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Quatro permanecem detidos após protesto violento

Polícia tentou impedir a chegada de manifestantes até a Avenida Paulista e houve confrontos. Secretaria de Segurança Pública pretende apurar supostos abusos

Por Veja São Paulo
Atualizado em 5 dez 2016, 15h54 - Publicado em 13 jun 2013, 17h28

Segundo um balanço divulgado pela Polícia Militar na manhã desta sexta (14), 232 pessoas foram detidas durante a manifestação que ocupou as ruas Consolação e Augusta e as avenidas Paulista e Angélica na noite de ontem. No total, 228 detidos foram soltos hoje, no período da manhã, e quatro permaneceram no 2º DP do Bom Retiro. Eles foram encaminhados para o centro de detenção do Tremembé e respondem por crime de formação de quadrilha, sem direito a pagamento de fiança. Outros dez manifestantes detidos no protesto realizado no dia 11 podem ser soltos ainda hoje, segundo informações da delegacia.

A quarta passeata contra o aumento da tarifa de transportes públicos, que reuniu cerca de 5 000 pessoas e 900 homens da polícia, de acordo com a PM, começou pacífica e se transformou em um cenário de guerra na região central.

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Muitos confrontos entre policiais e manifestantes foram registrados para tentar impedir a chegada do protesto à Avenida Paulista, que foi bloqueada nos dois sentidos. A Secretaria de Estado da Segurança Pública vai investigar supostos abusos por parte dos policiais durante o protesto.

À frente das manifestações, o Movimento Passe Livre distribuiu folhetos pedindo para os participantes evitarem confrontos com a polícia e alertando sobre agentes infiltrados. Eles também convocaram para mais um ato na próxima segunda (17), às 17h, em frente ao Metrô Faria Lima, no Largo da Batata.

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Os manifestantes, que se concentraram inicialmente em frente ao Teatro Municipal, no centro, seguiram em direção à Paulista quando foram reprimidos pela PM, que montou uma barricada na esquina das ruas Consolação e Caio Prado para manter o grupo na Praça Roosevelt. Com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, a polícia evitou a passagem. Motoristas que estavam dentro dos carros ficaram assustados com a ação. 

Apesar de gritarem “Sem violência!”, houve novos confrontos entre manifestantes e policiais na Rua Augusta, de onde seguiram pela Rua Bela Cintra até a Consolação. Na via, um grupo foi cercado pela cavalaria da polícia. Parte deles sentou no chão, para tentar bloquear a rua, mas foram reprimidos novamente com bombas de efeito moral. Dispersos, boa parte da passeata seguiu para a Avenida Angélica, em Higienópolis, onde novo confronto dispersou o protesto. Revoltados, alguns manifestantes atearam fogo em lixeiras. 

Um grupo menor de manifestantes chegou à Avenida Paulista, pela Rua Bela Cintra, por volta das 21 horas. Novos confrontos foram registrados. As estações do metrô Paulista, Consolação, Trianon e Brigadeiro foram fechadas e depois liberadas. Passageiros relataram que cerca de 200 pessoas ficaram presas na  estação Consolação e muitos passaram mal devido ao forte cheiro de gás das das bombas lançadas na região. 

O tenente-coronel da PM Marcelo Pignatari acusou os manifestantes de iniciarem os confrontos. “Se o movimento fosse ordeiro, ele chegaria à Paulista. A Polícia Militar só teve que atuar porque houve, em algum momento, quebra da ordem, atos de vandalismo, de agressão aos policiais ou de dano ao patrimônio público e privado.”  O militar não soube precisar quais desses atos iniciou as agressões.

Até as 23h, policiais continuavam contendo a manifestação de pequenos grupos na região da Avenida Paulista.

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O prefeito Fernando Haddad reiterou, em nota divulgada pela Prefeitura,que o reajuste da tarifa de ônibus de São Paulo não será revisto. Haddad também repudiou a violência durante os protestos na cidade.

O início

O grupo de manifestantes deixou a Praça do Patriarca, em frente ao Teatro Municipal, por volta das 18h. Além dos estudantes, desta vez foi possível encontrar entre os manifestantes pessoas da classe média alta e até mesmo famílias. Para simbolizar a paz, pessoas distribíram flores. O político Plinio de Arruda Sampaio (PSOL) foi ao ato. “Estou aqui porque é uma luta justa.”

Policiais militares revistaram manifestantes com mochilas para tentar encontrar facas, pedras, fogos de artifício e, até mesmo, coquetéis molotov. Os participantes foram retirados da Praça Ramos de Azevedo e levados para a Praça do Patriarca, na região central. Por causa dos possíveis conflitos, o comércio da região fechou mais cedo.

De acordo com a página oficial do Movimento Passe Livre no Facebook, um centro cultural independente montou em seu espaço um posto de primeiros socorros para ajudar os manifestantes. “Organizamos aqui na Matilha Cultural um pequeno posto de atendimento de primeiros socorros, com enfermeiros voluntários, vinagre, curativos e água. Quem participar da manifestação e precisar de abrigo para se recuperar ou chamar ajuda pode contar com a gente: Rua Rêgo Freitas, 542, pertinho da Igreja da Consolação/Praça Roosevelt.” 

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Protestos

Esta é a quarta manifestação promovida pelo Movimento Passe Livre nos últimos dias. Em dois deles, participantes entraram em confronto com a Polícia Militar. 

Na última terça-feira (11), o grupo com cerca de 10 000 participantes saiu da Avenida Paulista. A confusão começou no Terminal Parque Dom Pedro II. Apesar do bloqueio, alguns participantes conseguiram entrar. Segundo a PM, eles tentaram atear fogo em veículos. Com isso, homens do Choque e da Força Tática revidaram com bombas de efeito moral, balas de borracha e gás de pimenta.

Os manifestantes se dividiram em dois grupos – um que subiu a Brigadeiro Luís Antônio e deixou um rastro de destruição com agências bancárias e lixeiras depredadas, e outro que foi fortemente reprimido pela Força Tática na Praça da Sé. Por volta das 21h30, os dois grupos se reencontraram na Avenida Paulista, onde foram novamente dispersados pela polícia com uso intenso de gás lacrimogêneo.

A Estação Trianon Masp foi danificada, com o prejuízo calculado em 36 000 reais. No episódio, a polícia deteve dezenove pessoas e oito policiais militares ficaram levemente feridos. 

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O soldado Wanderlei Paulo Vignoli foi agredido por manifestantes quando prendia um rapaz que tentava pichar uma das paredes do Tribunal de Justiça de São Paulo. “A manifestação é algo previsto e permitido na Constituição Brasileira. Eu entendo o porquê das passeatas, mas não a violência delas”, disse Vignoli.

Causa 

Os protestos começaram logo após o reajuste da passagem de ônibus, metrô e trens de R$ 3,00 para R$ 3,20, no domingo (2). A tarifa não sofria alterações desde janeiro de 2011. A cota de junho para estudantes já será calculada com base no valor de R$ 1,60, o equivalente à metade do novo bilhete.

Publicada no Diário Oficial do último dia 25 de maio, a decisão do prefeito Fernando Haddad decretou um reajuste de 6,67%. Se fosse aplicada a inflação do período, a tarifa cheia chegaria a R$ 3,40.

O Ministério Público de São Paulo tentou negociar um prazo de 45 dias de trégua entre manifestantes e o poder público, mas não houve acordo. 

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Preocupação

A Anistia Internacional demonstrou preocupação com os protestos e pediu uma solução pacífica. Em nota, a organização demonstrou apreensão com o discurso das autoridades, que sinalizaram com a “radicalização da repressão e a prisão de jornalistas e manifestantes, em alguns casos enquadrados no crime de formação de quadrilha”. No texto, o movimento se posicionou contra a depredação do patrimônio público e os conflitos. 

Um Tumblr foi criado para reunir as fotos dos feridos no protesto.

 

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