Guinchamento de carros quase triplica nos últimos quatro anos

A prefeitura apertou o cerco contra motoristas que estacionam em local proibido; veja o ranking das vias com maior número de reboques ocorridos em 2017

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 jan 2018, 06h00 - Publicado em 12 jan 2018, 06h00
Imagem mostra carro em cima de caminhão de guincho
Carro apreendido no Tatuapé (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Por volta das 18 horas do dia 21 de dezembro, enquanto o movimento aumentava na pequena Rua Caraguataí, situada atrás do Shopping Metrô Tatuapé, na Zona Leste, um guincho contratado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) entrava em cena para remover rapidamente um veículo estacionado em local proibido.

A pressa tinha uma explicação: o carro atrapalhava a passagem de automóveis, ônibus e motos que utilizam a via, de apenas dois quarteirões, para escapar da paralela Radial Leste, quase sempre congestionada na hora do rush.  Cinco minutos depois, o Citroën C4 prata, com placa de Carapicuíba, na região metropolitana, estava em cima do caminhão.

A remoção, a poucos dias do Natal, não consistiu em uma ação isolada. Na mesma rua, entre janeiro e agosto do ano passado, 123 veículos estacionados irregularmente tiveram destino idêntico. Somente na esquina com a Bom Sucesso foram 63 reboques. A Pedro de Toledo, na Vila Mariana, figura como campeã da categoria, com 176 remoções (confira a relação abaixo).

Nos últimos tempos, o número de guinchamentos na cidade cresceu 177%. Passou de 611 casos por mês, em 2014, para uma média de 1 694 a cada trinta dias até agosto do ano passado. Em nota, a CET explica que a escalada se deve a um contrato assinado em 2014. O acordo aumentou o número de veículos rebocadores. Hoje, são 59 viaturas disponíveis, ante menos de vinte na época.

A remoção se dá em casos de estacionamento proibido, como veículos parados em cima de faixas de pedestres, muito próximos a esquinas, na contramão, em fila dupla, em frente a calçadas rebaixadas, fora dos horários permitidos etc. Priorizam-se as situações nas quais a segurança e a fluidez estejam mais comprometidas.

Para recuperar um automóvel recolhido, o proprietário deve desembolsar 616 reais, 195 reais pela infração (considerada grave, gera cinco pontos na carteira) e 50 reais pela diária no pátio. Caso o carro tenha algum débito, como IPVA ou licenciamentos atrasados, o valor precisa ser quitado à vista. Enquanto o imbróglio não se resolve, a estadia vai correndo.

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Nabil Akram Bachour Guinchamento de carro
Bachour, no Tucuruvi: alertas na porta de casa (Alexandre Battibugli/Veja SP)

“Meu veículo acabou em um leilão”, queixa-se um engenheiro paulistano que pediu para não ser identificado. Em dezembro, ele tentou na Justiça um parcelamento da dívida, na casa dos 7 000 reais. “Não consegui, e meu Toyota Corolla 2008, que valia 25 000 reais, foi arrematado por 16 000”, esbraveja. “Pior que parei só por um minuto próximo à Avenida Paulista.”

A justificativa usada pelo condutor é ouvida quase todos os dias pelo advogado Nabil Bachour, de 40 anos, morador há três décadas da Rua Baraqueçaba, no Tucuruvi, próximo à estação do metrô e ao shopping que levam o nome do bairro. “Certa vez, não consegui sair da minha casa porque havia um carro estacionado perto da garagem”, reclama.

Embora estreita e repleta de sinalização de parada proibida, a via é frequentemente utilizada por condutores que não dão importância aos avisos. Em 2017, foram 44 reboques ali. Bachour chegou a colocar faixas na porta de sua residência alertando para a presença constante da CET. “Não funciona. Os infratores arrancam os cartazes e estacionam do mesmo jeito.”

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Também não é por falta de aviso que os motoristas que param irregularmente na Rua Madalena, na Zona Oeste, são multados. Nos fins de semana, é praticamente certa a presença de fiscais no pedaço. “Eu oriento, digo que o guincho pode chegar a qualquer momento, mas o pessoal acha que sou chato”, afirma o aposentado João Pagano, de 88. “Quando eles voltam e veem o cavalete, nos acusam de ter chamado a prefeitura.”

Ali, houve 71 reboques nos oito primeiros meses de 2017. Uma média de oito por mês. “Reclamam muito de uma suposta indústria da multa, mas esse problema não ocorreria se as pessoas cumprissem a lei, respeitando a sinalização”, afirma o consultor em planejamento de tráfego Marcos Bicalho.

Não pare na pista

As vias com maior número de reboques ocorridos no ano passado*

1º Rua Pedro de Toledo (Vila Mariana) > 176

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2º Avenida Doutor Enéas de Carvalho Aguiar (Clínicas) > 124

3º Rua Caraguataí (Tatuapé) > 123

4º Rua do Bosque (Barra Funda) > 113

5º Rua Fidalga (Vila Madalena) > 107

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6º Rua Apucarana (Tatuapé) > 95

7º Rua Casa do Ator (Itaim Bibi) > 91

8º Avenida Doutor Cardoso de Melo (Itaim Bibi) > 86

9º Rua Martins (Butantã) > 77

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10º Rua Madalena (Vila Madalena) > 71

*Dados de janeiro a agosto de 2017

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