Como melhorar os resultados do ensino fundamental?

Confira as respostas de Geraldo Alckmin (PSDB), Paulo Skaf (PMDB) e Alexandre Padilha (PT) para as perguntas de Angela Dannemann, diretora executiva da Fundação Victor Civita, sobre educação

Por Sérgio Ruiz Luz, Mauricio Xavier e Alexandre Nobeschi
Atualizado em 5 dez 2016, 14h02 - Publicado em 27 set 2014, 00h00
Capa Eleições - Educação - 2
Capa Eleições - Educação - 2 (MATHEUS HIPÓLITO/ESTADÃO CONTEÚDO/)
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Geraldo Alckmin: A primeira prioridade é o professor. Temos hoje uma escola de formação e aperfeiçoamento desse profissional, a Paulo Renato Souza, com 60 000 matriculados. É preciso também valorizar a carreira. Por isso, estamos dando aumentos acima da inflação e contratamos para a rede estadual mais de 70 000 professores nos últimos três concursos públicos. Com o conjunto de ações dos anos recentes, avançamos muito. Há vinte anos, registrávamos uma evasão escolar de 9,5% no ensino fundamental. A taxa hoje é de 2,6%. No ensino médio, ela caiu de 21% para 4,7%. Temos quase 96% dos alunos alfabetizados, o melhor índice entre todos os estados brasileiros. E precisamos avançar mais. Sou otimista, pois São Paulo investe alto, quase 30% de seu orçamento, no setor da educação.

Paulo Skaf: Implantarei o período integral no 1º ano do ensino fundamental em 2016 e, a partir daí, gradativamente, incluirei as demais séries. Isso significa que, no término do mandato, em 2018, teremos 480 000 alunos matriculados nos primeiros quatro anos em 1 800 escolas reformadas ou novas. E sem progressão continuada, pois vou acabar com a aprovação automática. Trata-se de algo para ser realizado no prazo de uma década: a educação não pode ser um projeto de governo, mas de estado. Pretendo deixar tudo planejado para que 2,2 milhões de estudantes do ensino fundamental estejam em período integral até 2024. E, paralelamente a isso, será imprescindível realizar um programa de valorização e atualização dos professores, que devem ser respeitados, pois a missão de educar é sagrada.

Alexandre Padilha: A primeira medida é acabar com a aprovação automática, implantada pelo PSDB. O estudante atualmente recebe uma nota para passar de ano, mas não ganha conhecimento. Não aprende matemática nem português. Não se aprofunda em nada e não vislumbra nenhuma possibilidade no mercado de trabalho. Também é fundamental valorizar o professor. O Plano Nacional de Educação estabelece que os docentes recebam salário compatível com o de outros profissionais de nível superior. Isso significa dobrar a remuneração deles. Quero que São Paulo seja o primeiro estado a cumprir essa meta. Na prefeitura de São Paulo, o PT, com a Marta Suplicy, implantou os CEUs. No estado, vou criar o CEU da Juventude, voltado para o ensino médio, sobretudo nas áreas mais vulneráveis.

 

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  • Quais erros de gestão não podem se repetir na USP?

 

Geraldo Alckmin: Como as outras universidades paulistas, a USP precisa de um bom reitor. Nomeamos no fim do ano passado um profissional muito bem preparado para o cargo, o Marco Antonio Zago. A USP sofreu nos últimos anos com a economia. Parte do ICMS recolhido no estado vai para seus cofres. Quando o país estava crescendo e o montante arrecadado com esse tributo acompanhou esse ritmo, houve um aumento elevado da folha salarial da instituição. Com a desaceleração da economia nos últimos anos, chegou menos dinheiro à universidade, o que gerou o desequilíbrio nas contas. Mas acredito que essa situação seja passageira. O Brasil vai voltar a crescer, e a USP terá mais recursos no futuro. Ela continua sendo uma das melhores universidades do mundo. Mas é preciso melhorar a relação entre o seu orçamento e os gastos com pessoal.

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Paulo Skaf: É nítido que há um problema de gestão na USP. Acho que a prioridade, neste momento, é ter em mente que não se deve aumentar o investimento de recursos. Porque primeiro é necessário corrigir esses erros. Caso contrário, só vamos provocar mais desperdício de dinheiro. A questão é que instituições como essa possuem autonomia financeira para gerir o próprio orçamento. Diante dessa situação, o que um governador pode fazer é colaborar como for possível. Ele tem a obrigação de se interessar por todos os temas que envolvem o estado, ainda que sejam de responsabilidade prioritária da prefeitura, do governo federal ou mesmo de uma universidade. Minha intenção é estar presente nas mais diversas questões para apoiar, cobrar, acompanhar e executar ações em relação à USP, com o objetivo de recuperar esse grande patrimônio do estado.

Alexandre Padilha: A crise financeira da USP tem um responsável: o governador José Serra, que indicou João Grandino Rodas para o cargo de reitor. O PSDB rompeu com a tradição que existia de escolher o nome da pessoa indicada pela comunidade acadêmica para encabeçar a lista tríplice. Rodas não era o nome preferido. Sua gestão foi desastrosa e gerou a crise financeira. Para superá-la, é preciso destinar mais recursos para a universidade, assim como para a Unicamp e a Unesp. O envio de mais verba estaria vinculado a projetos de novas tecnologias e ao compromisso de as instituições ajudarem na melhora da educação básica, abrindo os câmpus para a sociedade e dando suporte para qualificar os professores do estado. Também defendo a ideia de que nossas três universidades continuem gratuitas. Não pode haver cobrança de taxa, como alguns candidatos aventaram em outros momentos.

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