Documentários resgatam glórias de grandes clubes de futebol
Produtora paulistana Canal Azul está por trás dos lançamentos. Mais títulos sobre o mundo da bola já estão programados
A torcida santista tem mais um motivo para vestir a camisa, entoar o hino e levantar a bandeira alvinegra. Como parte das comemorações do centenário do clube, será lançado o documentário “Santos, 100 Anos de Futebol Arte”. Durante 94 minutos, o filme conta a trajetória da agremiação fundada no dia 14 de abril de 1912 na maior cidade do nosso litoral, com ênfase nos gloriosos anos de Pelé, nos grandes títulos levantados por craques de gerações mais recentes, como o atacante Robinho (hoje atuando no Milan), e na estrela máxima do atual futebol brasileiro, Neymar. Numa das cenas mais tocantes, ele aparece ajoelhado no gramado do Pacaembu comemorando a conquista do tricampeonato da Libertadores, em junho do ano passado. A fita deve estrear na sexta (6). “Costurei o passado e o presente, trazendo imagens históricas ao lado de partidas e entrevistas atuais”, conta a diretora, e santista apaixonada, Lina Chamie.
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Por trás das câmeras, quem suou a camisa para viabilizar a história foi Ricardo Aidar, de 44 anos, proprietário da produtora paulistana Canal Azul. Fundada em 1995, a empresa tem no currículo mais de cinquenta documentários sobre o meio ambiente. Há três anos, porém, resolveu atacar num campo diferente, cuidando da realização do filme “23 Anos em 7 Segundos”, a respeito da épica conquista do campeonato paulista de 1977 pelo Corinthians, que tirou o Timão de uma seca de mais de vinte anos sem títulos. Outros dois filmes sobre ele se seguiram a este, e a empresa já está tocando mais seis roteiros ligados ao mundo da bola.
No negócio, como se vê, não há espaço para fidelidade clubística. Considerando a relação dos grandes do futebol paulista, apenas o São Paulo ainda não virou tema de um projeto (Aidar recusa-se até a falar o nome de sua equipe de preferência, possivelmente com medo de afastar futuros clientes). “Estamos tentando preencher um vazio que existe no país, onde a memória dos eventos esportivos nunca mereceu muita atenção”, afirma ele, que conta com parcerias com empresas como Bradesco e Carrefour para viabilizar os longas. Somente o do Santos custou 2,2 milhões de reais. O empresário não comenta detalhes do retorno financeiro dos investimentos. “Ainda não foi o esperado, mas vamos continuar apostando no potencial do assunto”, desconversa.
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Para retraçar a história dos times, o Canal Azul precisa fazer um trabalho de arqueologia boleira. Muitos registros importantes das décadas de 60 e 70 se perderam nas emissoras de TV ou estão em péssimo estado de conservação. “No caso do Santos, parti para o boca a boca, procurando imagens de arquivos particulares de torcedores da Baixada”, relata a historiadora Eloá Chouzal, que trabalhou no documentário. Na busca, ela acabou topando com pepitas como um raro álbum de fotos da esquadra de 1962, pertencente à filha de José Gomes, prefeito de Santos na época. As imagens do passado têm a capacidade de emocionar as gerações mais recentes de torcedores e funcionam com uma homenagem aos protagonistas dos espetáculos nos gramados. “Rever na tela os fãs invadindo o campo depois do meu gol que consagrou a vitória do Peixe no Paulista de 1955 foi inacreditável”, diz o lendário ponta-esquerda Pepe, hoje com 77 anos, considerado por muitos o segundo maior jogador da história da equipe, depois do Rei. “Esse momento me fez rejuvenescer.”
Em cima do lance
Os principais filmes da empresa e os que estão em fase de produção
Documentários já lançados
■ “23 Anos em 7 Segundos: 1977 – O Fim do Jejum Corinthiano” (2009)
■ “Todo Poderoso: o Filme” (2010)
■ “4x Timão” (2011)
Próximos projetos*
■ “Santos, 100 Anos de Futebol Arte” (2012)
■ “12 de Junho de 93 — O Dia da Paixão Palmeirense” (2013)
■ “1976 — O Ano da Invasão Corinthiana” (2013)
■ “O Conquistador da América” (2013)
■ “Meninos da Vila” (2013)
■ “Santos de Todos os Gols” (2014)
■ “Palmeiras, o Campeão do Século” (2014)
* Os títulos podem sofrer alterações