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Conheça novos nomes do design paulistano que vão dar o que falar

Com peças bem-humoradas e materiais alternativos, artistas paulistanos conquistam espaço

Por Alvaro Leme e Gisele Kato
Atualizado em 5 dez 2016, 19h25 - Publicado em 18 set 2009, 20h33

A indústria do design internacional vive um dilema. Se investe em ousadias como xícaras sem asa e cadeiras que viram sofás, assusta a maioria dos consumidores. Por outro lado, quando aposta na produção em série, passa despercebida em prateleiras abarrotadas de produtos quase iguais. Em meio a esse impasse, destacam-se a criatividade e o bom humor de uma geração de designers “made in Brazil” que têm em comum justamente o fato de atuar na fronteira entre a grande escala e a peça única. “Nosso segredo está na raiz artesanal”, diz a crítica de design Maria Helena Estrada, que integra o time de dez curadores recrutados em todo o mundo para montar o livro & Fork (& Garfo, em português), lançado recentemente pela editora inglesa Phaidon.

A publicação, que reúne as 100 grandes promessas do setor, sai cinco anos depois de um primeiro levantamento, Spoon (colher), que virou referência e incluía a dupla estrelada do gênero, os irmãos Fernando e Humberto Campana. Hoje, eles integram o acervo permanente do MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova York, e já têm discípulos entre a turma das páginas a seguir. Não é exagero, portanto, olhar a seleção deste ano como um painel bem próximo do que devemos encontrar nas lojas (e museus, por que não?) em breve. Em comum, os designers dividem o desejo de suavizar o dia-a-dia na cidade. “Chama atenção a quantidade de trabalhos que tentam humanizar o cenário urbano”, afirma Maria Helena. Dos onze escritórios brasileiros escolhidos para o livro, sete são de São Paulo. Todos respondem à rotina na metrópole com uma obra que procura ser descontraída. E com um jogo de cintura capaz de conciliar o comercial e o autoral. Bem do jeitinho que o mercado atual exige.

Do lixo para o shopping

Alexandre Schneider

Carla Tennenbaum e o pufe da linha Festa: 25 a 150 reais

Um passeio pelo Brás mudou a vida de Carla Tennenbaum. Em 1999, ainda estudante de história na USP, ela cursava uma oficina de design com os irmãos Campana e, num passeio com a classe pelo bairro, descobriu o material que se tornaria sua obsessão: o etilvinilacetato, mais conhecido como EVA. “Fiquei chocada com a quantidade de resíduos que iam para o lixo”, conta. Pois é, iam. Pelas mãos dessa paulistana de 28 anos, sobras do emborrachado moídas viram recheio de pufes Festa, como este da foto. Cortadas em forma de rodelas, compõem as espirais da linha Cinética, trabalho que lhe rendeu um prêmio da Unesco, em 2005. “No estado de São Paulo, todo mês, 100 toneladas de EVA são jogadas fora”, estima ela, que reaproveita cerca de 900 quilos em suas criações. A quantidade, porém, deve aumentar nos próximos meses. Carla foi contratada pelo Shopping Villa-Lobos para fabricar 15 000 mandalas de borracha, que serão distribuídas aos clientes como brinde de Natal. “Estamos produzindo a todo o vapor.”

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Entra velho, sai novo

Fernando Moraes

Leo Capote e as cadeiras da linha Colher: 3 000 reais cada uma, sob encomenda

Sabe aquele quartinho de bagunça onde a gente acumula coisas que nunca usa, mas não tem coragem de jogar fora? Na casa do designer Leo Capote, esse lugar é seu escritório de trabalho. Em suas mãos, um ferro de passar roupa vira uma luminária e uma pá de pedreiro, um banco. Anatômico, inclusive. Para ele, as coisas do mundo não passam de formas à espera de uma utilidade prática, na maioria das vezes diferente daquela saída de fábrica. Ex-estagiário dos irmãos Campana, foi num intervalo das tarefas com a dupla, em 2002, que Leo teve seu primeiro insight: confeccionou uma cadeira feita de 150 colheres de inox. Desde então, o paulistano de 26 anos, formado em design pela Unip, só parou de brincar à la Dalí e Picasso para se dedicar a uma temporada como modelo na Europa. Por três anos, desfilou para grifes como Dolce & Gabbana, Kenzo e Issey Miyake. Gostou da experiência, mas sentiu falta da poeira dos ferros-velhos. De volta a São Paulo no ano passado, dedica-se novamente à tarefa de transformar objetos velhos em móveis e apetrechos, o que faz sem nem mesmo esboço em papel. “Meus amigos mandam até vela enguiçada de carro para eu usar como matéria-prima”, conta ele, que fez da peça uma luminária.

O clássico com cara de século XXI

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Agliberto Lima

André Bastos e Guilherme Ribeiro, com as mesas Ligero: 1 110 reais cada uma, na Conceito Firma Casa

Em 2005, o gaúcho André Bastos, hoje com 43 anos, e o carioca Guilherme Leite Ribeiro, 39, curtiam uma espécie de temporada sabática. Isso depois de já terem trabalhado com (quase) tudo, de moda a publicidade. Amigos, resolveram pensar juntos no passo seguinte. Daí saíram as primeiras linhas de móveis e objetos, bacanas e desejados na mesma proporção. A loja Conceito Firma Casa se interessou pelas criações logo de cara. Surgia a dupla Nada se Leva, nome inspirado num filme definitivo para aproximar os dois: a comédia Do Mundo Nada se Leva, clássico de Frank Capra, de 1938. Cultuar um longa assim antigo tem muito a ver com a marca que André e Guilherme acabaram por firmar. Suas peças estão carregadas de referências do passado, de traços renascentistas a rendas barrocas e estampas com alma da década de 50. Mas os materiais que usam são da mais alta tecnologia, como o acrílico cortado a laser das mesas Ligero. Exemplares da série enfeitam hoje o apartamento da cantora Maria Rita, do ator Marcos Caruso e do apresentador Zeca Camargo, entre outros.

Arte tirada do papel

Fernando Moraes

Estante Anéis, de Nido Campolongo: cada círculo com 30 centímetros de diâmetro sai por 100 reais

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Muito antes de os materiais recicláveis virarem febre, Nido Campolongo já apostava em papelão para seus experimentos artísticos. Criado no Tatuapé, onde seu pai mantinha uma oficina de tipografia no quintal de casa, ele começou a se considerar designer aos 27 anos (hoje tem 52), época de seus primeiros projetos. O segredo de seu sucesso é o trabalho, que, apesar de feito com sobras de papelão, tem acabamento impecável. Em sua casa-ateliê, no Pacaembu, quase tudo é de papel – da estante Anéis à mesa Xis (900 reais), passando pela lixeirinha e pelas cortinas. Até o ano que vem, Campolongo pretende pôr de pé casas de 100 metros quadrados todinhas feitas com esse material combinado com argila, que sairiam por 50 000 reais. “Resistem à chuva”, promete. Enquanto não conclui a idéia, dedica-se à instalação que tomará a rampa do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, a partir do próximo dia 20. Trata-se de uma série de caixas de madeira de demolição recheadas de objetos feitos de alumínio, garrafas PET e, claro, papelão. “Quero mostrar o caminho de um objeto durante a reciclagem.”

Os salva-fábricas

Mario Rodrigues

Leonardo Massarelli e Márcio Giannelli, com duas de suas criações: a cadeira Tangran (fora de linha) e a luminária Traquéia, que custa 380 reais

O escritório Nó Design talvez seja, dos apresentados nesta reportagem, o nome mais familiar às indústrias. Leonardo Massarelli, 27 anos, e Márcio Hulk Giannelli, 29, são freqüentemente chamados para melhorar as vendas de empresas de grande escala. Junto com Flavio Barão Di Sarno, 28 anos, que passa temporada na Europa, criaram frascos de perfume para O Boticário e linha de pneus para a Maggion. “Nosso grande prazer é justamente aliar o bom desenho com as necessidades da fábrica”, diz Massarelli. “Para cada encomenda, preparamos três propostas com graus de ousadia diferentes”, afirma Giannelli. Da apresentação ao cliente, sai ainda um quarto projeto, combinando elementos dos anteriores. Sócios desde 2001, os colegas de faculdade (formaram-se pela Faap) desenvolvem, sempre que possível, peças com múltiplas funções, como um tampo de mesa que vira bandeja. “O consumidor adora esse tipo de coisa”, aposta Massarelli.

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Reinventora do passado

Mario Rodrigues

Flávia Pagotti Silva e a poltrona São Luís, com estampa de azulejo: 4 469 reais, na Dpot

Formada em arquitetura pela USP, Flávia Pagotti Silva descobriu que seu destino era desenhar móveis e objetos meio por acaso, durante uma temporada nos Estados Unidos. Foi para o exterior por causa de uma transferência do marido e, como tinha muito tempo livre, começou a desenvolver peças de madeira. De lá, seguiu direto para Londres, onde fez um mestrado em design no Royal College of Art, em 2001. Aos 35 anos, tem agora nas parcerias com a grande indústria seu maior objetivo. “O que domino mesmo é a produção para poucos, quase sob encomenda”, diz. “Mas pretendo aprender logo a trabalhar com escalas maiores.” Enquanto isso, distribui suas criações por lojas de design da cidade como Arango, Zona D e Dpot. Sua casa funciona como uma pequena fábrica, de onde controla fornecedores, prazos e protótipos. Projetos como o da poltrona São Luís, bolada neste ano, surgem em seus momentos de folga. Um dia, olhando distraidamente para uma parede de azulejos antigos, teve a idéia de aplicar a padronagem em um tipo de resina chamado Corian. “Essa combinação entre a tecnologia e o passado está no DNA das minhas peças.”

Luz, câmera… móveis!

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Fernando Moraes

Gerson de Oliveira e Luciana Martins, em frente à estante Bis: 7 700 reais cada uma

“É como ser cineasta e participar do Festival de Sundance”, afirma Gerson de Oliveira, comparando a importância de ser selecionado para o livro & Fork com a mostra americana de cinema independente. Ou seja, não equivale a ganhar um Oscar, mas dá visibilidade e prestígio. Ele sabe do que está falando, pois se formou em cinema. Nas carteiras escolares da USP, aliás, conheceu sua sócia, a paulistana Luciana Martins. Como saíram da faculdade na época de vacas magras do governo Collor – quando a Embrafilme foi extinta –, resolveram mudar de ares. Assim, canalizaram a criatividade para o design. Deu certo. Fundaram há dez anos a Ovo, ateliê que virou loja em 2002, na Vila Olímpia. Ali vendem uma arte descolada e moderna, traduzida em sua obra emblemática, o cabideiro Huevos Revueltos. São bolas de bilhar presas à parede (116 reais cada uma) que, de longe, dão a impressão de que suas roupas estão numa mesa de sinuca. Outra peça que enche os olhos é a estante Bis, dividida em dois módulos iguais, com pequenas diferenças. Mais ou menos como os próprios criadores.

A indústria do design internacional vive um dilema. Se investe em ousadias como xícaras sem asa e cadeiras que viram sofás, assusta a maioria dos consumidores. Por outro lado, quando aposta na produção em série, passa despercebida em prateleiras abarrotadas de produtos quase iguais. Em meio a esse impasse, destacam-se a criatividade e o bom humor de uma geração de designers “made in Brazil” que têm em comum justamente o fato de atuar na fronteira entre a grande escala e a peça única. “Nosso segredo está na raiz artesanal”, diz a crítica de design Maria Helena Estrada, que integra o time de dez curadores recrutados em todo o mundo para montar o livro & Fork (& Garfo, em português), lançado recentemente pela editora inglesa Phaidon.

A publicação, que reúne as 100 grandes promessas do setor, sai cinco anos depois de um primeiro levantamento, Spoon (colher), que virou referência e incluía a dupla estrelada do gênero, os irmãos Fernando e Humberto Campana. Hoje, eles integram o acervo permanente do MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova York, e já têm discípulos entre a turma das páginas a seguir. Não é exagero, portanto, olhar a seleção deste ano como um painel bem próximo do que devemos encontrar nas lojas (e museus, por que não?) em breve. Em comum, os designers dividem o desejo de suavizar o dia-a-dia na cidade. “Chama atenção a quantidade de trabalhos que tentam humanizar o cenário urbano”, afirma Maria Helena. Dos onze escritórios brasileiros escolhidos para o livro, sete são de São Paulo. Todos respondem à rotina na metrópole com uma obra que procura ser descontraída. E com um jogo de cintura capaz de conciliar o comercial e o autoral. Bem do jeitinho que o mercado atual exige.

Do lixo para o shopping

Um passeio pelo Brás mudou a vida de Carla Tennenbaum. Em 1999, ainda estudante de história na USP, ela cursava uma oficina de design com os irmãos Campana e, num passeio com a classe pelo bairro, descobriu o material que se tornaria sua obsessão: o etilvinilacetato, mais conhecido como EVA. “Fiquei chocada com a quantidade de resíduos que iam para o lixo”, conta. Pois é, iam. Pelas mãos dessa paulistana de 28 anos, sobras do emborrachado moídas viram recheio de pufes Festa, como este da foto. Cortadas em forma de rodelas, compõem as espirais da linha Cinética, trabalho que lhe rendeu um prêmio da Unesco, em 2005. “No estado de São Paulo, todo mês, 100 toneladas de EVA são jogadas fora”, estima ela, que reaproveita cerca de 900 quilos em suas criações. A quantidade, porém, deve aumentar nos próximos meses. Carla foi contratada pelo Shopping Villa-Lobos para fabricar 15 000 mandalas de borracha, que serão distribuídas aos clientes como brinde de Natal. “Estamos produzindo a todo o vapor.”

Entra velho, sai novo

Sabe aquele quartinho de bagunça onde a gente acumula coisas que nunca usa, mas não tem coragem de jogar fora? Na casa do designer Leo Capote, esse lugar é seu escritório de trabalho. Em suas mãos, um ferro de passar roupa vira uma luminária e uma pá de pedreiro, um banco. Anatômico, inclusive. Para ele, as coisas do mundo não passam de formas à espera de uma utilidade prática, na maioria das vezes diferente daquela saída de fábrica. Ex-estagiário dos irmãos Campana, foi num intervalo das tarefas com a dupla, em 2002, que Leo teve seu primeiro insight: confeccionou uma cadeira feita de 150 colheres de inox. Desde então, o paulistano de 26 anos, formado em design pela Unip, só parou de brincar à la Dalí e Picasso para se dedicar a uma temporada como modelo na Europa. Por três anos, desfilou para grifes como Dolce & Gabbana, Kenzo e Issey Miyake. Gostou da experiência, mas sentiu falta da poeira dos ferros-velhos. De volta a São Paulo no ano passado, dedica-se novamente à tarefa de transformar objetos velhos em móveis e apetrechos, o que faz sem nem mesmo esboço em papel. “Meus amigos mandam até vela enguiçada de carro para eu usar como matéria-prima”, conta ele, que fez da peça uma luminária.

O clássico com cara de século XXI

Em 2005, o gaúcho André Bastos, hoje com 43 anos, e o carioca Guilherme Leite Ribeiro, 39, curtiam uma espécie de temporada sabática. Isso depois de já terem trabalhado com (quase) tudo, de moda a publicidade. Amigos, resolveram pensar juntos no passo seguinte. Daí saíram as primeiras linhas de móveis e objetos, bacanas e desejados na mesma proporção. A loja Conceito Firma Casa se interessou pelas criações logo de cara. Surgia a dupla Nada se Leva, nome inspirado num filme definitivo para aproximar os dois: a comédia Do Mundo Nada se Leva, clássico de Frank Capra, de 1938. Cultuar um longa assim antigo tem muito a ver com a marca que André e Guilherme acabaram por firmar. Suas peças estão carregadas de referências do passado, de traços renascentistas a rendas barrocas e estampas com alma da década de 50. Mas os materiais que usam são da mais alta tecnologia, como o acrílico cortado a laser das mesas Ligero. Exemplares da série enfeitam hoje o apartamento da cantora Maria Rita, do ator Marcos Caruso e do apresentador Zeca Camargo, entre outros.

Arte tirada do papel

Muito antes de os materiais recicláveis virarem febre, Nido Campolongo já apostava em papelão para seus experimentos artísticos. Criado no Tatuapé, onde seu pai mantinha uma oficina de tipografia no quintal de casa, ele começou a se considerar designer aos 27 anos (hoje tem 52), época de seus primeiros projetos. O segredo de seu sucesso é o trabalho, que, apesar de feito com sobras de papelão, tem acabamento impecável. Em sua casa-ateliê, no Pacaembu, quase tudo é de papel – da estante Anéis à mesa Xis (900 reais), passando pela lixeirinha e pelas cortinas. Até o ano que vem, Campolongo pretende pôr de pé casas de 100 metros quadrados todinhas feitas com esse material combinado com argila, que sairiam por 50 000 reais. “Resistem à chuva”, promete. Enquanto não conclui a idéia, dedica-se à instalação que tomará a rampa do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, a partir do próximo dia 20. Trata-se de uma série de caixas de madeira de demolição recheadas de objetos feitos de alumínio, garrafas PET e, claro, papelão. “Quero mostrar o caminho de um objeto durante a reciclagem.”

Os salva-fábricas

O escritório Nó Design talvez seja, dos apresentados nesta reportagem, o nome mais familiar às indústrias. Leonardo Massarelli, 27 anos, e Márcio Hulk Giannelli, 29, são freqüentemente chamados para melhorar as vendas de empresas de grande escala. Junto com Flavio Barão Di Sarno, 28 anos, que passa temporada na Europa, criaram frascos de perfume para O Boticário e linha de pneus para a Maggion. “Nosso grande prazer é justamente aliar o bom desenho com as necessidades da fábrica”, diz Massarelli. “Para cada encomenda, preparamos três propostas com graus de ousadia diferentes”, afirma Giannelli. Da apresentação ao cliente, sai ainda um quarto projeto, combinando elementos dos anteriores. Sócios desde 2001, os colegas de faculdade (formaram-se pela Faap) desenvolvem, sempre que possível, peças com múltiplas funções, como um tampo de mesa que vira bandeja. “O consumidor adora esse tipo de coisa”, aposta Massarelli.

Reinventora do passado

Formada em arquitetura pela USP, Flávia Pagotti Silva descobriu que seu destino era desenhar móveis e objetos meio por acaso, durante uma temporada nos Estados Unidos. Foi para o exterior por causa de uma transferência do marido e, como tinha muito tempo livre, começou a desenvolver peças de madeira. De lá, seguiu direto para Londres, onde fez um mestrado em design no Royal College of Art, em 2001. Aos 35 anos, tem agora nas parcerias com a grande indústria seu maior objetivo. “O que domino mesmo é a produção para poucos, quase sob encomenda”, diz. “Mas pretendo aprender logo a trabalhar com escalas maiores.” Enquanto isso, distribui suas criações por lojas de design da cidade como Arango, Zona D e Dpot. Sua casa funciona como uma pequena fábrica, de onde controla fornecedores, prazos e protótipos. Projetos como o da poltrona São Luís, bolada neste ano, surgem em seus momentos de folga. Um dia, olhando distraidamente para uma parede de azulejos antigos, teve a idéia de aplicar a padronagem em um tipo de resina chamado Corian. “Essa combinação entre a tecnologia e o passado está no DNA das minhas peças.”

Luz, câmera… móveis!

“É como ser cineasta e participar do Festival de Sundance”, afirma Gerson de Oliveira, comparando a importância de ser selecionado para o livro & Fork com a mostra americana de cinema independente. Ou seja, não equivale a ganhar um Oscar, mas dá visibilidade e prestígio. Ele sabe do que está falando, pois se formou em cinema. Nas carteiras escolares da USP, aliás, conheceu sua sócia, a paulistana Luciana Martins. Como saíram da faculdade na época de vacas magras do governo Collor – quando a Embrafilme foi extinta –, resolveram mudar de ares. Assim, canalizaram a criatividade para o design. Deu certo. Fundaram há dez anos a Ovo, ateliê que virou loja em 2002, na Vila Olímpia. Ali vendem uma arte descolada e moderna, traduzida em sua obra emblemática, o cabideiro Huevos Revueltos. São bolas de bilhar presas à parede (116 reais cada uma) que, de longe, dão a impressão de que suas roupas estão numa mesa de sinuca. Outra peça que enche os olhos é a estante Bis, dividida em dois módulos iguais, com pequenas diferenças. Mais ou menos como os próprios criadores.

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