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Reza e vigilância da PM marcam primeiro dia após reintegração do Parque Augusta

Segundo presidente de uma das construtoras donas do local, venda do terreno para a prefeitura é pouco provável; espaço está avaliado em 240 milhões de reais

Por Marcus Oliveira
Atualizado em 5 dez 2016, 12h44 - Publicado em 5 mar 2015, 19h03

Um dia após a reintegração de posse do terreno conhecido como Parque Augusta, na região central da cidade, a professora Maria Carla Silva tentou por meio de “ajuda divina” evitar que edifícios particulares sejam construídos no espaço. “Pedi que Deus dê sabedoria para que os empresário tomem consciência e não acabem com a respiração do bairro, que é essa área verde”, contou ela após fazer orações com as mãos nas grades de um dos portões do local. Confira vídeo abaixo.

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No entanto, as preces da professora não parecem ter dado muito certo. Na última quarta (4), a Polícia Militar retirou de lá cerca de 100 ativistas acampados desde 17 de janeiro. Eles pedem a desapropriação do local de 23 700 metros quadrados para a criação de uma área de lazer para a população. 

As construtoras Cyrela e Setin, responsáveis pelo terreno, trataram de apressar o início das obras. No intuito de evitar novas invasões, funcionários foram recrutados nesta quinta (5) para erguer paredes de metal em todo o entorno do terreno e uma equipe de seguranças foi chamada para garantir que o local fique protegido. Além disso, quatro policiais militares foram vistos pela reportagem de VEJA SÃO PAULO em dois pontos diferentes, próximos aos portões de entrada.

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De acordo com Antônio Setin, presidente da incorporadora Setin e porta-voz da Cyrela, as obras internas devem iniciar nos próximos oito meses, após a aprovação do projeto. “Vamos começar pelo bosque. Restauraremos a área verde, que será aberta para o público antes dos prédios, e cuidaremos dos muros e grades”, garante.

Resposta dos manifestantes

Após a reintegração de posse, os manifestantes esperam agora uma resolução judicial para o caso. O Ministério Público (MP) tenta mediar uma negociação de compra do terreno pela prefeitura. O promotor de patrimônio Sílvio Marques propõe a utilização para a compra do parque de 20,6 milhões de dólares (cerca de 60 milhões de reais) que foram devolvidos à administração pelos bancos UBS e Citibank após um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Porém, Setani afirma que a venda é pouco provável. “Vamos destinar mais de 60% da área para uso público e isso equivale a 120 milhões de reais, o dobro do que se propuseram a pagar. Não há necessidade da prefeitura gastar esse dinheiro”, afirma. Segundo a incorporadora, o terreno como um todo vale mais de 240 milhões de reais.

A opinião dos moradores

Lia Zalszupin, vice-presidente da Associação dos Moradores da Consolação, a AMACON, diz que os membros do conselho são contra o investimento da verba da prefeitura na construção do parque. “É insano destinar dinheiro público para um parque que já tem uma solução pronta”, acredita ela, que representa cerca de 3000 habitantes do entorno.

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A aposentada Maria José Vieira da Silva, que vive no prédio em frente à área há 27 anos, relata que os últimos dias de ocupação foram os piores que já viu por ali. Sua principal reclamação se dá em relação ao barulho que os ativistas fizeram enquanto estavam acampados. “Sou a favor de um lugar verde, mas do jeito que estava não dava pra ficar. Então que façam as torres”, reclama.

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Desde 2013, diferentes grupos têm se organizado para impedir as construtoras de erguer as duas torres por lá. Após várias ocupações, as empresas fecharam as portas do parque, situação que foi revertida no início do ano com a ocupação dos ativistas. “Queremos um parque totalmente verde e não oneroso para o poder público”, explicou Daniel Biral, advogado que representa os ativistas. “Este é o momento de solução. São quarenta anos de discussão sobre o que fazer com esse terreno.”

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