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Isolamento de Rodrigo e dobradinhas de rivais marcam debate na TV Globo

Haddad e Tarcísio nacionalizaram debate e se valeram de tabelinhas para fustigar tucano com críticas; atual governador virou alvo também de Elvis e Poit

Por Clayton Freitas
Atualizado em 28 set 2022, 01h48 - Publicado em 27 set 2022, 21h10

Além de mais uma vez nacionalizar o debate eleitoral, Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) usaram a tática de isolar ao máximo Rodrigo Garcia (PSDB) durante o encontro na TV Globo na noite desta terça-feira (27) e início da madrugada de quarta-feira (28). Ao mesmo tempo, aproveitaram as suas falas para fazer seguidas críticas ao tucano e a João Doria (PSDB), de quem Rodrigo foi vice.

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Em três dos quatro blocos o tucano foi o último escolhido para responder as perguntas. Haddad não o escolheu para responder nenhuma pergunta. A situação provocou nítido incômodo no atual governador. O mais latente foi no quarto e último bloco, quando ele, visivelmente irritado, disparou contra Haddad. “Fernando Haddad não tem coragem de fazer pergunta diretamente a mim. Tem medo”, disse. Em seguida ele criticou a gestão do petista à frente da prefeitura de São Paulo, e ainda afirmou que Haddad tinha medo de enfrenta-lo por saber que perderia num eventual segundo turno. “Você sabe que o PT vai perder”, afirmou.

Embora outras pesquisas já tenham indicado que Rodrigo de fato venceria qualquer um dos candidatos caso fosse ao segundo turno, a sondagem do Ipec contratada pela TV Globo e divulgada nesta terça-feira revela que Haddad na verdade venceria o tucano num eventual segundo turno por 41% a 38% das intenções de voto. Haddad é o atual líder das pesquisas, com 34%. Tarcísio aparece com 24%, e Rodrigo tem 19%.

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Tarcísio e Haddad, na tentativa de relacionar os seus nomes a de seus padrinhos; respectivamente Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acabaram por trocar farpas e defender as realizações de cada um dos governos.

Em um dos momentos, Haddad lembrou que com o governo Lula, o país crescia 4% ao ano, contra o 1% atual, e ainda criticou várias medidas adotadas por Bolsonaro. Em resposta, Tarcísio disse que o atual governo teve que desfazer “as lambanças do PT”. Haddad depois lembrou Tarcísio de que ele integrou o governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

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A polarização levou a um comentário de Rodrigo. “Vocês estão vendo a briga política aqui instalada: um pendura no Lula, e outro pendura no Bolsonaro e ninguém pensa em São Paulo”, disse.

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A fala desdobrou em resposta dos rivais, em momentos distintos. Tarcísio disse que não estava criticando São Paulo, mas sim a gestão do tucano. “Eu não estou falando mal de São Paulo. Estou criticando a sua gestão”, disse Tarcísio. Em outro momento, Haddad afirmou que a única coisa em que ele concordava com Tarcísio era que ambos consideravam que Rodrigo fazia um mal governo.

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O isolamento de Rodrigo foi tal que ele foi preterido nas perguntas até por Elvis Cezar (PDT). No primeiro bloco, o pedetista disse que faria a sua pergunta para Vinicius Poit (NOVO), entretanto, ele foi alertado pelo apresentador, o jornalista César Tralli, de que Cezar só poderia dirigir a sua pergunta ao tucano.

Em mais de uma vez Haddad fez dobradinha com Cezar para disparar críticas contra Rodrigo. Em uma delas, no segundo bloco, quando a pergunta foi sobre meio ambiente, Cezar quis saber de Haddad qual era a sua política para a despoluição do rio Tietê, no que o petista lembrou que a mancha de poluição aumentou 40%. Quando foi a vez de Haddad perguntar, ele escolheu Cezar para responder.

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O tucano chegou a tentar fazer uma dobradinha com o pedetista, porém, o tiro saiu pela culatra. Ao questionar Cezar a respeito do que achava da “briga política” entre Haddad e Tarcísio, Rodrigo ficou irritado já que o pedetista citar o irmão do atual governador, Marco Aurélio Garcia, condenado por lavagem de dinheiro na máfia dos fiscais do ISS. Sem poder comentar, o tucano aproveitou uma outra pergunta para pedir respeito a Cezar.

Tarcísio também foi alvo de tentativas de ataques de Rodrigo. O tucano lembrou Tarcísio de que ele foi condenado pela Justiça eleitoral por divulgar um número errado de obras de responsabilidade do estado paradas. E também criticou o ex-ministro da Infraestrutura dizendo que as obras que ele disse ter feito em São Paulo eram só projetos. “Você vê que o Tarcísio fala, fala, mas as obras dele é tudo de papel”, disse.

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Em uma das perguntas sobre os baixos investimentos do governo Bolsonaro no estado, Elvis Cezar escolheu Tarcísio para responder. Ele abriu a pergunta com algo que já virou meme, o fato do candidato do Republicanos ter dito que ele não se lembrava do local onde votava. “Fica tranquilo que não vou perguntar onde você vota”, afirmou o pedetista. Visivelmente desconfortável, Tarcísio rebateu dizendo que “esquecer local de votação, a gente até esquece, o que não dá é para esquecer das pessoas.”

Debate
Debate (TV Globo/Reprodução)

Terceiro bloco

Ao responder ao atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) durante o debate ao governo do estado na TV Globo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que não estava falando mal de São Paulo, mas sim da gestão do tucano.

”Fiz e fiz muito [pelo estado]. Diferentemente de você que chegou agora”, disparou Rodrigo. “Eu não estou falando mal de São Paulo. Estou criticando a sua gestão”, disse Tarcísio em seguida.

O terceiro bloco foi marcado mais uma vez por dobradinhas de Haddad com Elvis Cezar (PDT) para bater em Garcia. “Eu só concordo em uma coisa com Tarcísio. Você fez um mal governo”, disse Fernando Haddad (PT) a Rodrogi Garcia (PSDB) ao responder pergunta de Elvis Cezar (PDT).

Segundo bloco

No segundo bloco do debate ao governo do Estado de São Paulo, Fernando Haddad (PT) afirmou que não privatizará a Sabesp, em pergunta sobre meio ambiente feita por Elvis Cezar (PDT), que abordou a situação do rio Tietê.

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“No último ano, a mancha de poluição no Tietê aumentou nada menos que 40%. E o governador vem a público dizer que o rio Pinheiros está despoluído”, afirmou o petista.

Elvis, por sua vez, afirmou que limpará o rio Tietê se for eleito. Na fala dos dois candidatos sobrou críticas ao governo estadual.

Em um embate paralelo, entre Garcia e Tarcísio de Freitas (Republicanos), o tucano foi novamente fustigado, porém, se saiu melhor ao revidar as críticas em uma pergunta sobre obras em São Paulo. Ele lembrou que Tarcísio foi condenado pelo TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) ao dizer que o governo estadual tinha mais de 800 obras paradas, porém, menos de 200 são de responsabilidade do estado.

Primeiro bloco

Isolado e novamente alvo de críticas, o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) afirmou que Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) “só concordam para falar mal de São Paulo”.

“Eu sei como a gente não vai resolver os problemas de São Paulo, deixando essa briga política vir para São Paulo. Haddad e Tarcísio só concordam para falar mal de São Paulo”, disse.

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Antes disso, ele foi alvo tanto de críticas dos quatro demais participantes.

O candidato que abriu o debate foi Tarcísio, que dirigiu a sua pergunta a Haddad. Haddad afirmou que, no governo Lula, o país crescia cerca de 4% ao ano, contra 1% atualmente. Tarcísio respondeu que o atual governo teve que desfazer as “lambanças do PT”.

Ao perguntar para Tarcísio, o petista disse que ele era o único que defendia o governo Bolsonaro.

O primeiro bloco teve início às 22h30, os candidatos responderam a temas livres, dentro do que quiserem abordar, que também será feito no terceiro bloco. O candidato que pergunta terá trinta segundos para questionar o seu adversário, e, depois da resposta, poderá comentar por um minuto. Já o escolhido para responder terá dois minutos e trinta segundos que podem ser divididos entre resposta e tréplica.

O debate terá um total de quatro blocos. No segundo bloco e quarto blocos os candidatos respondem a temas predeterminados pela produção do debate. Ao final, cada um deles fará as suas considerações finais.

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Disputa acirrada

A pesquisa Ipec encomendada pela TV Globo e divulgada na noite desta terça-feira aponta novamente Haddad à frente das intenções de voto, com 34%. Em seguida aparece Tarcísio, com 24%, e Rodrigo, com 19%.

No comparativo com a sondagem anterior, divulgada no dia 21 de setembro, percebe-se  que Haddad manteve-se com os mesmos 34%, e evolução de dois pontos percentuais de Tarcísio, que aparecia com 22%, e de um ponto percentual de Rodrigo, que contava com 18%. Se antes era possível afirmar que havia empate técnico na margem de erro e dois pontos percentuais (para ambas as direções), isso não ocorre agora, já que Tarcísio se isolou em segundo lugar.

A sondagem ouviu 2 000 pessoas, entre sábado (24) e segunda-feira (26).  Ela constatou ainda que Altino Júnior (PSTU), Antonio Jorge (DC),  Carol Vigliar (UP), Edson Dorta (PCO), Elvis Cezar (PDT), Gabriel Colombo (PCB) e Vinicius Poit (Novo), têm 1% cada.

Os brancos e nulos agora somam 7% (eram 10%), e 9% (antes 10%) não souberam responder.

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