militar, Ronaldo João Roth, responsável pela decisão de prender André e Danilton, afirmou que, “na apuração do envolvimento dos investigados, há prova do fato delituoso, apuradas por meio das imagens da ocorrência e dos depoimentos das testemunhas”.

Ainda no documento da sentença, os fatos apurados foram considerados gravíssimos, principalmente pelo óbito de dois civis, que foram baleados sem sair do veículo. Além disso, a abordagem adotada pelo sargento e o soldado descumpriu o Procedimento Operacional Padrão, o que, de acordo com o magistrado, coloca “em dúvida a credibilidade da instituição Polícia Militar, o que demonstra a necessidade da prisão para a garantia da ordem pública”. 

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Roth também suspeita de uma eventual fraude processual, com as armas das duas vítimas sendo implantadas na cena do crime. A SSP diz que as  investigações estão sob responsabilidade da Corregedoria da PM e do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa. A defesa dos policiais não se pronunciou até o momento. 

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