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Casa das Rosas se prepara para a reabertura após dois anos de reforma

Casarão histórico na Avenida Paulista foi fechado em outubro de 2021 para reparos e recuperação das características originais do imóvel

Por Mattheus Goto
Atualizado em 24 out 2023, 16h30 - Publicado em 22 set 2023, 06h00
Fachada renovada da Casa das Rosas.
Fachada renovada da Casa das Rosas. (Flávio Florido/Veja SP)
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Um lugar queridinho dos paulistanos voltará a funcionar no próximo mês. Após dois anos de reforma, a Casa das Rosas abrirá novamente no dia 28 de outubro. O edifício de quatro pavimentos estava fechado para um restauro estrutural das marcas de deterioração, como infiltrações, desgaste de revestimentos do piso, parede e teto e problemas hidráulicos e elétricos. As obras tiveram um custo estimado em 4,2 milhões de reais, dos quais 80% vieram do Fundo de Defesa de Direitos Difusos do Ministério da Justiça e 20%, do governo estadual [após a publicação da reportagem, o governo informou que custeou 100% das obras].

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Hall principal da Casa das Rosas.
Hall principal da Casa das Rosas. (Flávio Florido/Veja SP)
Vitral sobre as escadas.
Vitral sobre as escadas no corredor principal da Casa das Rosas. (Flávio Florido/Veja SP)

Mais do que simples reparos, a intenção foi recuperar características originais do imóvel tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). Essa atenção pode ser vista nos papéis de parede dos cômodos, que receberam um trabalho detalhado à mão para reproduzir os desenhos antigos.

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Houve também uma preocupação em instalar recursos de acessibilidade e reconstituir o acervo do poeta Haroldo de Campos (1929-2003), símbolo do movimento concretista brasileiro, que dá nome à casa. Durante as obras, os mais de 20 000 itens históricos foram transferidos à sede da Poiesis — Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura, que gere o espaço. Eles voltam a ocupar o subsolo do endereço na Avenida Paulista, agora mais protegidos — foi escavada uma vala em torno da construção a fim de promover segurança ao acervo e impedir a umidade do solo.

Sala no térreo da Casa das Rosas.
Sala no térreo da Casa das Rosas. (Flávio Florido/Veja SP)
Terraço no primeiro andar da Casa das Rosas.
Terraço no primeiro andar da Casa das Rosas. (Flávio Florido/Veja SP)
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Renovado, o espaço ressurge com uma proposta de programação cultural ampla, de modo a explorar as intersecções da literatura com outras linguagens da arte. Em um primeiro momento, a exposição Vivências do Novo ocupará os dois primeiros andares do casarão. O térreo vai contar a história da casa, do restauro e da avenida. No primeiro andar, quinze artistas contemporâneos terão espaço para apresentar trabalhos sobre a cidade e o conceito de urbanidade.

“Um dos focos do novo projeto é a própria casa, porque ela também é um acervo”, afirma Marcelo Tápia, diretor da Casa das Rosas. “Temos como conceito o papel da casa como um testemunho das transformações, já que ela resiste em uma avenida que mudou muito e reflete o processo de transformação urbana, cultural e social, porque era uma casa de elite que agora é pública.” Posteriormente, uma mostra de longa duração será inaugurada, além de outras exposições temporárias.

Quarto no primeiro andar da Casa das Rosas, que vai virar 'auditório' para eventos.
Quarto no primeiro andar da Casa das Rosas, que vai virar ‘auditório’ para eventos. (Flávio Florido/Veja SP)
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Banheiro rosa no primeiro andar da Casa das Rosas foi conservado de modo a ser exposto como acervo histórico.
Banheiro rosa no primeiro andar da Casa das Rosas foi conservado de modo a ser exposto como acervo histórico. (Flávio Florido/Veja SP)

Construída em 1935 pelo escritório de Ramos de Azevedo, a Casa das Rosas abrigou membros da família até 1986, quando foi vendida ao empresário Mário Pimenta Camargo e ao arquiteto Júlio Neves, que construíram um edifício comercial no terreno de modo a arcar com os custos da preservação do imóvel. Em 1991, ela foi desapropriada e passou a funcionar como uma galeria de artes plásticas, até ser fechada para reformas, em 2001. Três anos depois, foi reinaugurada como Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, e assim continua.

A longo prazo, a ideia é que a Casa das Rosas se consolide como um centro cultural e de tendências. “O lugar é um ponto de confluência da literatura e da poesia para pessoas da periferia”, diz Clóvis Carvalho, diretor-executivo da Poiesis. “É uma referência de época nesse grande e importante eixo da cidade, a Avenida Paulista”, afirma Marília Marton, secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo. “Para a cultura na capital, o restauro é um marco importante”, ela completa.

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À frente do novo projeto da Casa das Rosas: Marília Marton, Clóvis Carvalho e Marcelo Tápia
À frente do novo projeto: Marília Marton, Clóvis Carvalho e Marcelo Tápia (Flávio Florido/Veja SP)

Publicado em VEJA São Paulo de 22 de setembro de 2023, edição nº 2860

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