Esmaltes ganham grande desfile na cidade
Nail Fashion Week comprova consolidação na moda dos vidrinhos de ouro
Três meses atrás, executivos da Jequiti, empresa de cosméticos do Grupo Silvio Santos, saíram à caça de fábricas brasileiras para confeccionar a primeira linha de esmaltes da marca. Pesquisaram empresas pelo país todo, mas não encontraram nenhuma que já não estivesse trabalhando no limite da capacidade. Decididos a entrar nesse mercado a tempo para o próximo verão, restou como opção preparar seus produtos nos Estados Unidos.
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A pressa se justifica pelos números desse mercado, que está brilhando na intensidade de glitter (que, a propósito, compõe a fórmula de alguns dos lançamentos mais moderninhos da estação). Badalados na moda desde 2008, quando grifes como Chanel passaram a lançar cores bastante diversas das variações usuais de vermelho e branco, os esmaltes ganham mais espaço ano a ano com tons exóticos de azul, laranja e o que mais houver de diferente em cor e textura (outro hit, aliás, são as tintas “craqueladas”, que dão aspecto propositadamente quebradiço à unha).
Entre 2009 e 2010, o mercado de esmaltes no país deu um salto de quase 49%, chegando a faturar 500 milhões de reais, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). As novas projeções são otimistas. “Essa tendência de alta vai seguir a longo prazo”, aposta o vice-presidente da Jequiti, Lásaro do Carmo Júnior.
É nesse embalo que São Paulo abriga entre os dias 8 e 9 de junho sua primeira Nails Fashion Week, evento com cerca de trinta empresas participantes no espaço Vila dos Ipês, na Zona Oeste. Como nas semanas de moda tradicionais, os convidados são lojistas e clientes “especiais” das marcas. Haverá estandes com lançamentos, palestras e sessões de manicure. O ponto alto serão os desfiles, exibidos por telão para plateias de até 300 pessoas, em um formato pitoresco. As modelos contratadas simularão com os dedos de uma mão os movimentos de um par de pernas — como mostra, na foto, a modelo Caroline Bittencourt, que vai representar as tintas da grife francesa Givenchy.
Avon, Colorama e Sally Hansen (uma das marcas mais vendidas nos Estados Unidos) também estarão no evento, celebrando o espaço conquistado pelo produto. Ele terá ainda a presença de uma série de convidadas, como as blogueiras especializadas em falar apenas sobre os cosméticos para unhas. Com status de papisa do assunto, Juliana Lima, do blog Querido Esmalte, estará ali como comentarista dos desfiles, no debate comandado por Arlindo Grund, apresentador do programa Esquadrão da Moda, do SBT. “O esmalte hoje é um importante acessório de moda”, diz Luciana Medeiros, uma das organizadoras, que planeja dar à festa uma periodicidade anual.
Se depender das apostas dos grandes fabricantes do produto, o espaço no calendário está garantido. A Big Universo, com fábrica em Mauá, é uma das empresas impulsionadas por essa onda. Fundada há três décadas, tinha uma participação discreta no mercado, até fazer crescer 60% suas vendas entre 2009 e 2010, chegando a 450.000 vidrinhos por mês. “Começamos copiando o verde Jade da Chanel, e deu tão certo que continuamos”, conta Clarissa Ezaki, diretora da marca. “Não existe patente para a cor, o que facilita o nosso trabalho de buscar as tendências.”
Já a marca Bela Glamour começou em junho de 2010 a vender esmaltes pela internet e foi sucesso entre meninas antenadas nas tendências de cores, chegando a ter 5.000 seguidoras nas redes sociais, em que as novidades mais fresquinhas são anunciadas. Em abril deste ano, materializou-se no mundo real: ganhou loja própria no bairro de Perdizes, buscando estreitar o contato com as clientes que sentiam falta de ver o produto “ao vivo” antes de comprá-lo. Ali elas podem testar todas as cores e montar kits com cremes para as mãos e acessórios como alicates. “Nosso maior público são as mulheres das classes B e C, jovens e preocupadas com a moda. Mas, como os frascos custam a partir de 3 reais, até quem não tem poder aquisitivo alto fica atraído, porque é um jeito barato de estar bem produzida”, conta a dona da marca, Carolina Beatriz Scarpin.
Outra variação desse negócio são os salões fashion de manicure. Um dos mais badalados é o Picnicdric, que funciona dentro da loja da estilista Adriana Barra, nos Jardins. Ali, é possível escolher entre mais de 1.000 cores. Sair com as mãos pintadas de Dior, por exemplo, custa 35 reais, até 40 reais menos do que o valor de um vidro inteiro. “Sou apaixonada por esmaltes, e nossa ideia é permitir o acesso aos mais bacanas, sem que a cliente precise comprar o frasco inteiro”, diz Adriana.
No mesmo nicho, a Lilac Nails, no Itaim Bibi, aposta na mulher que adotou esse acessório de moda como rotina. “Atendemos a partir das oito da manhã, assim a cliente já sai arrumada para o trabalho”, explica Luciane Chelegao, proprietária do salão, onde se gastam 20 reais para ter as unhas feitas. “E a vantagem, aqui, é que não há aquele barulho chato dos secadores de cabelo, como acontece nos salões.”