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“Deixei de participar de realities por ter depressão”, diz Pocah

Funkeira de letras empoderadas, a ex-BBB se apresenta em São Paulo nesta sexta (14) e fala sobre saúde mental, comunidade LGBTQIA+ e o governo Bolsonaro

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
14 jan 2022, 06h00

Por videoconferência, na noite de segunda (10), a cantora fluminense Viviane de Queiroz Pereira, ou Pocah, que participou do Big Brother Brasil em 2021, falou a VEJA SÃO PAULO. A artista de 27 anos se apresenta na capital paulista nesta sexta (14), no Village Barra Funda. Com tom de voz firme e sorrisão, fez jus à fama de não ter papas na língua. O que, no caso dela, tem a ver com responder sem rodeios a perguntas sobre crises de ansiedade, política no Brasil e orientação sexual. Só faltou revelar quem estará na próxima edição do realiy show da Globo, que começa no dia 17, mas ela disse que não sabe. Será?

Nesta sexta (14), você se apresenta no Marshmallow Festival. Qual é seu sentimento ao pisar no palco pensando na crescente de casos da ômicron no Brasil?

Se eu falar que não tenho medo, não é verdade. Eu tenho, mas meus testes estão em dia. Os das pessoas que trabalham comigo também. É necessário que as pessoas que vão ao show pensem no coletivo, tenham responsabilidade. É preciso se vacinar, pelo amor de Deus. Se testar, usar máscara. Ainda mais pensando que estamos vivendo mais um surto, o de gripe.

E quanto à parte musical? É um evento voltado para a diversidade e com nomes como Gloria Groove, Lexa e Lia Clark…

Eu estou muito animada porque as atrações são maravilhosas e são minhas amigas (risos). No show, vou ter um balé incrível e troca de roupa, com muito brilho. Estou nessa, agora, de muito brilho. Tem também outro ponto. É um festival importantíssimo voltado para a comunidade LGBTQIA+. Eu não só estou ali dando um apoio, como sou parte desse grupo. Sou a “letra B”. Isso está há anos na minha vida, me descobri quando era criança. Hoje, estou noiva de um homem hétero, mas não tem como negar quem eu sou.

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O BBB 22 se aproxima, e as especulações de quem serão os participantes se intensificaram. Você sabe de alguém que vai estar lá?

Sei sim, eu vou falar, tem duas pessoas que tenho certeza…

O Tadeu Schmidt e o Boninho…

(Risos) Isso mesmo.

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E tem alguém que você gostaria que participasse?

Queria muito que a MC Loma fosse. Tem a Camila Loures (youtuber) e também a Tainá Costa (que, junto com MC Mirella e Lara Silva, fez uma parceria com Pocah na última música lançada por ela, Passando o Rodo).

No ano passado, você revelou o diagnóstico de narcolepsia (distúrbio do sono). Como você se sentiu ao ser criticada por dormir muito no BBB?

Depois do fim do programa, cheguei a conversar com alguns participantes sobre isso, um deles foi o Gil. Falei pra ele que achava que tinha gente dentro da casa que dormiu mais do que eu. “Eu tô louca em pensar isso, amigo?”, perguntei. Ele disse que não. Eu ficava muito acordada de noite, mas isso não gerava conteúdo, porque a maioria ficava mais acordada de dia. Às vezes, virava a noite para fazer de manhã o raio x (espécie de diário do confinamento) e não perder 500 estalecas (moeda do jogo). Antes tivesse perdido, porque teria regulado meu sono. Acho que virei meme por dormir em lugares inusitados, na piscina, no chão. Mas não sabia como controlar isso, então aconselho a ler sobre esse distúrbio, vai que você ou um amigo têm.

Você também revelou que sofre de ansiedade. Como foi lidar com isso durante o reality?

Tive várias crises lá, sempre após as provas, quando perdia. Eu chegava a sonhar que ganhava, tamanho era meu desejo de ver minha família. Eu me frustrava muito quando não tinha êxito. Ganhei algumas provas no programa, mas só consegui ser líder bem no final. Teve um caso que eles quebraram o protocolo e mostraram uma das crises que eu tive, no banheiro, chorando. Deixei de participar de muitos realities por saber do meu diagnóstico, tenho depressão e ansiedade. Não é fácil conviver com isso longe da sua base, do seu médico. Foi um desafio muito grande ir para o BBB, mas, mesmo assim, fui, consegui.

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Quando você foi diagnosticada?

Comecei a perceber essa situação quando a minha filha (Vitória, 5 anos) nasceu. Eu estava em uma fase muito difícil. Não achava normal a forma como eu reagia a algumas situações. Não chorava normal, não sabia me expressar. Era algo que estava segurando muito tempo, que, quando eu desabava, parecia que ia morrer. Tinha medo de tudo. Tenho meus traumas, aí junta ansiedade e depressão e você não sabe descrever o que sente. Eu ouvia vozes, tentei suicídio. É pesado. As pessoas diziam: “Você precisa ir a um médico (psiquiatra)”. Mas eu pensava: “Fazer o que lá? Não estou doente, não estou maluca”. Muita gente faz essa confusão, e eu também fazia. A questão é: você não está louca, você só precisa se cuidar.

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Como você está hoje?

2022 já está sendo um ano tão especial que eu nem me sinto narcoléptica. Estou conseguindo acordar cedo todos os dias. Eu me sinto mais leve, mais disposta. É lógico que a gente oscila. Às vezes, você está muito bem e pensa que pode se virar sozinha. Mas isso está errado. Quem tem depressão e ansiedade tem de tratar constantemente as suas doenças. Porque isso vai voltar. Do nada, você pode se afundar.

O que a Pocah de 2022 falaria para a MC Pocahontas, que estourou com a faixa Mulher do Poder, em 2013?

Eu agradeceria, porque se a Pocahontas não tivesse passado por tudo o que passou, a Pocah de hoje, a Pocah do BBB não existiriam.

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Suas músicas tratam do empoderamento feminino. Que mulheres a influenciaram?

Minha mãe é uma delas, mas não é porque é minha mãe. Ela é uma guerreira, tem uma história de vida difícil. A Vera Fischer, com quem ela trabalhou, também foi uma referência. Além de belíssima e inteligente, sempre me estimulou a ser artista.

Viralizou um vídeo de um show seu no Ano-Novo puxando um coro contra o presidente Jair Bolsonaro. Você não sente medo dos haters?

Medo não é a palavra. Eu fico é triste. Meu pai me mandou mensagem esses dias, preocupado, dizendo: “Minha filha, não se mete em política, não”. Sou uma mulher, de 27 anos, formadora de opinião, não posso fingir que está tudo bem, porque não está. O que eu puder fazer para ecoar o que está engasgado na minha garganta, eu vou fazer.

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Publicado em VEJA São Paulo de 19 de janeiro de 2022, edição nº 2772

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