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Alunos de 11 a 13 anos sofrem mais com o bullying

Atualmente, a internet se tornou a principal arena para esse tipo de violência

Por Maurício Xavier (colaboraram Flora Monteiro e Nathalia Zaccaro)
Atualizado em 5 dez 2016, 17h25 - Publicado em 3 fev 2012, 23h50

Há dois anos, inspetores do Colégio Vértice notaram que um aluno do ensino fundamental II sumia durante o recreio. Intrigados com a história, eles foram investigar o caso e descobriram que o menino se escondia no banheiro para fugir das provocações de colegas mais velhos. “Era um garoto com ar intelectualizado que sofria com a amolação, mas demoramos a perceber. É difícil detectar, às vezes as vítimas andam apenas com um sorriso amarelo no rosto”, conta o diretor Adilson Garcia. Apesar de o tema ter entrado para o centro dos debates nos últimos anos, os jovens ainda demonstram muita dificuldade para lidar com a diversidade. Na pesquisa de VEJA SÃO PAULO, 40% dos entrevistados disseram já ter sofrido com bullying. “São atos covardes, de uma geração que se relaciona pela intolerância. Tenho medo de que essas pessoas se tornem fascistas”, afirma o coordenador da área de humanas do ensino médio do Colégio Nossa Senhora de Sion, Marcello Sarraino Fonseca.
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Para aumentar a complexidade da questão, a arena onde se pratica esse tipo de violência não é mais o pátio, mas a internet. Estima-se que 60% dos estudantes já foram agressores ou vítimas de ciberbullying, uma variedade mais perigosa que a tradicional porque persegue a criança fora da escola, quando ela liga o computador em casa. “Um caso frequente é o da garota que envia imagens de conotação sexual para alguém de confiança, mas o material se espalha e ela passa a ser perseguida e, em muitos casos, até precisa mudar de colégio, tamanha a humilhação”, explica o pediatra Aramis Antonio Lopes Neto, autor do livro “Bullying — Saber Identificar e Como Prevenir”.
Alguns estabelecimentos criaram disciplinas para lidar com o preconceito, caso do Colégio Franciscano Pio XII, que oferece uma aula semanal de prevenção e cidadania do 6º ao 9º ano — a faixa mais atingida pelo bullying é entre 11 e 13 anos. As escolas municipais também registram casos de abuso, mas numa proporção menor. “Cerca de 95% dos estudantes com deficiência estão na rede pública, e mais diversidade ajuda a reduzir o problema”, diz o secretário de Educação, Alexandre Alves Schneider.
 
 O que eles dizem
“Tem uma menina que sempre tentam jogar ela na lata do lixo porque vai para a escola com calça do Restart: até eu zoei.”9º ano do ensino fundamental, escola pública
“Todo mundo usa cabelo no estilo do Neymar, se aparecer com o corte do Justin Bieber vai apanhar.”9º ano do ensino fundamental, escola pública
“Na minha sala tem um menino que anda meio torto, o pessoal ri e ele fica chateado, mas é só brincadeira.”9º ano do ensino fundamental, escola particular
“Eu não me meto, mas também não faço nada para impedir, senão posso virar a vítima do bullying.”9º ano do ensino fundamental, escola particular
“O que dá mais problema é roupa. Se você for com o sapato furado ninguém perdoa, vão te zoar na certa.”9º ano do ensino fundamental, escola pública
“Tinha uma menina gordinha na minha turma e uns meninos ficavam esbarrando nela de propósito. Ela teve depressão profunda, pensou em se matar.”3º ano do ensino médio, escola particular

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