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Como se portar com civilidade em bares, restaurantes e na internet

Guia da VEJA SÃO PAULO dá dicas de civilidade em tanto no ambiente real como no virtual

Por Alvaro Leme e Edison Veiga
Atualizado em 5 dez 2016, 19h23 - Publicado em 18 set 2009, 20h34

Nos bares e restaurantes – Respeite o ouvido alheio e abaixe o tom de voz. Afinal, quem quer saber se você trocou de carro, que a sua filha acabou de se separar ou que você não agüenta mais o seu chefe? “Dizem que se a gente fala baixo as pessoas à nossa volta fazem o mesmo”, conta a consultora de etiqueta Claudia Matarazzo. “Vale tentar isso num restaurante lotado.” Não dê tapinha nas costas de quem você acabou de conhecer (nem nas de quem você conhece há muito tempo). Trata-se de uma situação corriqueira e bastante desagradável para a vítima. Sim, vítima. Respeite o pulmão do próximo. Só fume em locais permitidos. E jamais acenda um cigarro à mesa enquanto ainda houver alguém comendo. Não reserve mesa para dez pessoas quando na verdade vão seis. “Há lugares nos Estados Unidos e em Paris em que, nos casos de reserva, só deixam o grupo sentar-se depois que todos chegam”, conta Gloria Kalil. É o que vem fazendo o restaurante Fasano, nos Jardins. “Sugerimos sempre ao grupo que aguarde a chegada de todos antes de se encaminhar aos lugares”, afirma o maître-gerente Almir Paiva. Não acenda charutos, exceto em lugares especialmente reservados para isso. Seu cheiro é um incômodo mesmo para fumantes de cigarro. Mantenha todo e qualquer banheiro público (do trabalho, de bares, restaurantes etc.) como se ele fosse o da sua casa. “Tem de enxugar a pia, sim. Senão fica aquela coisa melecada, que vai piorando depois de cada uso”, diz Claudia Matarazzo. “Não importa se você já a encontrou assim: vale limpar.” Não saia dos bares conversando aos berros. Muito menos solte o Fábio Jr. que existe em você depois de alguns drinques. Regras da boa vizinhança- Vizinho barulhento é pior que dor de dente. Para não se estranhar com os seus, evite andar com sapatos de salto, arrastar móveis ou deixar as crianças jogar bola dentro de casa. O horário em que se tolera um tantinho a mais – veja bem, um tantinho! – é entre 10 e 22 horas. Seu prédio tem vagas fixas para estacionar? Use a sua, e só, tomando o cuidado de parar dentro do limite. Carro torto obriga outros moradores a se desdobrarem para usar o espaço ao lado. Em 24 anos de experiência como zelador, Francisco Machado Sobrinho nem se lembra de quantos pepinos teve de resolver por causa da garagem. “Era uma dor de cabeça diária”, conta ele, que é vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios e Condomínios de São Paulo. Um morador está de saída, mas há outro com o carro embicado na entrada. Quem cede a vez? “Não há legislação a respeito”, afirma o advogado Cyro Vidal, ex-diretor do Detran. “Vale a etiqueta.” Gloria Kalil ensina: “A preferência é de quem vai entrar, até para evitar que o veículo atrapalhe o movimento na rua”. Por incrível que pareça, ainda há quem jogue lixo, bitucas de cigarro e bugigangas em geral pela janela. Se acontece muito no seu prédio, vale discutir a implantação de multas, como se fez no Copan. Em 1993, quando o síndico Affonso Celso Prazeres de Oliveira iniciou seu primeiro mandato, contabilizou uma média de até quinze objetos arremessados de cada bloco por hora. No mesmo ano, foi estabelecida a multa de um salário mínimo (hoje 380 reais) para porcalhões pegos em flagrante. “São, no máximo, dez ocorrências por ano”, calcula. “Tem gente que só aprende com a mão no bolso.” Mesmo quem não tem consciência ecológica precisa, sim, respeitar a decisão do condomínio de reciclar latas, vidros e afins. Se não por preocupação ambiental, pelo menos por razões financeiras. O Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, gasta 12 000 reais mensais para se livrar do lixo – e isso porque 15% das 5 toneladas diárias produzidas ali são recicladas. “A despesa seria 30% maior sem a coleta seletiva”, estima a síndica, Vilma Peramezza. Carrinhos de compra – quem nunca ficou fulo ao deparar com um deles abandonado no elevador? – não sabem apertar botão nem andar sozinhos. O mínimo que se pode fazer é devolvê-los ao seu local devido após o uso. Quem falta à reunião de condomínio não tem direito de reclamar depois. Lembre-se de que decisões tomadas nessas assembléias (por mais entediantes que sejam) afetam diretamente sua vida. E, quando você aparecer, não tente se impor no grito. Sobe-e-desce elegante. Cerca de 80% dos 52 000 elevadores instalados em São Paulo – número três vezes maior que o de ônibus nas ruas da cidade – têm 1,5 metro quadrado de área. Esse aperto reforça um conselho unânime entre as consultoras de etiqueta: dentro da cabine, bico calado. O que tem até explicação científica. “As paredes refletem as ondas sonoras, o que faz qualquer ruído parecer até 50% mais alto”, explica Cláudio Furukawa, físico da Universidade de São Paulo. Pelo mesmo motivo, nada de celular. Se você estiver numa de suas seis viagens diárias de elevador (média do paulistano), desligue-o ao entrar ou volte ao saguão para falar. Ninguém é tão importante que não possa esperar até o térreo. Além de ser uma falta de respeito ao próximo, falar ao celular no elevador é uma manifestação de exibicionismo tolo (“Vejam como sou requisitado”), de insegurança e de breguice. É melhor ir de escada depois de passar perfume ou de suar a camisa em atividades físicas. Siga o mesmo caminho para subir ou descer até dois andares. Além de queimar calorias, é ecologicamente correto porque economiza energia elétrica. Nem pense em fumar. No embarque: cumprimente os outros passageiros e não grude nos cantos. “O correto é ficar parado de frente para a porta”, diz a consultora paulistana Célia Leão. Quem entra depois e fica sem canto acaba no meio de uma constrangedora rodinha. E nada de bloquear a porta, um segundo que seja. No desembarque: o cavalheirismo dá lugar à praticidade. Ou seja, sai primeiro quem está na frente, independentemente do sexo ou da idade. Bons modos em tempos modernos – Quer um atestado virtual de paspalho? Então cultive o hábito de mandar por e-mail um cartão musical – para quem não associou o nome à cafonice, trata-se daquelas animações com fotos fofas, decoradas com frases piegas e embaladas por musiquinhas chatérrimas. Mandar correntes, alertas sobre supostos golpes ou teorias conspiratórias em geral é ainda pior: faz todo mundo achar você um mala. Nada de spam. Tudo bem, é superlegal carregar centenas de músicas num tocador de MP3. Mas não caia na tentação de passar o tempo inteiro com o fone no ouvido – quem olha pensa que você é anti-social. “E ainda corre o risco de não ouvir um carro buzinando e ser atropelado, entre outros perigos”, lembra a consultora Celia Ribeiro. Ouvir no trabalho? Só se você for crítico musical ou webmaster. Em lugares fechados, nada de volume alto. Quem está por perto não precisa ouvir música junto com você. E nem vê-lo dançar, caso isso tenha passado pela sua cabeça. Nos programas de mensagens instantâneas via internet (MSN Messenger, Yahoo! Messenger e similares), respeite quando seu amigo colocar “ocupado” ou “no telefone” no status. Também não abuse do recurso de chamar a atenção da pessoa com quem você conversa. E ainda: maneire nos emoticons, aquelas animações que se formam ao digitar determinadas palavras. Celulares que enviam e recebem e-mails. Cuidado, eles podem roubar sua atenção e deixar seu convidado com cara de tacho enquanto você resolve assuntos que poderiam ficar para depois. O mesmo vale para palmtops. “Quem faz uma coisa dessas é, no mínimo, biruta”, afirma a consultora Claudia Matarazzo. “Passa o recado de que a sua companhia era segunda ou terceira opção.” Detalhes que fazem diferença – Não jogue lixo na rua nem objetos pela janela do carro ou do ônibus. Lixo é no LIXO! Pilote com consciência o guarda-chuva numa situação de trânsito intenso nas calçadas. Ande de bicicleta nas ruas ou em lugares destinados a elas. Jamais na calçada. Não se apóie no capô de carros alheios para papear com a turminha. No supermercado, respeite os caixas preferenciais. Se são para maiores de 65 ou até dez volumes, não tente dar uma de espertalhão. Incremente seu vocabulário com palavras indispensáveis, como obrigado, por favor, com licença e desculpe. No céu e na terra – Se o seu vôo vai atrasar, não desconte nos funcionários do balcão da companhia aérea. Eles também são vítimas do caos dos aeroportos. Durante o vôo, não exagere no álcool – mesmo que seja para camuflar seu medo de avião. Não é porque a oferta é constante que você precisa tomar todas. “Principalmente se o passageiro estiver nervoso, estressado e inseguro”, lembra o cardiologista Daniel Magnoni, presidente do Instituto de Metabolismo e Nutrição (Imen). Para evitar vexame e não incomodar os vizinhos, siga três dicas básicas: abuse da água para manter seu corpo hidratado, não misture álcool com calmante e, claro, só beba a quantidade a que você estiver habituado. Além do mais, o efeito da bebida no ar é maior do que em terra. Não seja egoísta. Saiba dividir os apoios para braços das poltronas do avião. Não dá para todo mundo ficar com os dois lados. O ideal seria que os passageiros se orientassem pelo encosto mais próximo da janela. Assim, o do outro lado fica livre para quem está no meio e daí por diante. “De qualquer maneira, o importante é tentar enxergar o outro”, afirma Gloria Kalil. “Se você nota que a pessoa ao seu lado está sem nenhum encosto para os braços e você tem os dois, é de bom-tom ceder um.” Não ocupe assentos preferenciais no ônibus e no metrô. De acordo com lei municipal de 1985, todos os veículos de transporte coletivo devem deixar quatro assentos para idosos, deficientes e grávidas. Em média, reservam oito. Mas nem todos respeitam. “Diariamente vejo gente sentada enquanto há um idoso em pé”, conta Adelson Tavares de Lima, cobrador há sete anos. “Eu costumo ser chato e pedir para que liberem essas poltronas”, diz. “É uma questão de direito e de segurança, já que essas pessoas não têm tanta agilidade para ficar em pé e podem sofrer algum acidente.” O Metrô possui 5 602 assentos preferenciais – 15% do total disponível na frota. Em pesquisa realizada em 2005 com os usuários, apenas 3% disseram que nunca flagraram alguém desrespeitando essas cadeiras reservadas. Respeite a pressa alheia – especialmente nas 479 escadas rolantes do metrô. Trata-se de uma regra implícita levada a sério no metrô de Londres, por exemplo. A maioria dos usuários costuma se manter à direita, deixando a passagem livre para os mais apressadinhos que precisarem correr pelas escadas.

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