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Parceria entre prefeitura e ONG ajuda a empregar moradores de rua

Desde janeiro, 1 045 pessoas foram contratadas por cinquenta companhias através do programa Trabalho Novo

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
28 jul 2017, 18h34

Aos 36 anos, Ivanice Martins já morou em abrigos, favelas e ocupações de imóveis e terrenos. Em 2015, viveu seu maior drama: a morte de um de seus sete filhos, Marcos, de 15 anos, após uma parada cardiorrespiratória devido ao uso de drogas. Depois da tragédia, obteve uma vaga fixa para a família em um albergue municipal no centro, onde vive até hoje.

No local, ela foi encaminhada, em abril, para um curso motivacional de quarenta horas promovido pela ONG Rede Cidadã, com orientações sobre como conseguir um emprego e se manter nele. Deu certo. Há dois meses, ela e sua primogênita, Stefany, de 20 anos, foram contratadas pelo McDonald’s da Rua Direita como atendentes, ambas com salário de 968 reais por mês. “Agora, vejo algum futuro”, conta.

Essa é uma das histórias do programa Trabalho Novo, uma parceria entre a prefeitura e a ONG Rede Cidadã para inserir moradores de rua no mercado profissional.

Desde janeiro, quando foi criado, ele empregou 1 045 pessoas nessas condições em cinquenta companhias, como Fototica, Fran’s Café e Vivenda do Camarão. “Vamos chegar a 10 000 vagas preenchidas até julho de 2018”, diz Filipe Sabará, secretário de Desenvolvimento Social, pasta responsável pelo projeto.

Prefeitos anteriores, como Gilberto Kassab e Fernando Haddad, também implantaram programas semelhantes, mas as oportunidades se limitavam a serviços de limpeza urbana.

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A longo prazo, muitos desistiam das atividades. “Agora, há uma variedade de funções e acompanhamento por parte da Rede Cidadã, mesmo após as contratações”, diz Annita Gallucci, proprietária da Guima Conseco, que atua na prestação de serviços em companhias como o Metrô. Ela aderiu à empreitada há sete meses e, desde então, assinou contrato com 152 inscritos.

Santana: vaga no restaurante Coco Bambu (Leo Martins/Veja SP)

De acordo com especialistas como Daniel de Sousa Filho, psiquiatra do Hospital Albert Einstein, ainda é cedo para avaliar o sucesso da iniciativa. “As empresas precisam estar preparadas para casos adversos, como crises de abstinência em usuários de drogas. Se não estiverem, o programa ficará comprometido”, alerta.

A transexual Tânia Alexandre é um desses casos complexos. Ela respondia a um processo por tráfico de drogas e acabou sendo presa em julho, semanas depois de ter começado a trabalhar como estoquista da Riachuelo. “Tânia vai voltar para cá depois que for solta”, garante Gabriel Rocha Kanner, gerente comercial e herdeiro da empresa.

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De acordo com Sabará, a ocorrência de apenas 94 demissões desde o início do programa é a maior prova de sua eficiência. “Isso mostra uma retenção de 91%”, afirma. Os parceiros não usufruem nenhuma vantagem extra com as contratações. Ainda assim, segundo os gestores, compensa participar do programa porque é uma maneira de exercer uma atividade social.

Eles também acreditam que as pessoas beneficiadas tendem a ser mais motivadas que a média geral. “Elas se sentem agradecidas e atuam com maior afinco”, afirma Ronald Aguiar, um dos donos da rede de restaurantes Coco Bambu, que admitiu cinquenta moradores de rua e espera dobrar o número até o fim do ano.

Um deles é o auxiliar de serviços gerais João Carlos Santana, de 65 anos, contratado em maio. “Fui para a rua após minha casa pegar fogo”, conta. “Não vejo a hora de alugar um quartinho e voltar a ter minha privacidade.”

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