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Aflições paulistanas: ciúmes na internet

A web potencializa o comportamento paranoico e reforça a sensação de poder controlar o companheiro

Por Daniel Bergamasco
Atualizado em 5 dez 2016, 16h59 - Publicado em 4 ago 2012, 00h51

No escritório do detetive particular Felipe Lacerda, a maior parte da clientela chega munida de pistas digitais sobre a suposta traição do companheiro. “Trazem fotos do Facebook e até conta de celular”, diz ele. São neuroses em uma época de “perseguição digital”, para usar a expressão da analista do comportamento Regina Wielenska. “Isso se tornou um dos assuntos conjugais mais presentes nas sessões”, conta a profissional. “As pessoas fazem mil deduções sobre o que pode estar acontecendo, e um ‘olá’ de um amigo da namorada numa rede social parece algo suspeito. E aí vem o sofrimento, o dilema se devem perguntar ou não quem escreveu a mensagem, com medo de parecer uma intromissão ou de ouvir a resposta.”

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Especialista em ciúme, o psiquiatra e psicoterapeuta Eduardo Ferreira-Santos diz que a web está potencializando esse comportamento paranoico e reforçando a sensação de que é possível ter controle absoluto do amado. “A pessoa vira uma chata e vai desgastando o relacionamento até o parceiro se sentir vampirizado e não aguentar”, afirma. “O inseguro tem uma autoestima baixa e um amor próprio alto, então se acha o centro do mundo. Entrar nesse jogo só piora: quanto maiores as concessões que o alvo da vigilância fizer, mais o outro vai exigir.”

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