Eduardo Carneiro
Presidente da AACD desde 2006, ele comemorou os sessenta anos da associação que atende 5 700 pacientes por dia
Da última vez que Eduardo Carneiro, 57 anos, recebeu um “não” como resposta, tinha dez anos. Seu pai saíra para pescar em São Sebastião e ele, a mãe e os três irmãos foram passar o dia na casa de um tio. À tarde, o telefone tocou. Quando o tal tio atendeu, informaram que o pai de Carneiro tivera um infarto. “Fiz milhões de promessas, mas tudo o que recebi foi um enorme não da vida”, lembra. Seu pai estava morto. Desde então, Carneiro decidiu que nunca mais seria vencido por um “não”.
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Empresário do setor imobiliário, ele é voluntário da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) há nove anos e diretor-presidente desde 2006. Nos telefonemas atrás de doações ou nas andanças pelos corredores, ele busca solução para tudo. No mês passado, incumbiu a equipe de bioengenheiros de criar um carrinho que fosse uma cadeira de rodas tripla. O intuito é facilitar os deslocamentos de uma mãe de três filhos deficientes, cujo pai os abandonou. “Não bastou eu pedir, comecei a desenhar. Se bobeasse, estaria serrando os materiais.”
A AACD, que completou seis décadas, atende em sua rede 5 700 pacientes por dia, na maioria crianças. Carneiro diz se reconhecer em vários dos pequenos. “Sempre me emocionei com quem é carente de coisas que o dinheiro não pode comprar.”
Casado há 29 anos com a administradora Valéria Carneiro, voluntária como ele e presidente da Associação Amigos do Coração do Incor, tem três filhos adultos, que mantém sob as asas como filhotes. Sobre o caçula, Eduardo, de 20 anos, brinca que quando nasceu era “vesgo, horroroso” e hoje se tornou um homem lindo. “Ainda que tivesse ficado feio, isso não tem a menor importância. O amor não está na embalagem, mas no olhar”, afirma, com os olhos vívidos.