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Educação a distância: plataforma conecta alunos com tutores em tempo real

Criado em 2016, TutorMundi atendeu 70 000 estudantes em 2020; por meio de inteligência artificial, aplicativo procura profissionais para resolver dúvidas

Por Fernanda Campos Almeida
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h29 - Publicado em 26 mar 2021, 06h00
À esquerda, Raphael Coelho, e à direita, interface do aplicativo TutorMundi
À esquerda, Raphael Coelho, fundador do TutorMundi; à direita, interface do aplicativo TutorMundi (Gabriel Fortes/Divulgação)
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Alunos com alguma dificuldade específica enquanto estudam buscam por aplicativos de educação a distância que os auxiliem nas tarefas escolares em casa. O ensino virtual implantado devido à pandemia do coronavírus, sem ter um professor presencialmente, fez aumentar essa procura. É o caso do TutorMundi, aplicativo de tutoria on-line lançado em 2016, que passou de 30 000 para 70 000 alunos em 2020.

O criador, Raphael Coelho, 39, é formado em engenharia de automação, mas se apaixonou pela área da educação desde que tirou a nota mais alta em matemática no vestibular da Universidade Federal de Santa Catarina, aos 18 anos, e foi convidado a lecionar a matéria e a disciplina de física no ensino médio de uma instituição para cinco turmas. “Mesmo formado, trabalhando como engenheiro, continuei atuando como professor”, relembra.

A ideia do negócio veio enquanto Raphael estudava inglês sozinho e tinha dúvidas pontuais sobre o conteúdo. “Não precisava contratar aulas particulares. Queria replicar aquela experiência de resolver a questão com um amigo na sala de aula, mas não encontrei nenhum sistema que fizesse isso.”

A plataforma conecta o aluno a um tutor em tempo real, basta tirar uma foto do problema ou digitar a pergunta e a ferramenta procura, por meio de inteligência artificial, o profissional mais adequado para responder àquela questão. A comunicação é feita por chat, imagens, mensagens de vídeo e/ou de voz, e o atendimento fica disponível 24 horas, sete dias por semana. O usuário pode marcar os tutores favoritos e o sistema indica quando estão conectados para serem consultados novamente.

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O contrato do app garante que 80% dos chamados serão respondidos em até cinco minutos. Na prática, de acordo com Raphael, a taxa chega a 95%. O índice de resposta é acompanhado pela empresa todos os dias.

O recurso é indicado para todo estudante que está entre o sexto ano do ensino fundamental e o cursinho pré-vestibular. Ele dispõem de profissionais que cobrem todas as matérias escolares, incluindo inglês e redação, além de disciplinas gerais dos primeiros anos universitários, como química I e II dos cursos de engenharia. Não há limite de tempo para a duração das explicações. O empreendedor conta que há conexões que levam de cinco minutos a três horas. Aulas particulares avulsas no app custam 30 reais a hora e o tempo pode ser dividido entre diferentes professores.

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Uma mão segurando um celular. Na tela, interface do aplicativo TutorMundi
Interface do app: todas as disciplinas escolares em um clique (Divulgação/Divulgação)

Os interessados em ensinar na plataforma devem estar matriculados na universidade e precisam se cadastrar no site. Depois, selecionar os tópicos que sabem orientar e passar por um processo seletivo rigoroso de duas etapas e treinamento.

Primeiro, os documentos pessoais e acadêmicos dos candidatos — incluindo atestado de antecedentes criminais — são analisados. Segundo, devem explicar algumas questões à equipe da empresa para provar não só a assertividade das respostas, mas a didática. “Apenas na sessão de matemática, o tutor mais rápido demorou três horas e meia para terminar o teste e o mais devagar, sete horas”, conta o empresário.

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Ele estima que apenas 20% dos inscritos são contratados. A partir daí os tutores são instruídos sobre como lidar com alunos com dificuldade em aprender e começam os atendimentos. Ao longo do trabalho, precisam manter uma avaliação de 4,5 pontos (de uma escala que vai até 5), atribuída pelos próprios estudantes, caso contrário, são eliminados da ferramenta. “É assim que a gente garante a qualidade”, afirma Raphael.

Atualmente, mais de 2 000 tutores estão cadastrados no Brasil, 340 apenas em São Paulo. “O TutorMundi me deu coragem para pedir demissão do meu antigo emprego, onde adquiri síndrome de Burnout, e melhorou minha autoestima com o carinho e os elogios dos alunos. Virou minha principal fonte de renda”, conta a pós-graduanda em docência da língua portuguesa Thaís Cristina Benedetti, 27, que está disponível para sanar dúvidas de sociologia, filosofia e inglês, além de revisar redações das 14 às 23 horas no app.

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O valor pago varia de 10 a 50 reais a hora, dependendo dos algoritmos da plataforma, que levam em consideração como os tutores se saíram na seleção, a universidade em que estudam, a velocidade com que atendem aos chamados, como são pontuados pelos pupilos etc.

Na pandemia, o carro-chefe do TutorMundi é a parceria com escolas e cursinhos preparatórios para oferecer o serviço aos alunos matriculados. “Um diretor me ligou dizendo que descobriu que três alunas estavam usando o app e contratou para a sala toda.” O preço de aquisição depende de quanto tempo o aplicativo ficará disponível e a quantidade de estudantes.

Raphael criou a plataforma com 100 000 dólares, na região do Vale do Silício, nos Estados Unidos, com o colega de faculdade Alexandre Tondello, o engenheiro Thomas Machado e o programador holandês Bart Sturm, e sediou a empresa no centro de empreendedorismo tecnológico Cubo Itaú, na Vila Olímpia. Em junho de 2020, o TutorMundi ficou entre as 100 edtechs mais inovadoras da América Latina na categoria “tutoria e preparatório para exames” pela consultoria americana HolonIQ.

Raphael Coelho sentado em um sofá
Raphael Coelho: fundador do TutorMundi (Gabriel Fortes/Divulgação)

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Publicado em VEJA São Paulo de 31 de março de 2021, edição nº 2731

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