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Bruno Covas perde poder e prestígio na gestão Doria

O político, que chegou a ser apontado como o futuro prefeito, deixou a Secretaria das Prefeituras Regionais

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 3 nov 2017, 06h00 - Publicado em 3 nov 2017, 06h00
O prefeito João Doria e vice, Bruno Covas: mudança na Secretaria das Prefeituras Regionais (Charlos Sholl/Estadão Conteúdo)
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Desde que venceu as eleições, João Doria prometia que seu colega de chapa não teria papel decorativo. Por isso, entregou a Bruno Covas um dos cargos de maior visibilidade, a Secretaria das Prefeituras Regionais. Com orçamento anual de 500 milhões de reais, ela cuida de programas como o Cidade Linda.

Quando o chefe gozava o auge da popularidade entre os paulistanos e começou a sonhar com a candidatura à Presidência, o vice passou a ser tratado pelos companheiros de alto escalão do governo como o futuro prefeito. Animado com as perspectivas e de bem com a vida, perdeu 18 quilos, adotou barba rala, cabeça raspada, pele bronzeada e roupas descoladas. Em agosto, tirou doze dias de folga para dar uma esticada com amigos até a Croácia. Em outubro, engatou turnê de duas semanas por Paris.

Esse cenário promissor, no entanto, mudou radicalmente nas últimas semanas. Na quarta passada (1º), o político, que é neto de Mario Covas (1930-2001), perdeu a poderosa secretaria. Foi substituído na função pelo advogado Cláudio Carvalho, ex-CEO da construtora Cyrela, que ocupava o cargo da agora extinta Secretaria de Investimento Social. O vice assume a recém-criada Secretaria da Casa Civil e dividirá com Julio Semeghini, da Secretaria de Governo, a tarefa de coordenação política.

Cidade Linda
Ação do Programa Cidade Linda (Bruno Rocha/Foto Arena/Veja SP)

Uma recente pesquisa do Datafolha mostrou que 32% dos paulistanos aprovam a atual gestão, queda de 9 pontos desde junho. Entre os motivos para o desencanto está justamente a zeladoria urbana, até então tarefa do vice. Dados do Tribunal de Contas do Município apontam declínio de 37% nos gastos com a drenagem de bueiros e córregos, e de 16% com a manutenção de vias públicas, de janeiro a julho. As reclamações ao serviço de tapa-buraco lideram o ranking da ouvidoria municipal, com 89 000 chamadas só nos três primeiros meses.

Essas e outras derrapadas já haviam provocado a queda do braço-direito de Covas, o secretário adjunto Fabio Lepique, há duas semanas. Oficialmente, Doria diz que mudanças são normais no mundo empresarial, como gosta de comparar. “Eu e meu vice temos uma relação de igualdade, continuamos juntos”, garante. Covas também minimiza a troca: “Quem apostar que estamos divididos vai perder”.

Mas, nos bastidores, assessores fazem insinuações sobre descontentamento com uma suposta falta de comprometimento do vice. As viagens para a Europa o impediram de comandar a prefeitura mais vezes. Em três ocasiões, o presidente da Câmara, Milton Leite, assumiu a metrópole devido à ausência simultânea de Doria e Covas.

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Claudio Carvalho
Cláudio Carvalho: aposta em recapeamento de avenidas importantes (Bruno Rocha/Foto Arena/Veja SP)

Cláudio Carvalho é visto como um gestor experiente no setor privado. Seu principal trunfo na pasta de Investimento Social, responsável por gerenciar doações à prefeitura, foi reunir mais de 50 milhões de reais destinados à construção dos Centros Temporários de Acolhimento para moradores de rua. Ao assumir a nova missão, anunciou o recapeamento de 3,5 milhões de metros quadrados de ruas a partir deste mês. “Daremos preferência às vias maiores, para melhorar a percepção das pessoas em relação à cidade”, afirma.

Foi a quinta mudança no secretariado em dez meses. No mesmo período, seu antecessor, Fernando Haddad, promoveu apenas uma alteração — Antonio Donato pediu demissão em novembro de 2013 após ser acusado de corrupção na Máfia do ISS (a investigação foi arquivada por falta de provas). Para pessoas próximas, o troca-troca tem a ver com o perfil de Doria, que sempre se mostrou intolerante com qualquer lentidão no trabalho. Em tempos de popularidade em baixa, essa impaciência aumentou. Sobrou para Covas.

Dança das cadeiras

As pessoas que deixaram a gestão em 2017

Secretaria de Desenvolvimento Social – 17 de abril
Saiu: Soninha Francine
Entrou: Filipe Sabará

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Secretaria de Direitos Humanos – 24 de maio
Saiu: Patrícia Bezerra
Entrou: Eloisa Arruda

Secretaria de Trabalho – 8 de julho
Saiu: Eliseu Gabriel
Entrou: Aline Cardoso

Secretaria do Verde e Meio Ambiente – 18 de agosto
Saiu: Gilberto Natalini
Entrou: Eduardo de Castro

Secretaria das Prefeituras Regionais – 1º de novembro
Saiu: Bruno Covas
Entrou: Cláudio Carvalho

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