Confronto entre PM e usuários de drogas causa pânico no centro
Confusão começou na Cracolândia, no início da tarde desta quarta-feira (10); comerciante relata arrastão e prejuízo de 50 000 reais
Uma operação envolvendo a Guarda Civil Metropolitana (GCM) e a Policia Militar (PM) para atender a uma ocorrência de roubo de celular na Cracolândia causou tumulto e corre-corre no centro no início da tarde desta quarta-feira (10).
O caos começou por volta do meio-dia, quando policiais militares foram acionados pela GCM, que atendia a ocorrência de no local. Revoltados, usuários de drogas e traficantes armaram duas barricadas com fogo em pneus na entrada da Alameda Dino Bueno e da Rua Helvétia, para impedir a entrada da polícia. A Avenida Rio Branco também chegou a ser interditada. Os policiais usaram bombas de gás-lacrimogêneo e os usuários revidaram com paus e pedras.
Duas horas depois, ao menos trinta lojas estavam com as portas fechadas devido a arrastões que ocorriam na região. O funcionário Jair Santana, da Loja Som Tropical, na Avenida Duque de Caxias, disse que dezenas de usuários invadiram o estabelecimento. Eles levaram violões, guitarras, baixos, teclados, entre outros itens. “Não houve tempo de fechar a loja, foi muito rápido”, disse ele a VEJA SÃO PAULO. Santana estima um prejuízo de 50 000 reais. “Graças a Deus não saímos feridos”. Veja a entrevista:
Dois carros foram incendiados no tumulto. Um grupo chegou a invadir um ônibus e a cobradora, que teve de descer às pressas, acabou se machucando. A vitrine da drogaria Nova Duque, na Praça Princesa Isabel, foi quebrada, e um fotógrafo teve o equipamento roubado. Uma escola de música próximo a Rua dos Gusmões também foi saqueada. Flautas, violinos, a chave de um carro e bolsas com documentos foram levados.
O prédio do Programa Recomeço, na Rua Helvétia, que presta assistência médica aos usuários, foi evacuado e fechado.
“Quem estava na rua naquele momento foi saqueado, eram mais de cem pessoas vindo para cima”, disse um policial, sem se identificar. Estima-se que pelo menos cinquenta pessoas foram roubadas pelas ruas.
Dois suspeitos foram presos na ação e encaminhados ao 77° Distrito Policial, do Campos Elíseos.
No fim de semana, um corpo foi encontrado na região da Cracolândia com as mãos amarradas por fita adesiva e diversos ferimentos. Ele seria de Bruno de Oliveira Tavares, de 34 anos, auxiliar da empresa Restart, de remoção clínica e psiquiátrica. O rapaz teria ido ao local para tentar resgatar uma usuária de drogas, a pedido da mãe dela.