Janaína do Prado: “Ela tremia e tinha taquicardia”
A professora municipal de 36 anos é moradora de São Miguel Paulista, na Zona Leste
“Minha filha usava drogas já fazia dois anos quando percebi o que estava acontecendo. Demorei demais, e me culpo por isso. A mudança se deu aos poucos. Ela passou a andar com um pessoal esquisito, foi ficando apática e dispersiva, até começar a sumir por aí. Hoje está com 16 anos de idade. No último réveillon, simplesmente evaporou. Reapareceu cinco dias depois. A cabeça da gente parece que vai explodir, sinto que vou ficar maluca. Além dela, tenho mais três filhos, maravilhosos, nenhum me dá problema. Sou professora municipal e eles me acompanham durante o trabalho, têm aula e atividades no mesmo local onde leciono. Mas ela não posso trazer comigo. Na semana passada, com muito custo, consegui convencê-la a me encontrar no Cratod para se submeter a um tratamento. Queriam que eu me internasse junto, porque ela é menor de idade. No fim, consegui deixá-la lá evoltei na manhã seguinte. Horas depois, nós duas entrávamos numa ambulância. Ela estava sendo transferida para um leito no Hospital das Clínicas, onde vai passar pelo menos quarenta dias internada. O espaço é ótimo, tem quarto individual e TV. Eu a visitarei nos fins de semana. Quando saí, minha filha tremia e tinha taquicardia. Fazia dois dias que não usava crack, por isso sofria com a crise de abstinência. Não sei como será quando ela for liberada, mas acredito que fiz o melhor.”
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