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Entregador denuncia episódio de racismo enquanto trabalhava em Pinheiros

Defesa do acusado, que acabou agredido por outros entregadores, nega o crime. Caso aconteceu na terça (17) e ganhou repercussão nas redes sociais

Por Guilherme Queiroz
18 out 2023, 15h31
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  • Um entregador relata que ouviu falas racistas enquanto trabalhava em Pinheiros, Zona Oeste da capital paulista, na tarde de terça-feira (17). O caso ganhou repercussão nas redes sociais após ser compartilhado pela apresentadora do GNT Stephanie Ribeiro, que presenciou a chegada da polícia ao local.

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    Frederico Florentino Bischof, 42, nega as acusações, diz que não teve a intenção de injuriar qualquer pessoa e relata que teve falas tiradas de contexto quando narrava para colegas de trabalho uma história familiar (veja mais abaixo). Vídeos mostram o acusado sendo agredido com socos e chutes por um grupo de entregadores. Segundo o homem que denunciou o caso, Renato da Silva Santos, 31, que trabalha como músico e entregador, Bischof teria dito frases racistas quando ele saía do local após finalizar uma entrega. A defesa de Bischof nega as frases narradas por Santos.

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    Uma publicação compartilhada por Stephanie Ribeiro (@ste_rib)

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    Tudo começou quando Santos chegou no prédio de bicicleta, no número 1212 da Rua Arthur de Azevedo, levando um pedido. “Em frete ao prédio tinham cerca de 5 pessoas. Uma delas estava fazendo comentário em um volume bem alto, para todos ouvirem”, diz Santos. Ele relata que ouviu Frederico Bischof dizer que “Manoel (Soares, ex-apresentador da TV Globo) foi demitido da Globo porque vivia falando frases de preto, que só interessava gente da espécie dele e mais ninguém”, o que é negado pelo acusado.

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    O entregador entrou no prédio, deixou o pedido e, quando ia embora, relata que ouviu outra frase de Bischof: “Preto pode ter tudo, até smartphone, que vai continuar pulando que nem macaco, e depois vai se vitimizar como preto na internet”, que também é negada pela defesa de Bischof.

    O rapaz conta que subiu na bicicleta, pedalou por poucos metros para ir embora, mas incomodado, retornou até onde Bischof estava. “Voltei até ele e disse que era um absurdo o que ele falou, além de ser racismo. Ele veio agressivo para cima de mim, começou a me ofender. Ele estava se referindo a outras pessoas, mas qualquer um que passasse no local ia se irritar”, diz Santos.

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    Iniciou-se então uma discussão entre os dois, que culminou com a chegada de um grupo de entregadores, que começaram a gritar “racista!” para Bischof. O caso escalou e o grupo de entregadores acabou agredindo Bischof com socos e chutes, como mostra um vídeo. Renato afirma que tentou evitar as agressões e diz que não agrediu Bischof. “Entrei no meio, falei que não era para ninguém por a mão nele e queria que ele respondesse juridicamente”, diz Santos.

    O acusado, por sua vez, confirma que o entregador não o agrediu, mas diz que ele incitou o grupo a atacá-lo.

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    Nas imagens abaixo, Renato Santos é o homem de camisa verde e branca e Bischof é o homem careca, que acaba levando socos e chutes ao final.

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    Na versão de Bischof, ele narrava para o grupo de amigos do trabalho a história de vida de um primo, Jerri Elias, que foi chamado para depor na delegacia e defendeu o parente. Jerri, um homem negro, teria nascido em uma família pobre e seria ex-usuário de drogas, mas saiu do vício e se formou engenheiro. Bischof afirma que quando Renato passava pelo local e ouviu a conversa, ele estava criticando a conduta dos filhos do primo, que possuíam “TV de 50 polegadas e se vitimizavam sem terem passado pelo que Jerri passou”.

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    “Ele (Jerri) confirmou a história e disse que nunca ouviu qualquer tipo de fala racista do Frederico”, diz a advogada Maria Julia Moreira, do escritório Mendonça e Marujo Advogados, da defesa do acusado. “O Frederico não teve intenção de injuriar qualquer pessoa e não praticou qualquer crime”, afirma Maria Julia. 

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    “O Renato (Santos) deu duas, três pedaladas, voltou e disse que o que o que ele (Bischof) tinha dito era crime. Ele usou uma justificativa clássica, dizendo que tem parentes pretos e começou uma discussão mais exaltada. Algumas pessoas tentaram agredir o homem racista. O Renato tentou conter os ânimos, desde o começo ele manifestou um desejo que ele fosse punido nos termos da lei e não linchado publicamente”, diz uma das advogadas do entregador, Roberta Di Ricco Loria.

    A apresentadora do GNT Stephanie Alves caminhava pelo local e conta que viu a polícia abordar de forma truculenta Renato Santos. A Polícia Militar foi acionada após o início da confusão com o grupo de entregadores. “Estava passando na rua e vi um menino negro caído no chão, com policiais em volta dele. Ele se levantou e disse para mim: sofri racismo”, diz Stephanie.

    “A polícia chegou levantando a minha camiseta, como se eu estivesse armado”, conta Santos. “Abordaram o Renato perguntando se ele tinha passagem. E o Renato respondeu que nunca foi preso e nunca esteve em uma delegacia. É um caso raro em que a vítima é trazida para a delegacia no camburão”, afirma a advogada Roberta.

    Em nota, a Secretaria de Segurança Pública respondeu sobre o caso que “um homem de 42 anos é investigado por racismo. Policiais militares foram acionados para atender a ocorrência e no local ouviram os envolvidos individualmente”, diz o texto. “A vítima, um entregador de aplicativo, de 31 anos, relatou que foi realizar uma entrega quando escutou o investigado realizando comentários racistas. Ambos foram conduzidos ao 14º DP onde o caso foi registrado. As diligências prosseguem para esclarecer os fatos”.

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