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Luzes em meio à escuridão total

Florêncio Neto fala sobre as conquistas do filho Bruno, que é cego

Por Mauricio Xavier
Atualizado em 5 dez 2016, 17h50 - Publicado em 13 ago 2011, 00h50

“Às vezes, em casa, fecho os olhos por alguns minutos para tentar me colocar na mesma situação do Bruno, e não consigo fazer nada. Fico impressionado como ele vive dessa forma. Há uns dias, passei por uma experiência curiosa na fábrica onde eu trabalho. Faltou luz na hora do jantar e os outros funcionários ficaram nervosos porque não enxergavam. Nessas horas eu penso: ‘Esse menino é um herói mesmo’.

Só descobrimos o problema na visão quando ele tinha 1 ano de idade. Na hora, a gente não queria acreditar: ‘Ah, isso não pode ser verdade’. Foram vários exames e, até chegarmos a uma conclusão definitiva, consultamos muitos médicos. Quando veio a confirmação da cegueira total, eu fiquei desesperado, chorei bastante. Mas a verdade é que ele trouxe uma mudança total para a minha vida. Passei a ver o mundo de um modo diferente, a dar mais valor às coisas, aprendi muito.

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As pessoas que enxergam agem geralmente na base da cópia, fazem algo de um jeito porque sempre viram assim. O Bruno, não. Consegue imaginar e executar à sua maneira. Acho que meu filho é capaz de tudo. A única coisa que eu digo para ele não pensar é em dirigir. Ele pede, pergunta se um dia vai pegar o carro, mas eu nem gosto de comentar isso. Não sei o que dizer.

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Nós sempre jogamos futebol na garagem. Desde pequeno, ele se agachava de um lado e eu chutava ali. Há uns quatro anos, ganhamos uma bola com guizo de um colega. Brincar de futebol com o meu garoto é um sonho realizado. Somos corintianos, só que ainda não fomos juntos a um estádio. Por enquanto não acho legal por causa da violência, eu me sinto inseguro. Pretendo levá-lo um dia.

Mas meu maior medo é do futuro. A gente tenta, da melhor maneira, prepará-lo. Como não pode assistir à televisão, o Bruno gosta muito de música e diz que quer ser DJ. De vez em quando, ele me surpreende com as suas perguntas. Sempre quer saber se nós dois somos realmente parecidos. Digo que sim. Então ele passa a mão no meu rosto para conferir e concorda. ”

Florêncio Marques da Silva Neto, 39 anos, metalúrgico, pai de Bruno, 12, cego

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