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Casais 24 horas: inseparáveis no lar e no trabalho

Conheça o dia-a-dia de dezesseis parceiros que dividem o mesmo teto e o mesmo escritório

Por Sandra Soares
Atualizado em 6 dez 2016, 09h04 - Publicado em 18 set 2009, 20h34

Amor, hoje jantamos em Paris, né? Uma frase como essa é pronunciada com freqüência pelo casal Pedro Antonio Junior e Paula Verzellesi. Funcionários da TAM, eles integram o time de 600 comissários de bordo que atuam nos vôos internacionais da companhia aérea. Como ambos são chefes de equipe da primeira classe, quase nunca trabalham na mesma aeronave, mas costumam se encontrar nos destinos, onde permanecem por um período de no mínimo trinta horas. Em casa, dormem apenas dez noites por mês, quando estão de folga. A empresa concede descansos conjuntos aos casais. Entre as normas de conduta que eles devem seguir, não podem trocar beijos nem abraços se estiverem uniformizados. No próximo dia 31, Junior e Paula – que no trabalho adota o nome Veni – vão oficializar seu casamento. Ainda não planejaram a lua-de-mel. “A última coisa que queremos é voar”, diz ela. Se depender dele, vão passear pelo interior de Minas Gerais, de moto. “Depois do avião, é a nossa maior paixão.” Ao contrário do que muita gente pensa, eles não são uma pessoa só. Jacques e Janine, os franceses que dão nome à conhecida rede de salões de beleza, com 63 unidades no Brasil e uma em Miami, nos Estados Unidos, já se acostumaram com o espanto daqueles que descobrem que eles formam um casal. “Todo mundo pensa que meu nome é o sobrenome do Jacques”, explica Janine. O nome de família dele é Goossens. Janine também assina o sobrenome desde 1958, quando subiram ao altar depois de apenas três meses de namoro. Pais de duas filhas, confessam que são mesmo “meio misturados”. Fazem tudo juntos e adoram dizer que seu encontro estava traçado pelo destino. Apesar de terem crescido em Paris e de trabalharem em profissões semelhantes – ele é cabeleireiro, ela esteticista –, os dois só foram se esbarrar em São Paulo, onde Jacques acabara de abrir um salão. “Mais tarde descobrimos que na França eu costumava ir a uma igreja cujo pátio dava para a janela do quarto dele”, conta Janine. Fãs da boa mesa, como quase todo francês, freqüentam bistrôs como o Le Vin, onde foi feita a foto à direita. Dos 25 professores que trabalham sob a coordenação do odontopediatra José Carlos Imparato em quatro universidades de São Paulo, 22 são mulheres. Uma delas é sua esposa – a dentista Sandra Echeverria (na foto à esquerda, os dois aparecem numa clínica da USP). “Se eu fosse ciumenta, o casamento não daria certo”, diz ela. Afinal, entre os estudantes da área de odontopediatria, os homens também são raridade. O que realmente incomoda Sandra é outra coisa. “Tenho sempre de me superar, porque vira e mexe alguém insinua que minhas conquistas são favorecidas pelo Imparato.” Por isso, fizeram um acerto: ele nunca vai propor o nome dela para palestras ou projetos. “Sandra é uma excelente profissional”, afirma ele. “Não precisa de mim para fazer a carreira acontecer.” Em casa, o professor continua cercado por mulheres. O casal tem duas filhas: Rafaela, de 4 anos, e Isabela, de 7. A gerente de serviços da IBM Ana Eduarda Nicolozzi costuma se referir ao marido de duas maneiras no ambiente de trabalho. Quando, na conversa com colegas, ela o chama de Nico, tem em mente o profissional. É esse o apelido pelo qual Marcelo Nicolozzi, gerente de vendas do setor financeiro, é conhecido na empresa. Já quando Ana Eduarda usa o nome Marcelo, trata-se de uma menção ao companheiro. “Faço assim para separar esses dois lados dele”, conta. Discretos e reservados, os Nicolozzi criaram o próprio conjunto de regras para o romance corporativo. “Em quinze anos de convivência na IBM, nunca andamos de mãos dadas”, ele garante. Trocar beijos na empresa, então, nem pensar. Casados há catorze anos, eles já namoravam quando chegaram à companhia. Vários de seus amigos são parceiros de trabalho, que costumam participar de animados churrascos na residência do casal. Lá, e apenas lá, Nicolozzi atende por um terceiro nome: Vi. “Eu e a Eduarda costumamos chamar um ao outro assim, carinhosamente”, explica ele. “É um diminutivo da palavra vida.” Tranqüilo em casa, o chef Daniel Redondo mostra seu lado mais exaltado no trabalho. “Dentro da cozinha, ele grita e dá ordens”, diz a também chef Helena Rizzo, que divide com o marido o comando das panelas do restaurante Maní, no Jardim Paulistano. “A equipe às vezes se assusta, mas eu estou acostumada porque fiz um estágio com ele na Espanha. Os catalães são bravos. Só que sei responder à altura.” Redondo e Helena se conheceram quatro anos atrás, durante uma temporada dela no restaurante El Celler de Can Roca, na cidade de Girona, onde ele era chef. Desde 2005 vivem em São Paulo. Como trabalham nos fins de semana, não conseguem mais viajar a dois, uma de suas paixões. “Temos folga apenas às segundas”, conta o marido. Nessas ocasiões, costumam ver filmes em DVD (a foto à direita foi tirada na locadora que eles freqüentam). Se na cozinha do Maní os dois mandam, na de casa é ele quem tem mais poder. Sem problema. Helena não gosta de pilotar o fogão nos momentos de descanso e Redondo, ao contrário, ama. “Aqui não tem confusão. Mas no restaurante já rolaram brigas. Uma vez, ele me xingou dizendo que eu só sei fazer salada.” Ciumentíssimo, o garçom Cleiton Sousa põe o coração à prova todas as noites. Afinal, sua mulher, a hostess Karen Kussaka, uma bela descendente de japoneses, é constantemente alvo de olhares dos freqüentadores do restaurante Shimo, no Itaim Bibi, onde ambos trabalham. Certa vez, um jovem mais atirado tentou beijar a moça à força. Cleiton não pôde fazer nada. “Ela tem de saber se virar, porque eu não posso criar constrangimentos para um cliente”, afirma. “Constrangido fiquei eu. Quando rolou a cena, todos os garçons pararam o que estavam fazendo e se viraram para mim.” Educadamente, a hostess se livrou do engraçadinho. Se a situação provocou uma saia-justa com os patrões? “Que nada”, diz Karen. “Os donos do Shimo são casados e entendem nossa situação porque se conheceram quando eram colegas numa empresa.” Para relaxar depois dessas tensas noites de trabalho, Karen e Sousa vão nadar na piscina do prédio em que moram. Mas ele, é claro, não deixou que ela posasse de biquíni para a foto desta reportagem. Quando Vicente Giffoni e Cecilia Dale se olharam pela primeira vez, ela estava cantando e ele tocava violão. Foi numa festa na casa de amigos. “Pintou um climinha, mas na época ambos estávamos casados”, explica ele. “Só ficaríamos juntos dois anos depois.” O ano era 1989, Cecilia já comandava a empresa de decoração que leva seu nome e Giffoni trabalhava com vendas. Quando resolveram oficializar a união, em 1993, ele propôs tornar-se sócio da mulher. “Fiquei tão apavorada com a idéia que procuramos uma terapeuta de casal”, lembra Cecilia. “Vicente fez a cabeça dela e a minha.” Com a parceria, o negócio cresceu. Hoje, a rede conta com seis unidades. A paixão pela música (Cecilia tem quatro CDs gravados e vez ou outra dá canjas em bares da cidade, como o Baretto, na foto ao lado) ajudou-os a fazer conquistas profissionais. Alguns anos atrás, eles viajaram para as Filipinas para convencer um fabricante de móveis, que fornecia peças a um concorrente, a tornar-se parceiro deles. “Descobrimos que ele adorava João Gilberto”, conta Giffoni. “Arranjamos um violão, demos um show de bossa nova, e tudo acabou bem.” Certa vez, durante uma reunião com um cliente, a produtora executiva Ana Helena Curti ouviu críticas ao trabalho de seu marido, o arquiteto Pedro Mendes da Rocha. “Eu o interrompi e contei que era casada com o Pedro, mas disse que ele não precisava se intimidar com isso”, lembra, divertida. “Falei que mesmo eu lhe faço restrições de vez em quando.” Sócios na produtora arte3, responsável por projetos como o do Museu da Língua Portuguesa, Ana Helena e Mendes da Rocha são o típico caso dos opostos que se atraem. Ela é agitada, workaholic, dorme no máximo cinco horas por noite e cuida da parte financeira dos projetos. Ele dorme no mínimo oito horas, evita tratar de questões profissionais fora do escritório e é calmo. “A maior diferença é que eu sou uma pessoa de criação e ela, de execução”, diz o marido. “Quando há atritos, é porque ele cria coisas quase impossíveis ou muito caras”, completa Ana Helena. Os desacordos são resolvidos sem drama – por exemplo, em partidas de bilhar domésticas. Isso, claro, se ela não tiver levado para casa uma pilha de documentos para ler.

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