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Sem auxílio emergencial, estariam saqueando supermercados, diz Russomanno

Candidato a prefeito pelo Republicanos nega estar abatido com quedas nas pesquisas e não se arrepende de se aproximar de Bolsonaro

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
13 nov 2020, 06h00

Candidato a prefeito pelo Republicanos, o deputado federal Celso Russomanno nega abatimento com queda nas pesquisas, não se arrepende de colar em Bolsonaro e promete liberar propaganda em ônibus.

A exemplo das duas últimas eleições, sua candidatura começou na frente, mas foi ficando para trás pesquisa após pesquisa. A que o senhor credita esses altos e baixos?

Sou o mais atacado de todos. A quantidade de fake news contra mim é absurda. Temos conseguido derrubar algumas, mas é humanamente impossível cercar tudo. Outra questão é que minha campanha é a mais humilde de todas. Fechei a última parcial em 1 milhão de reais. O Boulos, por exemplo, tem muito mais. O Bruno (Covas) já gastou 16 milhões de reais.

Já jogou a toalha, então?

Lógico que não. A gente já tinha noção de que haveria uma queda. De qualquer forma, nosso tracking (pesquisa interna) mostra que estamos bem na periferia. Vamos ter muito voto lá. Estive hoje (segunda, dia 9) em Paraisópolis e quase não consegui andar, de tanta gente querendo tirar foto. Tirei mais de 500. Você acha que eu tenho queda de voto?

É o que as pesquisas apontam.

De acordo com nosso tracking, estamos com 18% (das intenções de voto) e no segundo turno. Em 2018, os institutos colocaram o Eduardo Suplicy (PT) na frente, mas o Major Olimpio (PSL) teve o dobro de votos para o Senado.

Há quatro anos o senhor foi chamado de anti-Uber, após declarações contra o aplicativo. Agora, quais são seus planos para as empresas de transporte e de entrega?

Falei com o sindicato de motoristas de aplicativos. Hoje existem mais de vinte plataformas diferentes e eles querem que exista um cadastro único. Outra solicitação é que possam rodar em dias de rodízio. Sou a favor, pois cada carro de aplicativo tira das ruas vinte, trinta veículos particulares. Também estive com os taxistas, que me pediram para liberar a publicidade nos táxis, como meio de aumentar a remuneração deles. Sou favorável a achar mecanismos que possam baratear os transportes, inclusive nos ônibus.

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De quanto estamos falando?

Não tenho um valor, mas isso é perfeitamente possível.

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Pretende flexibilizar a Lei Cidade Limpa?

Hoje há a proibição de publicidade nos ônibus municipais. Mas os intermunicipais, que entram e rodam na cidade, continuam fazendo propaganda, assim como os caminhões que transportam refrigerante e estampam as marcas na carroceria inteira. Está errado. Não pode fazer, mas pode fazer, entendeu?

Como seria a retomada das aulas em sua gestão na prefeitura?

As aulas têm de voltar, mas com cuidados, com critérios de higiene e com testes. Não entendo como São Paulo, o epicentro da pandemia no país, não comprou testes em alta escala. Seria uma forma preventiva. É a mesma história de quem tem pressão alta. Quanto custa o remedinho, 5 reais? E quanto custa a UTI, 2 500 por dia? Em sessenta dias de internação, o custo de 150 000 reais comportaria a compra de quantos remédios preventivos?

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O Campo de Marte é objeto de uma interminável ação judicial entre prefeitura e União. Após um acerto entre o ex-prefeito João Doria e o então presidente Michel Temer, a atual gestão federal barrou a retomada da área pelo município. Quais seus planos para o local?

Vou fazer uma consulta popular. É uma discussão que tem de ser feita com a sociedade e de forma democrática. As pessoas vão decidir.

Mas não seria papel do prefeito decidir pelo povo que o elegeu? Qual seria seu desejo?

Não tenho desejo próprio. A sociedade tem de decidir o que é melhor. As imposições de cima para baixo são tristes. Quer um exemplo? Estive recentemente com representantes da associação de moradores da Vila Leopoldina. Eles não querem a saída da Ceagesp de lá. Querem banheiros limpos, querem tomar sopa, se divertir.

É a mesma associação que não aceita a construção de centenas de moradias populares na Avenida Imperatriz Leopoldina.

Se há associações que não querem isso ou aquilo, pois podem prejudicar seu espaço, elas precisam entender que o bem comum é melhor que o bem de meia dúzia.

O seu plano de governo prevê levar empregos para a periferia, reduzindo deslocamentos e custos. De que forma isso seria possível?

Vou dar um exemplo. Pegue seu celular e ligue para o call center da empresa de telefonia. O atendente terá sotaque de Minas Gerais ou do Nordeste. As empresas foram embora da cidade. Ninguém suporta o imposto que São Paulo cobra. Precisamos criar incentivos para empresas se instalarem na periferia, estimulando o comércio local.

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“Preferi me aliar publicamente ao Bolsonaro a esconder o pai de todos, o Doria, como fez o Bruno Covas.”

Que tipos de incentivo?

Pode ser por meio de redução de ISS e IPTU. Outra alternativa de geração de emprego é pela construção de casas da Cohab, que deixou de atender as famílias de baixíssima renda. Elas até podem pagar uma prestação, mas não têm como dar o valor da entrada. Conversei com muitas pessoas que foram parar na rua por falta de oportunidade como essa que queremos dar. São Paulo é o epicentro da pandemia. Se não fosse o auxílio emergencial, estariam saqueando supermercados.

De quanto será o auxílio paulistano, sua promessa de campanha? E de onde virá a receita?

Não temos o valor ainda. Os recursos virão dos juros da dívida municipal com a União, hoje em 3,8 bilhões de reais, e que serão renegociados pelo presidente Jair Bolsonaro.

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Mas, se haverá uma renegociação da dívida, os recursos deverão demorar para ser liberados para o caixa da prefeitura e depois para a conta dos cadastrados, não?

A renegociação pode ser em trinta dias. Existe vontade política para isso, pois já conversei com o presidente. Além disso, como houve outras renegociações desse tipo, não há a necessidade de criar uma lei específica.

Por falar no presidente, a queda do senhor nas intenções de voto ocorreu após a entrada dele na sua campanha. Ele foi pé frio?

(Risos) Não. É importante estar alinhado com o presidente da República. Aliás, o único aqui em São Paulo alinhado com o Bolsonaro sou eu. Assumi a responsabilidade de trazê-lo e sei que ele trará votos e rejeição. Preferi fazer assim a esconder o pai de todos, o Doria, como fez o Bruno Covas.

A sua atuação na TV nas questões de defesa do consumidor gera críticas de que o senhor humilha algumas pessoas. Como vê essas afirmações?

Fui para as ruas na pandemia fazer a fiscalização com o Procon contra os espertinhos de plantão. A gente pegava as notas e via que as margens de lucro, que eram de 30%, 35% antes, iam para 60% ou 100%. Fizemos um grande trabalho de conscientização.

Um comerciante que vendia botijões de gás pede na Justiça uma indenização de 25 000 reais do senhor. Ele alega que foi constrangido e nega aumento de preço. E há outros processos parecidos.

A (petição) inicial (na Justiça) dele é muito fraquinha, não tem amparo legal. Vamos ganhar esse processo.

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Publicado em VEJA São Paulo de 18 de novembro de 2020, edição nº 2713

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