Ato pede justiça por morte de ambulante
Luiz Carlos Ruas, 54, foi espancado até a morte, após tentar ajudar moradores que eram ameaçados por dois homens
Uma manifestação promovida por ativistas LGBT e religiosos tomou conta da estação de metrô Dom Pedro II na tarde desta terça (27), com o objetivo de reivindicar justiça pela morte do ambulante Luiz Carlos Ruas. O homem foi espancado até a morte na noite de Natal por dois homens, após tentar ajudar uma travesti e um homossexual, ambos moradores de rua, que estavam sendo ameaçadas por eles.
“Foi um ato para mostrar nossa indignação e cobrar por respostas”, disse o padre Julio Lancelotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua, movimento da Arquidiocese de São Paulo. “Queremos também propor que a estação ganhe o nome de Luiz Carlos Ruas e vamos formalizar isso até sexta-feira (30)”. Na data, foi agendada via Facebook outro protesto no local. O evento conta com 3 200 pessoas interessadas.
Segundo o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade), os homens continuam foragidos, mas um advogado já se apresentou para defendê-los alegando “desentendimento”. “Estamos trabalhando para capturá-los o quanto antes”, disse. Há trinta policiais na busca dos foragidos.
“O advogado quer ignorar o fato de que houve uma clara execução para dizer que foi uma briga entre eles”, critica o padre que deixou a manifestação na estação e se dirigiu para a entrada do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), no centro, para cobrar novas respostas da polícia.
Com a ajuda de imagens de câmeras de segurança da estação (veja vídeo abaixo), a polícia identificou os suspeitos Alípio Rogério Belo dos Santos, 26, e Ricardo Nascimento Martins, 21, primos, que tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça. Familiares viram as imagens e procuraram a polícia.
O vídeo mostra o ambulante correndo e caindo próximo à bilheteria, onde é espancado com socos e chutes, com o uso de um soco inglês. A dupla de agressores vai embora deixando Ruas desmaiado. Na sequência, eles retornam e o agridem novamente. A ação toda durou quase dois minutos.
Os seguranças do metrô apareceram somente depois para prestar os primeiros socorros e o conduziram para o pronto-socorro Vergueiro. Não havia nenhum agente na estação Dom Pedro II, os que surgiram se deslocaram das vizinhas Sé e Brás para atender a ocorrência.
Segundo a polícia, os homens moram próximos um do outro e consumiram alto teor de álcool. Um deles estaria muito aborrecido, após discussões com a esposa. O outro teria ameaçado uma vizinha.