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“Cópia Fiel” mostra a jornada de uma francesa na Itália

No seu primeiro longa na Europa, diretor Abbas Kiarostami privilegia diálogos e longos planos-sequência

Por Miguel Barbieri Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 18h13 - Publicado em 19 mar 2011, 10h37

Antes ou depois do premiado e controverso “Gosto de Cereja” (1997), o cineasta iraniano Abbas Kiarostami quase sempre manteve o foco nos problemas e no povo de seu país — tanto em ficções, caso de “Através das Oliveiras” (1994), como nos documentários, a exemplo de “10 sobre Dez” (2003). De uns anos para cá, o diretor decidiu radicalizar ainda mais. No dificílimo “Shirin”, de 2008, fez um registro das expressões faciais de uma plateia feminina diante da exibição de um filme romântico. Há algo também de inusitado, complexo, original e bem mais animado no drama Cópia Fiel, que deu a Juliette Binoche o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes do ano passado.

Em sua primeira fita rodada na Europa, Kiarostami acompanha a jornada de uma francesa na Itália. Dona de uma galeria em Arezzo, na Toscana, a quarentona interpretada por Juliette assiste, por vezes distraída, à palestra do escritor britânico James Miller (papel do barítono William Shimell). Trata-se de uma apresentação calorosa sobre as obras de arte e suas reproduções, as tais cópias fiéis. Após um breve encontro em sua loja, a personagem leva James para um passeio no encantador vilarejo de Lucignano. Tudo se passa num único dia. No bate-papo com a dona de um café, a protagonista muda o rumo da trama dizendo ser mulher do escritor. Os diálogos entre eles, antes impessoais e na língua inglesa, passam a ser em francês e atingem esferas mais íntimas.

Quanto há de verdade e mentira no argumento de Kiarostami? Talvez nem mesmo o próprio fosse capaz de revelar. E é justamente sob o signo do insolúvel que faz a brincadeira de “Cópia Fiel” ficar ainda mais curiosa e fascinante. Em formidável jogo de cena, os dois atores (sobretudo Juliette) se desdobram para dar conta de atuações sob longos planos-sequência, uma especialidade do realizador, aqui se reafirmando como um dos mais instigantes do cinema atual.

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