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Cursos de sedução viram moda em São Paulo

Em busca da cara-metade, paulistanos recorrem a dicas de profissionais

Por Alvaro Leme e Maria Paola de Salvo
Atualizado em 5 dez 2016, 19h23 - Publicado em 18 set 2009, 20h34

“Deixe a música inspirar seu jeito de ver o outro”, diz o terapeuta. Começam, então, os primeiros acordes de My Heart Will Go On, pegajosa canção-tema do filme Titanic. Apesar de meio encabulados, quarenta homens e mulheres caminham em círculo pela sala, num flat nos Jardins, trocando olhares. Bem-vindo ao Fast Date (encontro rápido, em inglês), um dos inúmeros métodos alternativos a que os paulistanos solitários têm recorrido em busca de seu grande amor. Ou, pelo menos, de uma companhia para o Dia dos Namorados. “Como no Natal, ficar sozinho nessa data dói mais”, avalia Ailton Amélio da Silva, professor de relacionamento amoroso do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Isso explica por que, conforme se aproxima o 12 de junho, uma profusão de cursos, aulas e palestras se alastra pela cidade, para a alegria de quem ganha a vida como, digamos, auxiliar do cupido.

Um dos mais procurados é o terapeuta paulistano Sergio Savian, 53 anos, dez deles dedicados a gente que não consegue desencalhar ou, quando consegue, troca os pés pelas mãos e acaba levando cartão vermelho logo no início do jogo da conquista. Calcula ter ensinado lições de sedução e afins a 15 000 alunos em cursos que promove uma vez por mês. Savian é engenheiro civil de formação, pós-graduado em comunicação. Sua maior ferramenta, no entanto, é a lábia – parece ser o tipo de sujeito capaz de convencer até o coisa-ruim a rezar o pai-nosso. “Sou bom de papo, sim”, assume ele, que é divorciado, tem uma filha de 28 anos e diz que, veja só, não quer se casar de novo. “Meu negócio é namorar.” Desde abril, promove o encontro mensal Fast Date, que custa 35 reais e tem as modalidades “jovem”, “maduro” e “gay”. Funciona assim: metade dos participantes fica sentada, enquanto a outra troca de cadeira a cada três minutos, e, se rolar interesse, pode-se anotar o contato da pessoa. Sim, é um mico. Mas tem tantos interessados (e, vá lá, solitários) que passará a ser semanal.

Quem também engorda o cofrinho nessa época do ano é a personal sex trainer (você leu isso mesmo) Fátima Moura. “Trabalho até 70% mais com o Dia dos Namorados”, estima. E como é um dia seu na labuta? “O personal trainer molda o corpo”, diz ela, no ramo há catorze anos. “Eu, o comportamento na cama.” Ensina, por exemplo, como vestir uma fantasia de coelhinha sem fazer o namorado cair na gargalhada. Ou, no caso dos rapazes, a largar mão de cantadas esdrúxulas como “quando Deus te desenhou, ele estava namorando”. Pelo preço que cobra, fatura mais do que nos tempos de professora de dança de salão – cada um de seus vinte clientes paga 150 reais por uma hora de aula. Sem contar os oito cursos que ministra. “E pensar que eu ganhava 1 000 reais por mês!”

Pioneira nas lições apimentadas, Nelma Penteado, autoproclamada professora de artes sensuais, conta não ter do que se queixar. “Faturo 40 000 reais por mês”, diz. “Eu me considero uma diva da auto-estima e da felicidade.” Ver a diva de perto custa, em média, 170 reais por pessoa. “Ela recebe até 12 000 reais para dar uma palestra”, conta o maridão e empresário dela, Domingos da Veiga, com quem tem dois filhos. Nelma descobriu esse filão em 1991, quando seu primeiro casamento naufragou. Era proprietária, naquela época, de um salãozinho de depilação, em Guarulhos. Determinada a sair da fossa, resolveu ler sobre sensualidade e sedução, temas que, entre uma meia-perna com cera fria e um buço com cera quente, dividia com as freguesas. “Quando vi, tinha cliente que me procurava só para pedir conselhos”, lembra.

É justamente isso que buscam as pupilas da jornalista e sexóloga Laura Muller, que mensalmente reúne grupos exclusivamente femininos na sex shop Revelateurs, em Moema. “Um terço das mulheres tem dificuldade para chegar ao orgasmo”, afirma ela, que desde maio participa de um quadro no programa Altas Horas, apresentado por Serginho Groisman na Globo. No ar, ela tira dúvidas da platéia sobre mitos e tabus sexuais. Laura é adepta da corrente que defende a educação sexual como disciplina obrigatória no currículo escolar brasileiro. “Enquanto isso não acontece, ainda bem que existem opções de cursos para quem quer aprender sobre esse tema cheio de tabus.”

• Fátima Moura, tel: 3562-0868, https://www.fatimamoura.com.br;

• Laura Muller, tel: 3165-6188, https://www.lauramuller.com.br;

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• Nelma Penteado, tel: 6451-3000, https://www.nelmapenteado.com.br;

• Sergio Savian, tel: 3057-3133, https://www.sergiosavian.com.br.

Dicas da sala de aula

• Escolha roupas que deixem você à vontade, sem exageros. Menos é mais na hora de um encontro.

• Como estão seus dentes? Ninguém quer beijar uma boca com aparência desleixada.

• Não exagere na bebida. É jogo duro suportar bafo de álcool e comportamentos inadequados.

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• Mulheres, lembrem-se de que muitos homens têm fetiche por salto alto.

• O interior de seu carro diz muito sobre você. Se estiver sujo e bagunçado, pode espantar qualquer pretendente.

• Ir em dupla para a balada intimida investidas. Se alguém se aproximar, você pode ficar constrangido de deixar o amigo sozinho. Saia em grupo de três.

• Alguém interessante? Encare fixamente a pessoa por três segundos e logo desvie o olhar. Tente de novo um pouco depois. Se ela retribuir, invista.

• Aprenda o princípio básico do pega-pega: quem corre muito atrás faz o outro fugir dele mais ainda.

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