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Livro reconta a história do Hospital Emilio Ribas, fundado em 1880

Na época, estabelecimento ficava nos limites da cidade, onde hoje fica a Avenida Rebouças

Por Mariana Barros
Atualizado em 1 jun 2017, 18h39 - Publicado em 26 nov 2010, 21h15

Os jardins do Instituto de Infectologia Emilio Ribas são muito mais do que um recurso paisagístico. Fazem parte de uma arquitetura estrategicamente pensada para isolar doentes e evitar contaminações. Seguindo essa lógica, o local escolhido para sua construção foi um terreno mais afastado da cidade, próximo à Estrada dos Pinheiros, numa colina em que os ventos raramente sopravam em direção ao centro: em plena Avenida Doutor Arnaldo. Em 1880, porém, a via ainda nem existia, e a tal estrada, hoje chamada Avenida Rebouças, representava os limites a oeste da capital. A finalidade do prédio ali erguido era tratar dos paulistanos contaminados pela varíola, o que lhe rendeu o nome de Lazareto dos Variolosos.

A trajetória do instituto, tão misturada à da cidade, é contada em “Do Lazareto dos Variolosos ao Instituto de Infectologia Emilio Ribas — 130 Anos de História da Saúde Pública no Brasil” (Editora Narrativa Um, 192 págs., 70 reais). Coordenada por Fátima Aparecida Chiuratto e escrita pelos historiadores Roney e Monica Cytrynowicz, a obra se inicia com o debate na Câmara Municipal sobre a necessidade de erguer um local que abrigasse os acometidos por uma epidemia de varíola que acabara de eclodir. Mortes provocadas por um surto anterior da doença já haviam motivado a construção às pressas do Cemitério da Consolação, o primeiro da capital. “É empolgante o registro de uma instituição criada a partir de uma discussão política sobre isolar pacientes e que hoje se tornou referência nacional”, afirma o infectologista David Uip, diretor do instituto e autor do prefácio.

Emilio Ribas 2193
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A obra reconta os esforços para combater uma série de males que assolaram a cidade desde o século XIX, como difteria, febre tifoide, peste bubônica, gripe espanhola, febre amarela e meningite, até a década de 80, com o aparecimento da aids. O Hospital de Isolamento, como passou a ser chamado no fim do século XIX, ganhou o nome de Emilio Ribas em 1932, em homenagem ao cientista médico que descobrira ser o mosquito o vetor de transmissão da febre amarela, o que conferiu a ele projeção internacional. O local foi ainda pioneiro na contratação de enfermeiras.

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Emilio Ribas 2193
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Na década de 50, com as alunas da Escola de Enfermagem da USP se graduando, o atendimento tido como modelo se profissionalizou ainda mais. Ao voltarem do trabalho de madrugada, porém, elas eram confundidas com prostitutas. Pelo senso comum da época, essa era a única explicação possível para uma moça andar pela rua naquele horário. “A cidade se expandiu por ter um serviço de saúde organizado, o que atraiu imigrantes e desenvolvimento”, diz Roney Cytrynowicz. “O instituto abriu um novo capítulo na história de São Paulo, em que ela se torna uma metrópole de fato.”

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